O apresentador disse que o discurso do presidente foi capacitista
Nathalia Jesus Publicado em 22/04/2023, às 10h58
Marcos Mion utilizou o seu perfil nas redes sociais para se posicionar a respeito de uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre pessoas com deficiência.
Na última quarta-feira (19), Lula se reuniu com ministros e governadores para falar sobre medidas de prevenção a violência nas escolas. Na ocasião o mandatário disse que "pessoas com deficiência mental têm um problema de desequilíbrio de parafuso".
Segundo o apresentador, o discurso do presidente é considerado capacitista. Além disso, o termo "deficiente mental" não seria correto e há muito tempo foi substituído por "deficiente intelectual".
“Temos de nos policiar, de aprender, de nos adequar. Isso não só é muito pejorativo, quanto incentiva outras pessoas que continuem usando esses termos, que precisam ficar no passado”, disse Mion.
Pai de Romeo, adolescente de 17 anos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o apresentador reforçou que grande parte do país não tem acesso à informação e que pode se basear na fala do presidente do país.
“Sem contar a enorme quantidade de brasileiros que não tem acesso à informação, daí chega o presidente e fala isso. A gente aqui lutando pela aceitação, conscientização, normatização de todas essas condições, noite e dia. Essa pessoa sem informação pode olhar para seu filho com deficiência intelectual e perder as esperanças, porque se o presidente diz que ele tem um parafuso desequilibrado, para que ela vai continuar lutando?”, questinou.
A fala do presidente foi acerca do ataque contra uma creche em Blumenau, município de Santa Catarina, no início do mês. Um homem invadiu o centro educacional particular e matou quatro crianças. O ataque aconteceu 13 dias depois de um adolescente de 13 anos matar uma professora a facadas e deixar outros pessoas feridas em uma escola da capital de São Paulo.
“Sem contar a enorme quantidade de brasileiros que não tem acesso à informação, daí chega o presidente e fala isso. A gente aqui lutando pela aceitação, conscientização, normatização de todas essas condições, noite e dia. Essa pessoa sem informação pode olhar para seu filho com deficiência intelectual e perder as esperanças, porque se o presidente diz que ele tem um parafuso desequilibrado, para que ela vai continuar lutando?”, afirmou Lula.
Na ocasião, o presidente ainda disse que é preciso pensar e analisar as condições mentais das crianças nas escolas e que elas precisam ser acompanhadas, segundo informações da CNN.
Para Mion, essa fala, irresponsavelmente, faz uma lilgação entre pessoas com deficiência intelectual aos casos de violência nas escolas que estão acontecendo no país.
“Isso é um absurdo, não existe comprovação nenhuma sobre isso. Como pai de um autista, eu me sinto atingido. E falo como parte da comunidade autista, que lutamos contra todos os preconceitos, contra o capacitismo, 24 horas por dia. É um trabalho incansável de gerar informação e conteúdo para, quem sabe, um dia, elevar a conscientização a um nível tão alto que vai existir apenas empatia e respeito”.
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