Por Reinaldo Polito
Redação Publicado em 30/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 13h41
Por Reinaldo Polito
Eduardo Suplicy acaba de lançar um livro contando a sua história – “Um jeito de fazer política”. Uma obra de 270 páginas, editada pela Contracorrente. Não faltou nada, nem os contatos que mantivemos. Os fatos são bem curiosos.
Certa vez Humberto Werneck, um dos mais competentes profissionais do jornalismo brasileiro, resolveu fazer comigo uma matéria para o “Perfil” da revista Playboy. O texto ocupou sete páginas, e teve um título inusitado: “Polito, o Papa do Papo”.
Para tornar a entrevista mais atraente, ele pediu que eu fizesse a análise da comunicação de dez personalidades proeminentes da época. O senador Suplicy foi um dos selecionados. Eu disse que algumas de suas características positivas eram ter voz bonita, ser elegante, culto, mas, também, que ele se expressava de forma confusa para expor suas ideias e fazia discursos prolixos.
Comentei que se ele participasse de um curso comigo, em apenas seis horas esses problemas seriam resolvidos. Um ano depois Suplicy me procurou. Queria saber se eu conseguiria mesmo dar um jeito na sua comunicação. Concordamos em fazer o treinamento. O próprio Suplicy conta em seu livro o que aconteceu em nossas aulas:
“Logo na primeira aula, o professor Polito pediu-me que explicasse o projeto sobre o programa de Renda Mínima em três minutos. Acabei me alongando e fiz uma exposição em 48 minutos. Daí ele me pediu que explicasse a mesma proposta, sem prejuízo de conteúdo, em 30 minutos, depois em 20, em seguida em 10, até chegar aos três minutos.
Ao perceber que poderia falar tudo que precisava em três minutos, adotei esse tempo nas apresentações. Muitas vezes, antes criticado como mal orador, passei a ser elogiado pela objetividade, emoção e envolvimento como transmitia minhas mensagens, conforme diagnóstico do próprio professor Polito. Como por vezes precisei fazer palestras em inglês, no exterior, ele também me treinou para que eu as fizesse bem, e assim aconteceu”.
Realmente, ele se comportou com muito empenho e disciplina nas aulas. Como sempre foi uma pessoa muito transparente, convidava jornalistas para assistir aos treinamentos. Não escondia nada. No dia seguinte, os jornais noticiavam com detalhes o que acontecia no curso. Ele conta no livro que eu o treinei para duas missões especiais:
“A primeira, quando fui convidado pelo Grupo Jovem de Teatro de Heliópolis para fazer uma apresentação especial da peça A queda para o alto, de Anderson Herzer. Primeiramente o grupo me pediu que gravasse um vídeo introdutório. Mas tudo ocorreu tão bem que acabei acompanhando o grupo em doze apresentações da peça ao vivo em teatros de São Paulo, como o Oficina, e noutras cidades”
A segunda missão foi mais relevante, pois faz parte da história do Brasil. Suplicy se preparou para fazer sua apresentação como pré-candidato à Presidência da República no 12º Encontro Nacional do PT em Recife.
“Eu estava consciente de que aquela minha decisão de disputar as prévias presidenciais do PT para a escolha do candidato a presidente, em 2002, provocaria um certo desconforto no partido e no próprio Lula. Treinei para, em dez minutos, expressar que estava ali para uma conversa com ‘meu querido amigo Lula’.
Conforme registrou o repórter do Estadão que me acompanhou na aula em que ensaiei o discurso, citei passagens da nossa trajetória comum, como na luta por eleições diretas e no movimento pela ética na política, que culminou com o processo de impeachment de Collor. Ao final da aula, Polito avaliou que ‘houve perfeita harmonia entre gestos, inflexão de voz e mensagem’. Lula saiu do encontro inscrito nas prévias”.
Essa história não está no livro, mas faço questão de contar. Suplicy já estava pronto, mas, mesmo assim queria se preparar para todos os eventos. Certo dia, fui a Brasília, e passamos uma noite inteira treinando sua participação num debate. Pedia que eu fizesse a ele todas as perguntas “pertinentes e impertinentes”. Quando o sol apareceu ainda estávamos lá treinando. Só se deu por satisfeito quando sentiu que se sairia vitorioso no embate.
Não deu outra – massacrou seu adversário. No final, ao dar entrevistas, pôs o jornalista no telefone para falar comigo. Queria que eu explicasse ao repórter quais foram as estratégias que exercitamos para que ele pudesse obter aquele resultado positivo. Só ele mesmo!
Suplicy escreveu e escreve uma página muito importante da história política brasileira. Fico feliz em participar dela. Independentemente de ideologia, é uma pessoa sempre admirada. Quantos, mesmo sendo oposição ao PT, votaram no senador. Ele conseguiu ficar acima dessas divergências partidárias. Vale a pena ler o seu livro.
Ah, tenho convidado Suplicy para fazer uma reciclagem. Apesar da idade, ele ainda tem muito para oferecer ao país. Para isso precisará estar pronto para falar tudo o que precisa – em apenas três minutos. Siga pelo Instagram @polito
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