Diário de São Paulo
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Violência contra a mulher

Diretor da Cultura arranca e arremessa celular de deputado bolsonarista que atacava Vera Magalhães

A ação foi gravada por celular do parlamentar e de outras testemunhas e viralizou nas redes

Jornalista Vera Magalhães e deputado Douglas Garcia - Imagem: Reprodução/Twitter @douglasgarcia e Instagram @veramagalhaesjornalista
Jornalista Vera Magalhães e deputado Douglas Garcia - Imagem: Reprodução/Twitter @douglasgarcia e Instagram @veramagalhaesjornalista

Mateus Omena Publicado em 14/09/2022, às 12h37


A jornalista Vera Magalhães foi vítima de ataque pelo deputado estadual paulista Douglas Garcia (Republicanos), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante o debate para o governo de São Paulo, na noite da última terça-feira (13).

O parlamentar partiu para cima de Vera e disparou insultos contra ela, chamando-a de "vergonha para o jornalismo brasileiro".

Em seguida, ele reproduziu uma falsa notícia sobre a remuneração anual dela na TV Cultura. Durante o ataque, o deputado usou o celular para gravar seus atos contra a jornalista.

Devido às agressividades de Garcia, Vera precisou sair escoltada por seguranças do Memorial da América Latina — local onde aconteceu o debate.

Após o episódio, Vera Magalhães se manifestou no Twitter e repudiou o comportamento do deputado. "Não tenho medo de homem que ameaça e intimida mulher", escreveu.

Ela também afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência pela ameaça sofrida.

"Um país que condescendendo com esse tipo de ameaça à imprensa não é uma democracia plena. Basta!".

A agressão

Nas imagens, Douglas Garcia é separado de Vera por um segurança. Ele continuou repetindo ataques a ela até ter o telefone celular tomado pelo diretor de redação da TV Cultura, Leão Serva.

Em postagem no Twitter antes de começar o debate, o parlamentar bolsonarista exibiu o crachá de convidado e perguntou se Vera iria participar do evento.

Os vídeos da ameaça viralizaram nas redes sociais e gerou indignação de internautas e políticos.

O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, criticou o comportamento do deputado estadual.

"Lamento profundamente e repudio veementemente a agressão sofrida pela jornalista Vera Magalhães enquanto exercia sua função de jornalista durante o debate de hoje. Essa é uma atitude incompatível c/ a democracia e não condiz c/ o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa", escreveu.

Mais tarde, Vera Magalhães anunciou que Tarcísio a telefonou para manifestar solidariedade.

Os outros pré-candidatos ao governo do Estado Fernando Haddad (PT) e Rodrigo Garcia (PSDB) também repudiaram o episódios nas redes.

"Repúdio total ao ataque covarde sofrido pela jornalista Vera Magalhães pelo deputado Douglas Garcia em uma clara tentativa de ataque à liberdade de imprensa, método bolsonarista de intimidação contra a democracia", escreveu Haddad.

"Meu total repúdio ao ataque covarde que a jornalista Vera Magalhães sofreu, após o debate da TV Cultura, vindo de um sujeito que não representa os valores democráticos nem o povo de São Paulo. Minha solidariedade a você, Vera", escreveu o tucano.

Precedentes

Por outro lado, essa não é a primeira vez que Douglas Garcia tenta intimidar Vera Magalhães. Em 2020, ele e o também deputado estadual paulista Gil Diniz, conhecido como Carteiro Reaça (PL) acusaram a jornalista, no plenário da Assembleia Legislativa paulista, de receber R$ 500 mil por ano da Fundação Padre Anchieta, responsável pela gestão da TV Cultura, para atacar o presidente Bolsonaro.

Na ocasião, a apresentadora do programa Roda Viva desmentiu a informação e publicou que recebe R$ 22 mil por mês, o que totaliza um valor anual de R$ 264 mil, pouco mais da metade do valor novamente mencionado pelos parlamentares.

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