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Polícia de SP abre inquérito para investigar Camilo Cristófaro por racismo após vereador ter dito ‘não lavar a calçada…é coisa de preto, né?’

A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar o vereador Camilo Cristófaro (sem partido) pelo crime de racismo após ele ter dito uma frase

Polícia de SP abre inquérito para investigar Camilo Cristófaro por racismo após vereador ter dito ‘não lavar a calçada…é coisa de preto, né?’
Polícia de SP abre inquérito para investigar Camilo Cristófaro por racismo após vereador ter dito ‘não lavar a calçada…é coisa de preto, né?’

Redação Publicado em 05/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 11h56


Ele se desculpou dizendo que errou.

A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar o vereador Camilo Cristófaro (sem partido) pelo crime de racismo após ele ter dito uma frase racista na última terça-feira (3) durante sessão na Câmara Municipal de São Paulo. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (5) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), por meio de sua assessoria de imprensa.

De acordo com a pasta, a A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai apurar a declaração do parlamentar, que disse: “Não lavar a calçada…é coisa de preto, né?”. A fala de Cristófaro foi vazada num áudio do próprio vereador durante a sessão da CPI dos Aplicativos.

Ele participava remotamente da reunião. Depois, diante da repercussão do caso, o vereador se desculpou dizendo que errou, dizendo que “precisa passar por uma desconstrução desses preconceitos”.

“A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do DHPP instaurou inquérito policial para apurar o caso da última terça-feira (3). A especializada apura crime previsto no artigo 20 da Lei 7.716/89, cuja pena é de reclusão de 2 a 5 anos e multa”, informa nota divulgada pela pasta da Segurança Pública.

PSOL pediu investigação

Vereadores e deputados do PSOL registram pedido de investigação contra Camilo Cristófaro na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).  — Foto: Divulgação/C.M.S.P.

Vereadores e deputados do PSOL registram pedido de investigação contra Camilo Cristófaro na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). — Foto: Divulgação/C.M.S.P.

bancada de vereadores do PSOL já havia solicitado na quarta-feira (4) que a Decradi investigasse Cristófaro por racismo. No documento apresentado à Decradi, os vereadores Luana Alves, Érika Hilton, Paula Nunes e Celso Giannazi afirmam que “o termo ‘coisa de preto’ apresenta ofensa extensiva a toda a população negra, vez que é usado para atribuir a pessoas dessa origem étnico-racial práticas de cunho duvidoso, incompetente e desonesto”.

“A ofensa proferida é contra uma coletividade, toda uma raça, não há especificação do ofendido. (…) Enquanto problema social, o racismo manifesta-se pela depreciação do outro, sua inferiorização e exclusão dos bens materiais e simbólicos capazes de lhe garantir uma existência digna. Trata-se de uma ideologia de dominação e ódio, que funciona como um sistema de subalternização de pessoas com relação a traços físicos, elementos visíveis”, disse o requerimento protocolado na polícia.

“Não podemos mais aceitar o racismo na sociedade e nem na Câmara Municipal. Ou punimos aqueles que cometem racismo ou estaremos sendo coniventes com estas atitudes violentas contra a maioria da população brasileira”, disse a covereadora Paula Nunes, signatária do pedido.

O que diz o vereador

Em nota divulgada nesta quarta (4), o vereador Camilo Cristófaro admitiu que cometeu um erro ao usar o termo racista e disse que “precisa passar por uma desconstrução desses preconceitos”.

O parlamentar também afirmou que “apesar de ter tido uma fala racista”, ele “não é racista em suas atitudes”.

“Um errro…cometi um erro…Eu peço desculpas a toda população negra por esse episódio que destrói toda minha construção política na busca de garantia à cidadania dos paulistanos. Apesar de ter tido uma fala racista, eu não sou racista em minhas atitudes e com o tempo vocês terão a oportunidade de constatar isso”, declarou.

“Eu como humano tenho que me reconstruir para ser um vereador que combate qualquer forma de discriminação, principalmente quando mantenho valores de uma sociedade que está se transformando para melhor, onde todos devem ser respeitados. Venho de uma geração onde as piadinhas eram normais e preciso passar por uma desconstrução desses preconceitos”, finalizou.

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G1

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