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China libera importação de carne bovina do Brasil

A liberação acontece dias antes de Lula chegar ao país com sua polêmica comitiva; entenda

China libera importação de carne bovina do Brasil - Imagem: reprodução Freepik
China libera importação de carne bovina do Brasil - Imagem: reprodução Freepik

Vitória Tedeschi Publicado em 23/03/2023, às 09h31


A China concordou em retomar imediatamente as importações de carne bovina brasileira. O comunicado foi divulgado nesta quinta-feira (23) pela Administração Geral de Alfândega chinesa (Gacc, na sigla em inglês).

"A Administração Geral das Alfândegas atribui grande importância a suspensão voluntária, realizou várias rodadas de consultas técnicas com o lado brasileiro e organizou especialistas para realizar uma avaliação de risco no sistema brasileiro de prevenção e controle da doença da vaca louca", afirmou o governo chinês por meio de uma nota oficial.

As vendas de carne bovina brasileira para a China foram suspensas voluntariamente pelas autoridades brasileiras em 23 de fevereiro, após a descoberta de um caso atípico da doença da vaca louca no Pará.

Um protocolo bilateral assinado em 2015 por Brasil e China estabelecia a suspensão imediata e voluntária das exportações da carne bovina brasileira em caso de identificação de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), doença conhecida como "mal da vaca louca", mesmo sendo atípico.

Vale citar que, no ano passado, cerca de 60% das exportações brasileiras de carne bovina tiveram como destino a China. Além disso, a retomada do comércio ocorre um dia depois de o ministro da agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, ter chegado a Pequim, antes da visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no domingo.

Saiba mais sobre a polêmica comitiva de Lula à China

Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou, na última sexta-feira (17), as datas da viagem do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva (PT) à China, que acontecerá entre os dias 26 e 31 de março, para se encontrar com o presidente Xi Jinping.

No entanto, para além das expectativas sobre a viagem em si e os acordos que podem ser feitos entre os dois países, outro ponto vem levantando questionamentos: a comitiva que acompanhará Lula na viagem ao país asiático.

Isso porque, além de ministros e empresários - aliados do presidente - três representantes da Paper Excellence, empresa que apoiou diretamente o bolsonarismo e vem tentando tomar o controle da empresa Eldorado Papel e Celulose das mãos da companhia de capital nacional J&F, foram emplacados na missão empresarial.

Amaury Pekelman, diretor de Relações Institucionais da empresa, Claudio Laert Cotrim Passos, o presidente, e Marcelo Kim Yuen, o diretor jurídico são os membros da empresa que está envolvida em uma das maiores disputas empresariais do país, avaliada em R$ 15 bilhões.

Desse modo, o aspecto polêmico é que a Paper tem um histórico de ataques ao presidente Lula e também relações estreitas com o bolsonarismo. Vale citar, como exemplo, que a empresa em questão chegou a usar canais de desinformação bolsonaristas para atacar o advogado Cristiano Zanin Martins, cotado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Relação Brasil x China

Com a viagem à China, o presidente Lula (PT) pretende mostrar que o Brasil pretende entrar com força no processo de reatar relações comerciais com o país asiático, que se desgastaram durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Para realizar a missão, o próprio presidente pediu ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que convidasse uma comitiva de empresários para a acompanhá-lo ao país.

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