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Padre Fábio de Melo revela que pensou em cometer suicídio várias vezes e cita os motivos

O clérigo detalhou momentos dolorosos de sua juventude no programa "Saia Justa"

Padre Fábio de Melo fala sobre suicídio no programa "Saia Justa" - Imagem: Reprodução/GNT
Padre Fábio de Melo fala sobre suicídio no programa "Saia Justa" - Imagem: Reprodução/GNT

Mateus Omena Publicado em 08/09/2022, às 11h03


O Padre Fábio de Melo, 51 anos, revelou recentemente que, durante a juventudade, passou por momentos difíceis e pensou em cometer suicídio.

Durante um bate-papo no programa “Saia Justa”, no GNT, com a apresentadora Astrid Fontenelle, ele explicou que viveu uma fase de profunda depressão e síndrome do pânico.

O clérigo também disse que levou um tempo até perceber do que se tratava o problema e reconhecer que precisava de ajuda.

“Eu precisei aprender a viver com a melancolia. São processos muito parecidos, mas a melancolia não é patológica, não é um processo que precisa ser cuidado. Ele precisa ser assimilado, interpretado”, afirmou.

Em seguida, o padre revelou que cogitou tirar a própria vida em momentos de intensa melancolia.

“Eu tive fases suicidas, muitas. A melancolia foi, em alguns momentos, muito penosa para mim. Eu não sabia interpretar aquilo. Só percebia que existia uma sombra na minha forma de ver o mundo”.

Por outro lado, Fábio de Melo alegou que sua personalidade também era um gatilho para o problema, pois sempre foi pessimista e teve poucos momentos de felicidade.

“Nunca fui uma pessoa naturalmente feliz. Meu olhar sempre foi mais melancólico, mas tristonho. Tendo a ver as coisas com mais pessimismo. Ao longo da minha vida, fui interpretando isso como uma característica que não é um defeito. É uma forma de ser”..

Loucura

Ao longo da entrevista, o padre apontou que havia uma fase de sua vida que era totalmente baseada no trabalho. Por conta das constantes exigências e cansaço físico e mental, ele chegou a ficar doente. Então, o estado melancólico se agravou.

“Chegou um momento em que a melancolia se tornou insuportável. Foi aí que eu identifiquei que eu tinha um processo de adoecimento, resultado de minhas escolhas. Eu sempre digo que eu acabei dando ao meu corpo um cuidado muito diferente do que me pedia a alma”, explicou.

Além disso, a fama também se tornou um elemento que trouxe mais ansiedade, pois significou não apenas mais trabalho, como também a exposição de sua vida. A condição afetou a saúde mental e contribuiu para a evolução do quadro de depressão e síndrome do pânico.

“Eu tinha uma rotina extremamente difícil, cheguei a fazer 28 shows por mês durante muitos anos. Foi uma exposição muito maior do que eu dava conta de suportar. Acredito que a depressão foi uma construção que eu não fui percebendo que estava acontecendo”.

O clérigo lembrou que seu quadro piorou quando perdeu uma irmã. Para lidar com a dor, ele se atirou no trabalho, mas logo percebeu que essa não era a solução, pois passou a sentir medo de tudo. Então, ele resolveu buscar ajuda médica.

“Compreendi que da mesma forma como eu preciso tomar um remédio para o coração ou pressão alta, o cérebro também precisa ser medicado. A gente tem muito preconceito com remédio psiquiátrico. Então, a gente não pode achar que é um remédio de louco”.

Com essa experiência, o padre aconselhou as pessoas a tratarem a depressão como um problema de saúde grave, que exige atenção e empatia de amigos e familiares da vítima. Além disso, ele ressaltou a necessidade de derrubar preconceitos contra problemas psiquiátricos e dar atenção à saúde mental.

“A depressão é um processo químico, que pode ser despertado por um estilo de vida, por uma perda não elaborada, um luto que não foi vivido. Eu tinha tudo isso. Eu sepultei a minha irmã e dois dias depois estava no palco cantando”.

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