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Bolsonaro sai atrás de Lula, mas acelera rápido para chegar na frente

Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). - Imagem: Reprodução | TV Globo
Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). - Imagem: Reprodução | TV Globo
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 09/10/2022, às 07h25


Apuradas as urnasno último dia 2, domingo, dois competidores sobreviveram, Lula e Bolsonaro. Alguns petistas ficaram frustrados. Afinal, a maioria das pesquisas previa a vitória do ex-presidente já no primeiro turno. Mesmo tendo levado vantagem, com 5 pontos percentuais à frente, boa parte dos lulistas desmoronou.

Os bolsonaristas também não ficaram satisfeitos. Durante muito tempo viram um mar de verde e amarelo pelas ruas e praças de todo o país. Tinham certeza de que o chefe do Executivo já estaria reeleito. Foi um baque no entusiasmo desses eleitores.

Bolsonaro passou a régua e fechou a conta

Não adianta chorar o leite derramado. Lula terá de se virar do avesso para manter a vantagem conquistada. Bolsonaro precisará descobrir um jeito de tirar essa diferença. Tanto assim que logo no dia seguinte começaram as movimentações em busca dos votos. Quem vacilar, perde.

Bolsonaro acordou mais cedo para enfrentar essa corrida de tiro curto. É como se fosse uma prova de 100 metros com obstáculos. Nessa competição não dá para trotar como se fosse uma longa maratona. Não, é preciso largar na frente e, sem olhar para os lados, mirar a linha de chegada.

Em questão de horas, o presidente superou todas as expectativas, até dos adeptos mais otimistas. Os maiores colégios eleitorais cerraram fileira com ele: Romeu Zema, em Minas. Rodrigo Garcia, em São Paulo. Claudio Castro, no Rio. Caiado, em Goiás. Só para falar de alguns dos maiores do país.

Some-se a esse mundaréu de eleitores Tarcísio, em São Paulo, que chegou no final do primeiro turno bem distante de Haddad. Onyx Lorenzoni, no Rio Grande do Sul, mais um que está praticamente com a taça na mão. ACM Neto, na Bahia, que, embora tenha se comportado com neutralidade, com receio de comprometer a própria candidatura, orientou, como é sabido, sua base para ajudar o candidato do PL. Entre outros.

Lula demorou para se recuperar do susto

Lula claudicou na saída. Não queimou a largada, mas demorou a dar os primeiros passos. Os apoios que conseguiu nem de longe podem ser comparados aos de Bolsonaro: um envergonhado Ciro Gomes, que, depois de ter criticado o petista de forma veemente, diz que segue a orientação do PDT. E fala sem citar ao menos o nome do candidato. Saiu da hibernação também Fernando Henrique Cardoso, que, depois de tantos anos, precisa se apresentar à galera mais jovem para que saibam de quem se trata. Simone Tebet, que mesmo tendo chegado em terceiro lugar, é uma voz quase solitária no MDB. O ex-presidente conta também com a maioria dos estados nordestinos que, tirando a Bahia, não garante a eleição.

Lula ganha se não perder os votos conquistados no primeiro turno e amealhar parte daqueles que não compareceram às urnas na primeira vez, e de alguns que votaram branco ou nulo. Olhando assim de longe, a impressão é a de que está com a faca e o queijo na mão. Por todas essas alianças feitas por Bolsonaro, todavia, a situação do petista talvez não seja tão confortável.

Basta ele olhar para a formação do novo Congresso. Nunca se viu uma Câmarae um Senado tão conservadores. E muitos desses políticos foram vencedores com o apoio explícito do presidente. Quase todos dispostos a ajudá-lo nesta segunda etapa.

Eleitor muda o voto sim

Dizem os petistas e os bolsonaristas incrédulos que os eleitores não mudam no segundo turno o voto que deram no primeiro. Estão enganados. É só ver o exemplo do próprio vice de Lula, Geraldo Alckmin. Quando concorreu à presidência em 2006, chegou a quase 40 milhões de votos no primeiro turno. Devido a alianças malfeitas, todavia, especialmente com o ex-governador carioca Anthony Garotinho, conseguiu a “proeza” de receber menos votos no segundo, abaixo de 38 milhões. Portanto, essa história de que eleitor não muda o voto é lenda. Muda sim. Principalmente se for alertado, por exemplo, por um líder da estatura de Romeu Zema.

Na verdade, nada está decidido. Tanto um quanto outro pode vencer. Bolsonaroprecisa jogar no ataque e acertar mais. Lula pode ficar mais na retranca para segurar o resultado. Para isso, precisará errar menos. Siga pelo Instagram: @polito

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