O religioso fechou sua página do Facebook até o fim do 2º turno depois de ofensas
Vitória Tedeschi Publicado em 15/10/2022, às 09h26
O Padre Zezinho, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, fez uma postagem na última quarta-feira (12), Dia de Nossa Senhora Aparecida, denunciando ataques que ele, o papa Francisco e os bispos da Igreja Católica vêm recebendo e anunciou a sua saída das redes sociais até o dia 31 de outubro.
Cansei de abrir espaço para católicos super politizados, irados e insatisfeitos com nossa igreja. Estou me retirando até dia 31", publicou.
A data marca o fim do 2º turno da eleição presidencial, em 30 de outubro, que será disputado entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conhecido por décadas de trabalho na Igreja Católica e considerado precursor de padres cantores como Marcelo Rossi e Fábio de Melo, Padre Zezinho tem 1 milhão de seguidores em sua página no Facebook. Ele afirma que é chamado de "mau padre, comunista e traidor de Cristo e da Pátria" porque ensina a doutrina social cristã.
"Cansei de abrir espaço para católicos super politizados, irados e insatisfeitos com a nossa igreja. Estou me retirando até dia 31. Depois das ofensas de hoje contra o papa, contra os bispos,contra mim, com calúnias e palavras de baixo calão estou fechando esta página até dia 31 de outubro.
O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais que preferiram o seu partido político ao catecismo católico. São Paulo tinha razão quanto escreveu as epístolas a Timóteo e aos cristãos de Tessalônica. Não querem catequese, nem o Vaticano II, nem os documentos da CNBB, nem nenhuma orientação social e espiritual.
Já escolheram ser catequizados por dois poderosos políticos brasileiros. Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador para eles.
Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos, cujos documentos nunca leram. A Bíblia nada lhes diz. Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido. Padre bom é o que vota como eles. Quem ajuda a dialogar com a Bíblia na mão é visto como padre inútil, ateu, comunista ou ultrapassado. Nem o Papa argentino escapa.
Há 2 mil anos os escribas e fariseus e saduceus e outros quatro grupos políticos fizeram o mesmo com Jesus. Para estes religiosos radicais e ultra politizados, tudo o que ele dizia era errado. Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã.
Dia 31 voltarei a conversar com os católicos serenos que ainda querem catequese espiritual e social e comportamental. Os outros já decidiram. Não querem estes livros que usamos para ensinar a fé católica.
Espero que estes católicos irados que desqualificam qualquer bispo ou padre que ousa ensinar um fiel a pensar como católicos, consigam o que querem. Querem um Brasil direitista ou esquerdista, porque está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político, social e ecumênico".
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