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Você é feliz?

Dia da Felicidade: confira 7 dicas para ser mais feliz

O Diário de S.Paulo conversou com especialistas que explicaram o que realmente é o sentimento de felicidade e como traçar uma jornada até ele

O 'Dia Internacional da Felicidade' é comemorado no dia 20 de março desde 2013 - Imagem: reprodução Freepik
O 'Dia Internacional da Felicidade' é comemorado no dia 20 de março desde 2013 - Imagem: reprodução Freepik

Vitória Tedeschi Publicado em 20/03/2023, às 13h58


Ao longo dos séculos, filósofos, psicólogos e religiosos discutiram muito sobre o que seria a felicidade e maneiras de alcançá-la. Os diferentes momentos da história influenciaram a percepção das pessoas em suas respectivas épocas.

Apesar disso, independente do tempo ou da opinião de cada pesquisador, a verdade universal é que a felicidade traz uma sensação de bem-estar, leveza e alegria. E claro, todos querem ter esse sentimento, por isso, essa busca até os dias atuais.

Um bom exemplo disso, é pensar que não foi à toa que criaram um dia inteiro só para ela. Hoje, dia 20 de março, ficou conhecido como o dia em que é celebrado o 'Dia Internacional da Felicidade', desde 2013, quando foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas).

De acordo com Diana Bonar, especialista em Comunicação não violenta e Gestão de Conflitos, a data é de suma importância para que possamos refletir, estudar e agir sobre a nossa felicidade e da nossa comunidade, já que esse é um dos sentimentos mais importantes da humanidade.

"O alcance da felicidade e até mesmo o que ela significa sofreu transformações ao longo dos séculos. É importante sabermos identificar quais são as questões de infelicidade em nossa geração e o que podemos fazer sobre isso", afirma Diana.

A psiquiatra, Maria Fernanda Caliani, concorda com Diana sobre a importância da data especial e ainda ressalta que os pequenos momentos de felicidade em nosso dia a dia devem ser valorizados.

"Ter um dia da felicidade nos ajuda a lembrar que ela pode ser obtida todos os dias, nas pequenas coisa também, no sorriso que a atende te ofereceu, no abraço apertado do seu filho ao chegar do trabalho. A gente não pode esperar as férias para ser feliz, precisamos da felicidade cotidiana, e isso conseguimos atingir com muito treino e perseverança", diz ela.

Vale também citar que o dia foi inspirado pelo Reino do Butão, localizado entre a China e a Índia, que promove o conceito de Índice da Felicidade para medir o bem-estar socioeconômico e o PIB (Produto Interno Bruto), levando em consideração justamente as questões que poderiam trazer essa tal "infelicidade".

No ano passado, por exemplo, o Relatório Mundial da Felicidade apontou a Finlândia como o país mais feliz do mundo. O Brasil ficou como o 39º colocado, duas posições à frente em relação ao último levantamento.

Além de trazer novas informações, a pesquisa evidencia a maneira como todos parecem estar obcecados pela felicidade - até mesmo os pesquisadores -, sempre procurando por livros, cursos, podcasts e qualquer material que possa ajudar a entender e trilhar um caminho direto para esse sentimento que no final das contas pode ser mais simples de entender do que parece.

Afinal, você sabe o que é felicidade?

Diversas pesquisas já foram feitas com crianças, que quando questionadas sobre isso sempre davam respostas simples à primeira vista. "Ter família, brincar, ter amizades, viajar, ter uma casa, ter saúde, e por aí vai…" Essas, por exemplo, foram algumas das respostas dadas para a pesquisa: "Você é feliz? A autopercepção da felicidade em crianças", do programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A partir dessas respostas não muito rebuscadas podemos refletir sobre o que realmente é a felicidade. No entanto, para além do que pode ter a ver com atividades prazerosas e momentos de descontração, existe algo mais simples ainda: a felicidade não passa de uma combinação do chamado "quarteto da felicidade", que são hormônios que trazem a sensação de amor, bem-estar e serenidade, são elas: endorfina, serotonina, dopamina, ocitocina.

Vale citar, ainda de acordo com Diana, que os fatores genéticos podem determinar uma maior ou menor propensão dos indivíduos a produzirem essas substâncias: "Ou seja, tem gente que nasce mais propensa a ser feliz e a desenvolver pensamentos positivos e outras pessoas terão que se esforçar um pouco mais".

Com isso em mente, ela cita que, ​​biologicamente falando, é preciso adotar ações concretas e de longo prazo para garantir a liberação desses hormônios para tentar 'garantir' mais felicidade.

"A busca da felicidade, mesmo biológica, é uma proposta de estilo de vida. Que inclui fazer atividades físicas, abraçar e beijar pessoas que ama, estar com amigos, comer alimentos que ajudam na liberação dessas substâncias. Ou seja, não adianta sair para correr quando está triste, precisa ser quase todo dia para manter a serotonina e a dopamina em alta", esclarece ela.

Sobre a suposta busca incessante pela felicidade, ela também diz acreditar que isso tem a ver com a nossa própria sociedade: altamente competitiva e exigente: "A busca incessante para alcançar ideais de beleza, sucesso e bem-estar são quase impossíveis. Ao atrelar a nossa felicidade ao alcance desses patamares, será um caminho de ansiedade e angústia".

No entanto, Maria Fernanda destaca que é muito importante saber identificar o que realmente é a felicidade e como ela se apresenta na vida de cada um.

"O ser humano passa a vida atrás dela e muitas vezes deixa de viver seu presente em busca desse sentimento. Sim, estar feliz é um estado de espírito, interno, Mas não podemos confundir felicidade com prazer".

A psiquiatra ainda alerta que a confusão entre o prazer e o tal "ser feliz" pode trazer sério problemas para a saúde das pessoas, gerando até dependências.

"O prazer é algo que começa e acaba, assim nascem os vícios. O equilíbrio dos sentimentos é que nos traz a gratidão e aceitação de nossos limites e nos faz amadurecer", explica ela.

Quais são as características de uma pessoa feliz?

Ainda que o sorriso, o dinheiro ou a fama sejam descrições tradicionais de pessoas felizes, eles podem esconder diversos sentimentos que somente o contato pessoal é capaz de identificar.

Por isso, o bem-estar emocional de alguém não é medido pelo que ele tem ou pela fisionomia alegre que apresenta, mas pela maneira com que essa pessoa se relaciona com as demais.

Antes de listar algumas dicas de como ser mais feliz, vale citar que as pessoas felizes geralmente compartilham algumas características, as quais você pode usar para comparar com o seu próprio comportamento.

Veja abaixo as principais características de pessoas felizes:

  • Reconhecimento da alegria diária;
  • Facilidade em fazer amigos e manter relacionamentos;
  • Postura benevolente e vontade de ajudar o próximo;
  • Se colocar em primeiro lugar;
  • Amor-próprio;
  • Resiliência;
  • Fé no futuro;
  • Otimismo;
  • Paciência;
  • Assume responsabilidade por seus atos;
  • Jogo de cintura no ambiente de trabalho,
  • Habilidade de resolver conflitos. 

Agora, você pode estar se comparando e tentando encontrar as características acima em você, mas, como já citado acima, é muito importante lembrar que é impossível ser feliz - ter todas as qualidades citadas - o tempo inteiro, mas definitivamente é possível ser feliz a maior parte do tempo.

Por isso, as dicas da gestora de conflitos Diana Bonar e da psiquiatra Maria Fernanda, abaixo, têm o intuito de dar o pontapé inicial em sua jornada pela felicidade. De todo mundo, se você sentir a necessidade de uma fonte de apoio e de conselhos para guiá-lo, não hesite em fazer terapia.

A terapia é um espaço para resolver problemas, tratar transtornos e encontrar e fazer a manutenção da felicidade. Não raro pacientes buscam aconselhamento psicológico para aproveitar ao máximo as diferentes fases da vida, sejam elas tristes ou até mesmo felizes.

Confira 7 dicas para ser mais feliz

1. Aceite seus limites

O primeiro ponto é aceitar seus limites. Entre eles, de acordo com a pisquiatra, não fuja dos seus problemas. Isso porque é importante entender e aceitar que eles fazem parte da vida.

"Se estiver triste tente entender o que está acontecendo, não busque o prazer momentâneo. Em alguns casos, pedir ajuda, falar e conversar com parentes, amigos. A gente tem ideia de que a felicidade vai acontecer apenas quando coisas grandes acontecerem (viagem, férias, etc) e ela é um sentimento simples", aconselha Maria.

Além disso, ela destaca que tentar ser feliz o tempo todo é anormal, isso porque os sentimentos negativos também fazem parte da vida. A ideia é "nos policiarmos para que sejam a exceção e não a regra. É necessário saber lidar com as frustrações para crescermos mentalmente".

2. Invista seu tempo e dinheiro em experiências legais

Conseguir compreender que seu tempo deve ser investido em coisas que te fazem bem, por mais simples que sejam, podem te ajudar e muito.

Além de um prazer momentâneo, que sem dúvidas te ajudará a levar mais leveza para um dia difícil, é algo que pode ser revisitado sempre, expandindo seu benefício para diversos outros momentos do futuro.

"Quando lembramos de um momento feliz, o nosso corpo reage como se de fato tivéssemos vivendo novamente. Portanto, quanto maior for a sua coleção de momentos felizes, mais feliz você poderá ser. Crie esses momentos! Coloque fotos nas paredes, faça uma lista delas", aconselha a gestora de conflitos.

3. Crie a sua "conta bancária emocional"

Falando em investir, Maria Fernanda complementa a ideia de Diana e sugere que literamente associemos o bem-estar a uma "conta bancária emocional". A ideia é pensar: "Tenho que deixar minha conta mais positiva do que negativa, não posso ter uma vida que mais sai do que entra, senão terei problemas".

"Emocionalmente é a mesma coisa, não posso ter mais emoções negativas do que positivas, senão terei problemas de ansiedade, de depressão. O problema é equilibrar isso muito bem na nossa vida. Para controlar as saídas, eu preciso aprender a identificar a natureza dos meus pensamentos, e então não deixá-los me impactar e então valorizar o positivo", explica a psiquiatra.

Maria finaliza explicando que essa percepção de quais são as emoções boas, por exemplo, tem muito a ver com o sentimento de gratidão. Ou seja, "tem mais a ver com eu perceber aquilo que eu tenho do que pensar no que me falta, tem a ver com eu me sentir bem pela minha saúde, pela minha família estar bem, etc.".

4. Medite

Todo dia vivemos muitas emoções. Meditar sobre os pequenos momentos bons e alegres que tivemos estimula um olhar mais cuidadoso para enxergar a felicidade mesmo em situações banais.  

"Pode ser o sorriso de uma criança, um bichinho fofo que você viu, uma música que te fez lembrar de algo bom, uma comida boa. É um treino de estado de presença e foco naquilo que nos nutre a alma, e aquilo que focalizamos se expande", explica Diana.

5. Mexa-se

"Ponha o seu corpo em movimento todos os dias. Não adianta ser de vez em quando! Coloca uma música boa bem alta e dance. Coloca um fone no ouvido e dê uma volta no bairro. Pule corda! Atividade física ajuda a liberar o quarteto da felicidade", aconselha.

6. Distribua beijos e abraços

A ideia de 'dar amor e carinho' para quem ama, além de proporcionar bons momentos e memórias afetivas legais também ajuda na liberação da ocitocina, hormônio que promove sentimentos de amor, união social e bem-estar.

7. Lembre-se que a felicidade é simples

Por fim, mas nenhum pouco menos importante do que todas as dicas anteriores, tanto Diana Bonar, quanto Maria Fernanda Caliani, destacam que apesar busca constante pela felicidade, é preciso lembrar que ela é simples. E por isso, deve ser tratada como tal.

Assim, valorizar momentos do dia a dia - simples em sua essência - como ler seu livro preferido pela 3ª vez, sair com os amigos, fazer aquela aula de dança ou separar um tempo para um banho longo ouvindo sua melhor playlist.

"Lembre-se que atingir a felicidade é mais simples do que a gente imagina", deixa o lembrete, Maria Fernanda.

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