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NÃO AO ASSÉDIO

Movimento pressiona criação de CPI para apurar assédio sexual em São Paulo

Um movimento em defesa da investigação sobre a prática de assédios na capital paulista, reúne centenas de entidades e movimentos sociais

No transporte coletivo as mulheres sofrem com homens que chegam a tocar fisicamente em mulheres - Imagem: reprodução Freepik
No transporte coletivo as mulheres sofrem com homens que chegam a tocar fisicamente em mulheres - Imagem: reprodução Freepik

Jair Viana Publicado em 21/08/2023, às 15h52


Servidores do Ministério Público de São Paulo e de mais de 100 entidades vão à Câmara Municipal, nesta segunda (21), para apoiar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os casos de assédio moral e sexual praticados na cidade de São Paulo. O Ministério Público é um dos locais onde a prática é recorrente, segundo o próprio procurador de justiça do Estado, Mário Sarrubo.

O assunto foi alvo de reportagem do Diário de S.Paulo no dia 12 de junho, quando em entrevista exclusiva, o procurador geral de justiça, Mário Luiz Sarrubo admitiu a prática, observando que a instituição oferece instrumentos de apoio aos funcionários vítimas.

O tema gerou polêmica e até o corregedor geral do Ministério Público, Motauri Ciocchetti Souza, em videoconferência, pressiona uma servidora, vítima de assédio moral e sexual a citar nomes de duas promotoras de justiça que teriam pedido para que ela deixasse a denúncia de lado. Em nenhum momento, durante a videoconferência, Motauri Cicchetti pergunta o nome do assediador.

Além dos casos de assédio, servidores do MP convivem com o trauma pelos suicídios registrados no local de trabalho. No período de um ano, segundo dados divulgados poe Mário Sarrubo, foram três suicídos de servidores. Um deles se atirou do próprio prédio da instituição.

Nesta segunda, 21, os servidores vão o auditório Sérgio Vieira de Mello, na Câmara, pressionar pela instalação da CPI que pretende apurar os casos de assédio registrados no MP.

COMBATE AO ASSÉDIO

O mandato coletivo Bancada Feminista do PSOL lançará, nesta segunda (21), um manifesto pedindo que a Câmara Municipal de São Paulo aprove a instalação de uma CPI para investigar o assédio sexual contra mulheres na cidade. Mais de 100 entidades, movimentos e personalidades públicas já assinaram o manifesto.

A bancada do mandato feminista do PSOL está coordenando o movimento desde que os dados de uma pesquisa motraram que os casos de assédio na cidade estão fugindo do controle. Segundo a pesquisa “Viver em São Paulo: Mulheres”, da Rede Nossa São Paulo/IPEC, a cada 3 mulheres, 2 já sofreram assédio em São Paulo. Os lugares onde as mulheres se sentem mais vulneráveis são o transporte público, as ruas e bares e casas noturnas.

A Bancada Feminista recolheu assinaturas com o objetivo de dar força ao manifesto com associações, entidades, coletivos, frentes, grupos de estudos, ONGs e movimentos. Parlamentares das três esferas de poder, do PSOL, PT e PCdoB também já aderiram, além de personalidades como a atriz Samara Felippo e Luiza Brunet, que estará no lançamento.

O assédio sexual contra mulheres é uma epidemia na cidade de São Paulo. Queremos a realização de uma CPI para entender a profundidade do problema, avaliar o que a atual gestão tem feito e, principalmente, para propor políticas públicas que combatam essa violência contra as mulheres", resume Silvia Ferraro, covereadora do mandato coletivo Bancada Feminista do PSOL.

Na terça-feira, uma comissão vai entregar o abaixo-assinado para o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (União).

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