Por Reinaldo Polito
Redação Publicado em 17/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h09
Por Reinaldo Polito
Pessoas que vivem batendo boca até com a sombra, girando a metralhadora verbal para todos os lados, agindo com destempero, arrumando confusão a torto e a direito, esbravejando com quem estiver à sua frente, sofrem com esse comportamento. Passado o instante de fúria, quase sempre, gostariam de apagar aqueles momentos vergonhosos de sua história.
Depois do estrago, todavia, Inês é morta, e pouco pode ser feito para contornar as tristes cenas protagonizadas. E quando você pensa que a lição foi aprendida, passados uns dias lá está o estouradinho vivendo novas confusões.
Do nada, pelos motivos mais fúteis e insignificantes, a pessoa se descontrola e começa a vociferar. Mesmo que em seguida peça desculpas, até que os ânimos se acalmem e o sangue volte a esfriar, a convivência é prejudicada.
Nos casos em que as ações agressivas chegam a ser reincidentes, aqueles que se sentiram atacados se afastam sem muita vontade de reconciliação. Sabem que será só uma questão de tempo para que aquela situação insustentável volte a se repetir.
Embora seja desgastante conviver com pessoas que perdem a calma com facilidade, no ambiente familiar, como há amor na relação, mesmo que o confronto tenha sido muito insultuoso, e ainda que demore um pouco, é mais fácil que a harmonia volte a se restabelecer.
No caso de a discussão ocorrer com pessoas estranhas, ou quando não existe sentimento de afeto no relacionamento, depois do episódio fecham a cara e começam a se evitar. Há situações extremas em que aqueles que discutiram nunca mais voltam a conversar, e, pior, acabam até se transformando em inimigos.
Não é incomum, também, que os desafetos, com o passar do tempo, nem consigam se lembrar dos motivos da discussão. Permanece apenas o sentimento de mágoa. Quantas famílias, que vivem por esse mundo à fora, se tornaram inimigas, e foram transmitindo aos descendentes essa rivalidade. Depois de muitas gerações, mesmo que continuem às turras, não são capazes de dizer qual foi a origem da desavença.
Situações ainda mais sérias acontecem no ambiente corporativo. Com a disputa normal por posições hierárquicas e por poder, os conflitos se sucedem quase sempre de forma velada, pois, além da competência, a boa convivência é um dos requisitos para as promoções e delegações de tarefas relevantes. Quando um profissional perde o controle e se digladia com os colegas de trabalho, o bom relacionamento se torna quase impossível. As pessoas chegam até a conversar para resolver questões que afetam a empresa, mas não trocam nenhuma palavra amistosa. É ruim para a carreira deles e para o desempenho da companhia.
Por todas essas razões, aprender a ficar calado e engolir uns sapos é uma arte que precisa ser desenvolvida o tempo todo. Muitas vezes, diante de nossas ações irrefletidas, os outros podem se sentir ameaçados, física, intelectual e emocionalmente. Dependerá de nós a capacidade e o poder para controlar nosso comportamento diante de situações que nos são particularmente difíceis ou embaraçosas. Vale a pena lembrar que a forma como tratamos as pessoas diz muito sobre nossa autoconfiança e segurança.
Comportarmo-nos com atitudes impensadas, destemperadas, precipitadas, sem medirmos as graves consequências para a vida pessoal e para o relacionamento no ambiente profissional só produz dissabores.
Levantar a voz e agir de forma exaltada quando nos sentirmos contrariados ou não considerados por alguém, apenas para tentarmos impor um ponto de vista que, na quase totalidade dos casos, não acrescenta absolutamente nada em nossa vida, não é uma atitude sensata.
Assim como acontece com a maioria das pessoas, se nos deixarmos levar pela emoção descontrolada, guiados apenas pelo acesso de cólera, no dia seguinte, muito provavelmente, estaremos arrependidos e tentando descobrir um meio de desfazermos o mal-entendido.
Por isso, vale a pena investirmos nesse aprendizado de pensar um pouco antes de reagirmos ou tomarmos uma decisão importante. E se, depois de refletirmos bem, acharmos que poderíamos aguardar mais um dia antes de agirmos, principalmente se estivermos com muita raiva, revoltados ou indignados com o comportamento de alguém, esperemos passar a noite e, talvez, no dia seguinte nos surpreendamos com nossa nova disposição mais equilibrada e conciliadora. Vamos aprender cada vez mais a deixar para amanhã o que não deveríamos dizer hoje. Siga no Instagram @polito
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