Diário de São Paulo
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CLIMA TENSO

Escola do Ministério Público diz que servidores reclamam por estarem "adoecidos" e "sem sentido"; clima pesado

O clima entre os servidores e o Ministério Público de São Paulo é cada vez mais tenso

O presidente do Sindisemp, Anselmo Diniz, diante de tudo que já foi denunciado, usa a estratégia do silêncio - Imagem: reprodução portal do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado de São Paulo
O presidente do Sindisemp, Anselmo Diniz, diante de tudo que já foi denunciado, usa a estratégia do silêncio - Imagem: reprodução portal do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado de São Paulo

Jair Viana Publicado em 02/09/2023, às 11h39


Para o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que tem como chefe o procurador geral de justiça,  Mário Luíz Sarrubbo, servidores que estão insatisfeitos tem como motivo, o tédio e a doença. Em material do curso da Escola Superior do MP o texto afirma que os integrantes da instituição "... sabiam de antemão qual seria seu salário e quais seriam suas finções(sic)...".

O material divulgado aos alunos da ESMP, faz críticas aos servidores que reclamam dos baixos salários, do acúmulo de funções, do assédio moral e sexual e da falta de assistência à saúde. Promotores e procuradores têm auxílio saúde que ultrapassa os R$ 5 mil. Os servidores recebem R$ 700 para cuidar da saúde.

Na última sexta (25), o procurador Mário Sarrubo regulamentou um novo penduricalho ao salário de promotores e procuradores. Ele garantiu que cada um desses agentes públicos tenham mais R$ 10 mil em suas remunerações. Trata-se do auxílio acervo. A resolução deixou o clima mais tenso entre os servidores.

O Ministério Público paulista enfrenta uma fase de problemas. No período de um ano, segundo o próprio procurador, o órgão registrou três suicídios de servidores. Os casos de abusos moral e sexual também rondam o ambiente.

Uma funcionária relatou que sofreu assédio moral na instituição, pois trabalhou em um ambiente onde os chefes faziam pressão, além de impor uma sobrecarga de trabalho incompatível para a função que desenvolvia.

Ela contou que quase todos os funcionários que trabalhavam em determinado setor ficavam doentes.  "Não havia para quem denunciar, porque todos os órgãos de denúncia tinham membros (promotores ou procuradores) que deviam alguma coisa". Quem os enfrentasse poderia ser colocado à disposição (ser transferido de local de trabalho) ou poderia ser processado (Processo Administrativo Disciplinar), disse a servidora.

O presidente do Sindicato dos Servidores do Ministério Público de São Palo, Anselmo Deniz Campos Junior, foi insistentemente procurado pela reportagem para falar sobre a situação vivida pela categoria. Ele ignorou todas as mensagens enviadas em seu aplicativo.

Segundo servidores, Anselmo é próximo do procurador geral de justiça, Mário Srrubbo. Os servidores dizem que a entidade nunca se manifesta e nem faz reivindicações. Entre a cotegoria o sindicato e o presidente são chamados de "samambia", numa referência à planta que serve de enfeite.

MATERIAL ENVIADO A ALUNOS

"Nas instituições públicas busca-se ser útil para a sociedade, não ficar rico com o trabalho. No Ministério Público, isso é evidente. Seus integrantes sabiam de antemão qual seria seu salário e quais seriam suas funções. Mas por que temos integrantes infelizes, desmotivados, entediados e adoecidos?

Porque lhes falta um sentido. Embora saibam da importância do Ministério Público para a sociedade, alguns integrantes se desconectaram porque não encontraram sentido naquilo que fazer na instituição com o que gostariam de fazer individualmente".

O Ministério Público foi procurado pela reportagem e não obteve resposta sobre a nota em que diz que os servidores entediados e "adoecidos", mas a instituição não se manifestou.

NOTA DA ESCOLA SUPERIOR DO MP

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A nota foi enviada com exclusividade ao Diário de S.Paulo / Imagem: ESMP
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