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Preparadora de cadáveres deixa trabalho para viajar a pé pela América do Sul

Uma longa caminhada a pé e muita história para trazer na bagagem é o que espera uma moradora de Jundiaí (SP), que decidiu há cerca de quatro meses sair da

Preparadora de cadáveres deixa trabalho para viajar a pé pela América do Sul
Preparadora de cadáveres deixa trabalho para viajar a pé pela América do Sul

Redação Publicado em 08/09/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h11


Moradora de Jundiaí começa no sábado (9) expedição por vários países que deve durar dois anos: ‘Trabalhando com a morte comecei a olhar a vida de outra maneira’.

Uma longa caminhada a pé e muita história para trazer na bagagem é o que espera uma moradora de Jundiaí (SP), que decidiu há cerca de quatro meses sair da rotina para vivenciar uma aventura sozinha pelos países da América do Sul. A jornada começa neste sábado (9).

Em entrevista ao G1, a tanatopraxista Milena Leal, de 31 anos, conta que o ponto de partida foi deixar o trabalho – dedicado a preparar cadáveres -, em abril deste ano, e iniciar os preparativos para a viagem, que está programada para durar cerca de dois anos.

Mochileira ficará dois anos fora do Brasil em viagem a pé pelos sul-americanos (Foto: Arquivo Pessoal)

Mochileira ficará dois anos fora do Brasil em viagem a pé pelos sul-americanos (Foto: Arquivo Pessoal)

A primeira etapa do trajeto é chegar em Ushuaia, cidade do interior da Argentina. A partida do Brasil será feita de carona, e somente após percorrer 24 cidades começará sua jornada a pé. No país, saindo de Jundiaí as próximas cidades são: São Paulo, Florianópolis (SC), Torres (RS) e Rio Grande (RS).

Depois, a caminhada segue em Punta Del Diablo, Maldonado, Montevidel, Carmelo, cidades do Uruguai. Na Argentina, Milena seguirá por Buenos Aires, Mar Del Plata, Miramar, Monte Hermoso, Villalonga, Las Grutas, Piedras Coloradas, Puerto Madryn, Camarones, Comodoro, Rivadavia, Coleta Olivia, Puerto San Julián, Rio Gallegos, Rio Grande e finalmente Ushuaia, de onde parte a pé para Caiena, na Guiana Francesa.

Ex tanatopraxista segue viagem a pé pela América do Sul (Foto: Arquivo Pessoal)

Ex tanatopraxista segue viagem a pé pela América do Sul (Foto: Arquivo Pessoal)

Entre os principais itens de sobrevivência, Milena levará uma barraca, um pequeno fogão, e um kit de higiene pessoal. Além disso, serão levadas menos de 30 peças de roupas, entre elas cinco camisetas, três calças, uma jaqueta corta vento, um gorro, um cachecol e 13 itens de peças intímas. Para a caminhada, Milena levará um tênis, uma bota para trilha e um chinelo.

“Percebi que não precisamos de muito para viver. E que na correria do dia a dia, esquecemos de olhar para o lado. Passamos reto, somos incapazes de olhar ao próximo.”

Para ajudar a conseguir dinheiro, ela fez uma rifa entre os amigos de 10 caixas de cerveja, o que arrecadou cerca de 20% do valor levado para a viagem. Além disso, para se manter durante a caminhada, Milena conta que trabalhará pelas cidades em troca de hospedagem e alimentação.

Preparação

Mochileira levará menos de 30 peças de roupas para sua viagem pela América do Sul a pé (Foto: Arquivo Pessoal)

Mochileira levará menos de 30 peças de roupas para sua viagem pela América do Sul a pé (Foto: Arquivo Pessoal)

A preparação para a viagem sozinha começou quando realizou o chamado “Caminho da Fé”. Muito conhecido entre os mochileiros, a rota tem como destino Aparecida, cidade do interior de São Paulo, e serve de preparação para viagens mais longas.

Milena percorreu por 16 dias os 550 quilômetros de São Carlos à Aparecida, em junho de 2016, para averiguar se seu corpo estaria preparado para diversos dias de caminhada intensa. O trajeto foi realizado com sucesso e a conquista serviu como estímulo para a próxima jornada.

“Meu objetivo é mostrar para as pessoas que existe muita maldade no mundo em que vivemos, mas o bem é maior, apenas não é divulgado. Afinal, a maldade e a tragédia atraem mais…”

‘Incentivo dos mortos’

Formada em Comércio Exterior, Milena conta que trabalhou como despachante aduaneira por cerca de 11 anos, quando decidiu que estava fatigada com a atual profissão. Foi então que a tanatopraxia apareceu em sua vida.

Após fazer um curso para trabalhar como preparadora de cadáveres, Milena começou a atuar no mercado fúnebre. O período de um ano em uma clínica de preparação de corpos fez com a ela visse o mundo e a vida de uma maneira diferente.

“Depois que eu estava trabalhando com a morte comecei a olhar a vida de outra maneira, senti necessidade de viver mais”, justifica a jovem, que busca novas experiências de vida.

Milena Leal partirá de Jundiaí, interior de São Paulo, com destino à Guiana Francesa (Foto: Arquivo Pessoal)

Milena Leal partirá de Jundiaí, interior de São Paulo, com destino à Guiana Francesa (Foto: Arquivo Pessoal)

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