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De Olho na Cidade, por Fábio Behrend

A guerra dos tucanos e as “sobras de caixa” do legislativo

Alesp - Imagem: Divulgação / Rede Alesp
Alesp - Imagem: Divulgação / Rede Alesp
Fábio Behrend

por Fábio Behrend

Publicado em 29/12/2023, às 07h33


Guerra tucana

O racha no PSDB de São Paulo aumenta a cada dia. Agora são três grupos distintos. O primeiro é formado pelos 8 vereadores e alguns secretários de governo, tropa que vai ficar ao lado do prefeito Ricardo Nunes no ano que vem, dentro ou fora do partido. O segundo grupo defende candidatura própria, cortejou Andrea Matarazzo e agora tenta convencer Rodrigo Garcia a disputar a eleição, o que faria o PSDB abandonar Ricardo Nunes. Já o terceiro grupo começou a agir recentemente nos bastidores, é mais eclético e busca trazer novos filiados ao PSDB, principalmente lideranças de partidos como MDB e União Brasil, descontentes por terem ficado sem espaço na gestão de Ricardo Nunes.

Inimigo oculto

Esse terceiro grupo conta com tucanos influentes, com ascendência nos diretórios regionais do partido na capital e pelo menos um integrante do alto escalão do governo Nunes. A estratégia é fortalecer o partido, mesmo que para isso seja necessário deixar de cumprir o acordo firmado entre Bruno Covas e o PSDB paulistano com Ricardo Nunes e o MDB. Vale lembrar que Nunes foi escolhido pessoalmente pelo falecido prefeito para ser seu vice. O objetivo desse grupo, que tem ligações históricas com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), é conseguir votos suficientes numa eventual nova convenção municipal do partido para apoiar a candidata de Geraldo e Márcio França, a deputada federal Tábata Amaral.

Fontes

A coluna conversou com três lideranças políticas com passagens pelo executivo e legislativo em diferentes gestões e funções. Dois deles confirmaram ter recebido ligações de um tucano com gabinete próprio no Edifício Matarazzo, convidando-os a entrar no partido para apoiar Tábata.O terceiro admitiu ter sido procurado com o mesmo objetivo, mas não quis confirmar quem teria feito o convite. As três fontes dessa coluna ocupam cargos públicos e pediram anonimato.

Frases quase idênticas

Durante a apuração conversei com várias pessoas que conhecem de perto os bastidores da política em São Paulo. Ouvi de três delas frases muito parecidas, resumidas nas palavras de um aliado do prefeito. “Trabalharam por Bruno Covas, venceram e não aprenderam nada. Pra essa turma é mais importante ser tucano do que ser leal”.

Com a palavra...

... o prefeito Ricardo Nunes, que reagiu de forma serena à informação. “Faz parte do jogo”, ele disse.

Só que o jogo não é aqui

A direção nacional do PSDB, eleita por convenção em novembro, está ciente da situação e quer pôr fim ao racha em SP. Segundo interlocutores do presidente do PSDB, Marconi Perillo, a realização de convenções estadual e municipal devem ser anunciadas na primeira quinzena de janeiro. Nem Paulo Serra, prefeito de Santo André e presidente do PSDB estadual, nem Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto e 2º vice-presidente do PSDB nacional, quiseram comentar o assunto.

Devolvendo dinheiro

Encerrado o ano legislativo na Câmara Municipal, o presidente Milton Leite anunciou a devolução de 195 milhões de reais para a prefeitura, dinheiro economizado com revisão de contratos e cancelamento de compras por parte da mesa diretora. Desde 2017 a Câmara devolve parte de seu orçamento para a prefeitura no final do ano. A “economia” no período ultrapassa os 840 milhões de reais.

Contato: [email protected]

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