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Lula enfrenta fragilidade na Câmara e projetos do governo podem estar comprometidos

Aliados de Arthur Lira mostram descontentamento com o governo

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Imagem: reprodução/Facebook
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 13/02/2023, às 13h45


Em sua nova fase como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece mais confiante em novos projetos e com sua base de ministros. No entanto, o cenário é bastante diferente em relação à Câmara dos Deputados, cuja base de apoio do petista é muito frágil.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o PT enfrenta dificuldades em consolidar sua influência na casa e isso ocorre não apenas pela resistñcia de partidos de direita, como também por divergências com outras siglas de esquerda.

Esse desafio também se notabilizou pela indefinição do PSD, partido de Gilberto Kassab, que nas últimas eleições, afirmou não ser de esquerda, nem direita. Além de não ter apoiado Lula durante a disputa contra Jair Bolsonaro (PL). Atualmente, o partido conta com 42 cadeiras na Câmara.

Por outro lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), pode se tornar o calcanhar de aquiles de Lula em sua relação com o Congresso, em razão de seus aliados se sentirem preteridos na divisão de cargos na Esplanada dos Ministérios.

Por causa disso, Lira está preparando uma série de projetos que contrariam os interesses do governo Lula, informou a revista VEJA.

Ao definir os ministérios, Lula deu privilégio aos principais caciques do Senado, relegando à Câmara dos Deputados pastas de menor relevância ou com áreas estratégicas compartilhadas com outras legendas.

Como foi o caso do Ministério do Turismo. Embora a pasta tenha sido entregue à deputada Daniela do Waguinho (União Brasil), a Embratur, principal braço operacional, foi encaminhada ao ex-deputado Marcelo Freixo, que recentemente migrou do PSB para o PT. A nomeação da parlamentar licenciada foi costurada diretamente com Lula, e não passou por negociações com o presidente da Câmara.

Além de reclamações, os deputados mais próximos de Arthur Lira criaram uma lista de ações para mostrar o descontentamento com o governo de Lula. A primeira delas é a medida provisória que restabelece o chamado voto de qualidade do Carf, o Conselho Administrativo de Regras Fiscais. A proposta foi enviada em janeiro pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para mudar os critérios de desempate e evitar que cerca de R$ 600 bilhões por ano de créditos tributários deixem de ser exigidos. Na última semana, o próprio Lira defendeu modulações ao texto.

Os mais próximos do presidente da Câmara criticam também a ideia do governo de transferir a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para a Casa Civil. “Chance zero de passar isso aqui”, diz um deputado.

Esse grupo de deputados também resistem à votação de uma proposta que impede o empréstimo de verbas do BNDES para países estrangeiros, já que Lula prometeu retomar os financiamentos ao exterior durante viagem recente à Argentina. No entanto, o projeto com esse conteúdo já foi apresentado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outras questões podem gerar problemas ao governo, como a criação de uma CPI para investigar desvios de quase R$ 50 milhões por compras feitas pelo Consórcio Nordeste durante a pandemia da Covid-19.

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