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História de filme!

Freira decide abandonar a igreja após se apaixonar por outra mulher

Selma Teixeira decidiu deixar o celibato após vinte e cinco anos

Selma Teixeira, de 51 anos de idade, decidiu criar uma nova história para sua vida. Aos 51 anos de idade - depois de ter passado vinte e cinco deles como freira -, ela optou por um novo caminho e deixou a vida religiosa - Imagem: reprodução/UOL
Selma Teixeira, de 51 anos de idade, decidiu criar uma nova história para sua vida. Aos 51 anos de idade - depois de ter passado vinte e cinco deles como freira -, ela optou por um novo caminho e deixou a vida religiosa - Imagem: reprodução/UOL

Thais Bueno Publicado em 25/05/2023, às 14h28


Selma Teixeira, de 51 anos de idade, decidiu criar uma nova história para sua vida. Aos 51 anos de idade - depois de ter passado vinte e cinco deles como freira -, ela optou por um novo caminho e deixou a vida religiosa. 

De acordo com o UOL, a decisão foi tomada depois que ela teve que passar por alguns tratamentos médicos para o coração e, além disso, uma cirurgia bariátrica. Antes do procedimento, Selma chegou a pesar 148 quilos. Mas o motivo exato não foi a medicina, e sim quem trabalhou com ela.

Durante as consultas pelas quais tinha que passar para cuidar de sua saúde, a ex-freira acabou conhecendo uma médica, que rapidamente se tornou sua amiga. Pouco tempo depois, as duas se beijaram - a doutora mal sabia que viria a ser o motivo de Selma questionar seu próprio futuro.

"Meu nome é Selma Teixeira, mas já fui Chiara Letícia. Já estive com três papas e o último deles, o papa Francisco, me escreveu uma carta com votos de um casamento feliz. Sou uma ex-freira, ex-madre superiora, que abandonou os votos de castidade, pobreza, obediência, clausura e o mais alto posto que uma mulher pode alcançar na igreja católica por causa do meu coração", iniciou em entrevista ao UOL.

Natural de Piracicaba, cidade localizada no interior do estado de São Paulo (SP), Selma contou que decidiu entrar para a Igreja aos 18 anos de idade, com o principal objetivo de "contribuir para a comunidade humana".

A ex-freira revelou que começou a se dedicar mais ao seu desejo quando teve contato mais profundo com a vida de Santa Clara e São Francisco de Assis. "O que me consumia internamente era não ter encontrado, até aquele momento, a minha forma religiosa de expressão [...] Queria viver como eles viveram, e decidi que seria pobre, livre e casta, como eles foram".

Nisso, então, no dia 1º de setembro de 2002, se transferiu para a ordem das irmãs clarissas, que fica na cidade de Colatina, no estado do Espírito Santo (ES). "Fiz os votos perpétuos e me tornei a irmã Chiara Letícia da Mãe de Deus. Fui Chiara até meus 47 anos", explicou.

Por conta de sua atuação exemplar com as irmãs clarissas, conseguiu ascender na vida religiosa e, anos depois, tornou-se madre superiora - ou seja, começou a ajudar na formação das freiras e trabalhou com o reinício das obras do mosteiro, que estavam paradas por falta de recursos.

Foi depois de 14 anos atuando como freira que, em 2008, em Araputanga, cidade que fica no interior do Mato Grosso (MT), foi nomeada madre superiora nova formação criada pelas irmãs clarissas, a de Nossa Senhora das Alegrias. 

"Como freira e madre superiora, segui religiosamente todos os ritos do mosteiro e da clausura. Jejum e orações na madrugada estavam entre esses ritos", confirmou.

O início da doença, mas o nascimento do amor

Selma estava com 148 quilos e 1,58m de altura quando sentiu que seu coração começou a bater rapidamente de modo constante, causando-lhe episódios de pressão alta. Foi neste momento que começou seu tratamento cardíaco, realizando a cirurgia bariátrica que iria virar sua vida de cabeça para baixo.

Enquanto cuidava do seu coração, a ex-freira afirmou que teve o acompanhamento de uma médica, que virou muito amiga dela rapidamente.

"Eu sentia muita gratidão por ela ter sido uma das profissionais que salvou a minha vida e como tínhamos um gosto musical semelhante, em uma das minhas viagens, comprei um box do compositor clássico francês Claude Debussy e dei de presente para ela".

Foi em um de seus exames de rotina que Selma foi surpreendida pela doutora. Quando chegou, a profissional havia colocado Debussy para tocar, criou coragem e decidiu beijar sua paciente. 

"Ela me deu um beijo inesperado e eu, claro, não correspondi. Demorei muito tempo para perceber que tinha me ligado afetivamente a ela. Eu resolvi um problema de saúde, mas ganhei um problema afetivo", confessou.

"Fiquei confusa e, como eu tinha direito a uma licença de três anos, decidi pedir afastamento por um ano para refletir e dar continuidade ao meu tratamento em São Paulo". 

Depois de um tempo, Selma pontuou que optou por "pedir o que a igreja chama de exclaustração definitiva, que é a anulação dos votos de castidade, obediência, pobreza e clausura. Só há uma pessoa que poderia me dispensar do meu cargo de madre superiora: o papa [Francisco]".

Ela ressaltou que, mesmo confusa sobre o que fazer, chegou a ter um relacionamento de seis meses com a médica após sua saída da vida religiosa. "Eu sabia que, assumindo o relacionamento com uma pessoa que estava completamente estável, eu apenas trocaria de papel, trocaria de caixa".

Atualmente, Selma é casada com Priscila e trabalha como motorista de aplicativo. "Hoje eu sou uma pessoa que tem tatuagem, que adora uma cerveja, apaixonada e casada com a Priscila, que é uma companheira para a vida. Tenho certeza que Deus está feliz comigo, porque ele sabe que estou realizando o que eu queria realizar", concluiu.

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