Os membros amputados foram enviados pelo hospital em uma caixa de papelão
Vitória Tedeschi Publicado em 10/10/2022, às 15h00
No último domingo (9), os familiares do pedreiro Deonir Teixeira da Paixão, de 46 anos, viveram momentos angustiantes ao receberem do hospital, em uma caixa de papelão, as pernas amputadas dele, na cidade de Paraíso do Tocantins, no Tocantins.
O homem estava em uma motocicleta com a namorada quando sofreu um acidente na entrada da cidade. Ele perdeu uma das pernas ainda no local, e a outra precisou ser amputada no hospital.
Na caixa ainda, como se não bastasse, havia um pedaço de fita com a seguinte mensagem:
Membro inferior direito sem o pé e membro inferior esquerdo com o pé. Obs: falta um pedaço da perna direita também".
Em nota oficial, a Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins disse que houve uma "falha na comunicação" no descarte dos membros.
A pasta lamentou a situação e disse que, em casos similares, há uma empresa responsável pelo descarte, mas "a equipe multiprofissional não soube explicar o trâmite à família, que decidiu levar os membros".
De acordo com o g1, a família informou que foi chamada durante a noite à unidade de saúde para assinar um termo e ficar com os membros.
"O hospital nos entregou em mãos. Disseram que se a gente não recebesse para enterrar eles iriam descartar no lixo hospitalar. Não avisaram nada de que iriam enterrar ou incinerar tudo direitinho. Aproveitaram da fragilidade do filho, do irmão, que acabaram de passar por uma situação muito grave. Muito constrangedor isso aqui", disse uma sobrinha que preferiu não ser identificada.
A família foi até uma funerária, mas o funcionário afirmou que, em 14 anos de serviço, nunca tinha visto algo parecido e não sabia como proceder.
Ainda segundo o g1, os membros foram levados ao cemitério de Paraíso do Tocantins na manhã desta segunda-feira (10), mas não foram enterrados por causa da ausência de documentos exigidos para um sepultamento.
Em entrevista ao Terra, o advogado Josenir Teixeira explicou que, por lei, o membro amputado não recebe um "atestado de óbito", documento exclusivo para designar a morte de uma pessoa. A orientação do Ministério da Saúde para esses casos é que o médico elabore um relatório, descrevendo o procedimento que foi realizado.
Existem, assim, basicamente dois destinos para o órgão amputado: o mais comum é que o próprio hospital encaminhe o membro para incineração. No entanto, se o paciente desejar, pode ele mesmo providenciar o sepultamento da parte. Para isso, é necessário um documento emitido pela unidade de saúde.
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