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Horário de Verão

Veja como a volta do horário de verão pode favorecer a economia

A volta do horário de verão pode favorecer a economia em setores como turismo, bares e comércio

O horário de verão pode redistribuir o consumo de energia, mas seus maiores benefícios estão na economia - Imagem: Reprodução / José Cruz / Agência Brasil
O horário de verão pode redistribuir o consumo de energia, mas seus maiores benefícios estão na economia - Imagem: Reprodução / José Cruz / Agência Brasil

Sabrina Oliveira Publicado em 16/09/2024, às 09h42


O retorno do horário de verão no Brasil, uma medida que vem sendo discutida pelo governo, pode não trazer grandes mudanças no consumo de energia, mas tem o potencial de beneficiar setores específicos da economia, de acordo com especialistas. Enquanto o principal objetivo da medida no passado era reduzir a pressão sobre o sistema elétrico durante os horários de pico, o foco atual parece estar mais voltado para o impacto econômico em áreas como turismo, comércio e serviços.

De acordo com Juliana Inhasz, professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a ideia de que o horário de verão gera economia significativa de energia é questionável. Para ela, o que ocorre é uma redistribuição do consumo ao longo do dia, o que ajuda a evitar uma sobrecarga no sistema, mas não resulta em grandes economias no consumo geral. “Não vejo como uma grande economia. O que acontece é que o consumo se distribui melhor, mas não diminui de forma considerável,” afirma a especialista à CNN.

No entanto, do ponto de vista econômico, o horário de verão pode trazer vantagens específicas para uma parcela da população que aproveita as horas extras de luz do dia para atividades de lazer. Inhasz explica que pessoas com estilos de vida que favorecem atividades noturnas tendem a se beneficiar mais. “Os ganhos são comportamentais, com mais tempo disponível para o lazer, o que favorece o turismo, o comércio e até a indústria de entretenimento,” comenta.

André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), reforça essa análise ao destacar que o impacto econômico do horário de verão é desigual entre os setores. Enquanto segmentos como turismo, bares e restaurantes podem ver um aumento de receita com a maior circulação de pessoas no período da tarde e noite, setores como o agronegócio e a indústria podem enfrentar desafios. “A produção industrial, por exemplo, opera em turnos contínuos, e uma mudança de horário pode desorganizar a rotina de trabalho, afetando a produtividade a curto prazo,” observa Braz.

Para o setor de agronegócio, os impactos também podem ser negativos, já que a alteração no horário afeta o ciclo de trabalho de produtores rurais e a logística de transporte de produtos perecíveis, o que pode gerar dificuldades em manter a produtividade e a qualidade dos produtos.

Em termos de impacto no bolso do consumidor, a expectativa é de que a economia gerada com o horário de verão seja mínima. Braz explica que o consumo de energia por aparelhos como ar-condicionado aumentou nos últimos anos, o que reduz a eficiência da medida como estratégia de contenção de custos. Além disso, ele sugere que, ao estimular a atividade econômica em determinados setores, o horário de verão pode, indiretamente, resultar em aumentos de preços em restaurantes e outras áreas de lazer, devido ao maior movimento.

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