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Copa do Mundo

Confira 5 polêmicas que fazem o Catar ser um anfitrião controverso para a Copa do Mundo

Desde sua escolha, o país-sede vem acumulando controvérsias e gerando um debate acalorado na sociedade

Confira 5 polêmicas que fazem o Catar ser um anfitrião controverso para a Copa do Mundo - Imagem: reprodução Instagram
Confira 5 polêmicas que fazem o Catar ser um anfitrião controverso para a Copa do Mundo - Imagem: reprodução Instagram

Vitória Tedeschi Publicado em 01/12/2022, às 18h48


Escolhido como sede em 2010, a decisão de ser sediar a Copa do Mundo no Catar no Catar, o primeiro país do Oriente Médio a promover o evento, desde o princípio, tem sido alvo de inúmeras polêmicas. Assim, o país vem acumulando controvérsias e gerando um debate acalorado na sociedade.

A Fifa, inclusive, pediu para as seleções focarem no futebol, mas é quase impossível ficar alheio à política em um cenário tão polêmico fora das quatro linhas quanto é o da Copa do Mundo em um país tão atrasado nas questões humanitárias. 

Sendo assim, as críticas foram instantâneas e envolveram a logística de realizar um evento esportivo em um país onde as temperaturas no verão chegam regularmente a 40º Celsius; sobre alegações de suborno e corrupção entre funcionários da Fifa que votaram no Catar; as preocupações sobre os abusos dos direitos humanos que persistiram nos anos desde então, exclusão das mulheres em diversas facetas da sociedade, etc.

Para entender melhor o que cada polêmica significa e o porquê o Catar é um anfitrião controverso para a Copa do Mundo, confira abaixo uma lista com 5 itens mais emblemáticos:

Direitos LGBTQIAPN+

No Catar, a homossexualidade é crime previsto em lei: sexo entre homens é punível com até sete anos de prisão, e homens que "instigarem" ou "seduzem" outro homem a cometer "um ato de sodomia ou imoralidade" podem pegar de um a três anos de prisão.

Um relatório publicado pela Human Rights Watch denunciou pelo menos 11 casos de desrespeito aos direitos das pessoas da comunidade LGBTI+ ocorridos no país entre 2019 e 2022.

Apesar disso, as autoridades da Copa do Mundo disseram que "todos são bem-vindos" para visitar o país para assistir aos jogos e afirmaram que ninguém seria discriminado.

Operários em situação análoga à escravidão

Durante a preparação para a Copa, surgiram muitas denúncias de trabalhos análogos à escravidão. Esses empregados são em maioria imigrantes do sudeste asiático, que trabalham à exaustão, em péssimas condições e sem nenhum direito trabalhista.

Uma reportagem do jornal inglês The Guardian revelou que mais de 6.500 imigrantes morreram durante os preparativos para o campeonato mundial, que começaram em 2010, quando o Catar foi anunciado como sede. 37 deles faziam parte da mão de obra adquirida para a construção dos estádios. 

O governo, contudo, disse que apenas três mortes foram relacionadas ao trabalho, ignorando as outras milhares.

Direitos das mulheres

O Catar também é conhecido por suas violações aos direitos humanos no que diz respeito às mulheres. Isso porque elas não têm direitos assegurados em um país com leis machistas. Também de acordo com o Human Rights Watch, o país adota regras discriminatórias de tutela masculina, negando às mulheres o direito de tomar decisões sobre suas vidas.

No país, existe um sistema conhecido como guarda masculina de mulheres, que os opositores descrevem como "ser menor de idade a vida toda". Esse sistema é a base de muitas reivindicações para reprimir os direitos femininos.

Importante citar que o código penal do Catar criminaliza todas as formas de sexo fora do casamento, com sentenças que podem ir até os sete anos de prisão, com a possibilidade de açoitamento ou apedrejamento caso a mulher seja muçulmana.

Acusações de corrupção

As críticas aos direitos LGBT e dos trabalhadores também foram motivo de muitas pessoas questionarem a decisão da Fifa de sediar o mundial.

O caso foi marcando quando, em 2020, o departamento de Justiça dos EUA indicou o pagamento de propina em assuntos relacionados à candidatura do Catar para a Copa de 2022. O caso veio à tona em meio ao "Fifagate", maior investigação da história sobre corrupção no futebol.

Na época, o comitê da Copa do Mundo de 2022 também emitiu uma nota oficial na qual nega as acusações e diz que há anos são feitas falsas afirmações sobre a candidatura do país.

Proibição da cerveja

Apesar de não se comparar à gravidade dos casos anteriormente citados, a medida mostra que o país desconsiderou as regras da Fifa nos mais diversos aspectos - inclusive quando o assunto mexe no bolso da entidade.

Além da venda dentro do estádio, a venda também foi proibida a venda de bebidas alcoólicas no entorno dos estádios da Copa do Mundo, ao contrário do que a Fifa e o Comitê Organizador haviam anunciado.

Diante da nova decisão, o único local em que cervejas são vendidas para "torcedores comuns" é no 'Fifa Fanfestival', e apenas numa janela de seis horas, entre 19h e 1h. Vale citar que apesar de poder ser comercializada, um copo de meio litro custa quase R$ 75 (ou US$ 14), a cerveja mais cara da história das Copas do Mundo.

A AB-Inbev, dona da Budweiser - patrocinadora da Fifa, paga 75 milhões de dólares a cada ciclo de 4 anos para a empresa, em troca de ser a patrocinadora oficial de cerveja da Copa. O caso pode render uma multa à entidade por conta do desrespeito a cláusulas contratuais.

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