Envolvidos em esquema de licenciamento ambiental, empresários mencionam a necessidade de eleger Rosana para supostamente garantir apoio
Jair Viana Publicado em 13/09/2024, às 08h06
A Polícia Civil encontrou o nome da deputada federal Rosana Valle (PL), candidata a prefeita de Santos, numa investigação de corrupção envolvendo empresários influentes. Eles discutem sobre a necessidade de eleger Rosana prefeita.
Na troca de mensagens entre Rafael Braz e Paulo Gustavo Vieira, da PGV - Terraplenagem e Gerenciamento de Resíduos - eles falam claramente sobre a preferência pela deputada. "Temos que eleger a Rosana..." diz um deles.
Ponte Política
Na conversa divulgada pelo portal JovemPan entre os investigados, também citam o nome de Gustavo Renor Domingos, chefe de gabinete do deputado Tenente Coimbra , como um ator influente nas demandas ambientais. Coimbra também é coordenador do Partido Liberal (PL) na Baixada Santista e também da campanha de Rosana Valle.
Ao citarem Gustavo, discutem como buscar apoio político para suas operações, evidenciando uma proximidade entre o gabinete do deputado e os interesses empresariais investigados. Em uma das mensagens, datada de 9 de julho, Paulo Gustavo Vieira escreve: "Vamos pensar e ver a melhor solução agora, ver com o Gustavo [chefe de gabinete de Tenente Coimbra] se o deputado vai defender o cargo."
Essa menção, segundo investigadores, levanta questionamentos sobre o grau de envolvimento do deputado nas questões ambientais em discussão. Tenente Coimbra, além de ser coordenador do PL na Baixada Santista, também lidera a campanha de Rosana Valle à prefeitura de Santos.
Esquema na Cetesb
A Polícia Civil da Baixada Santista e o Ministério Público estão à frente de uma investigação que apura irregularidades em licenciamento ambiental envolvendo a PGV, FortNort e outras empresas parceiras. As acusações indicam que essas empresas se beneficiaram de facilidades dentro da Cetesb para obtenção de licenças e para evitar fiscalizações rigorosas em áreas de proteção ambiental em São Vicente.
As mensagens de WhatsApp trocadas entre os sócios da PGV, Paulo Gustavo Vieira e Rafael Braz, em 18 de maio de 2024, encontradas durante operações policiais, revelam preocupações e planos dos empresários em relação ao descarte irregular de resíduos. Em uma mensagem, Rafael Braz demonstrou claramente sua inquietação ao afirmar: "Temos que fazer direito, caracterizar a mineração em área irregular sem licença da ANM [Agência Nacional de Mineração] e Cetesb." A frase expõe a consciência dos envolvidos sobre as atividades irregulares que estavam sendo conduzidas.
Outro trecho das conversas, datado de 6 de abril deste ano, segundo investigadores, aponta para um esforço articulado para influenciar o cenário político local. Braz escreveu a Paulo Gustavo Vieira: "Temos que eleger a Rosana, em Santos." A frase deixa claro que a candidatura de Rosana Valle era vista pelo empresário como, supostamente, um meio estratégico para garantir as operações empresariais da PGV na Baixada Santista.
Cetesb e o envolvimento de servidores públicos
Segundo a Folha e a Jovem Pan, a investigação conduzida pelo Ministério Público e pelo Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA) também revelou que servidores da Cetesb teriam desempenhado um papel importante no esquema de facilitação de licenças. Segundo as investigações, a PGV contou com alterações de licenças de concorrentes, realizadas por agentes da Cetesb, para favorecer seus interesses, além de ajustes em sistemas de controle que permitiram à empresa continuar operando sem restrições. As investigações indicam ainda que esses ajustes foram realizados para facilitar a vitória da PGV em licitações e contratos na Baixada Santista.
Operação e buscas
Durante as operações policiais, as residências e escritórios dos sócios da PGV foram alvo de mandados de busca e apreensão, incluindo Paulo Gustavo Vieira, Rafael Braz, e o gerente da empresa, Rui Abel de Lara. Entre os materiais apreendidos estavam equipamentos eletrônicos, documentos e celulares, cujas mensagens serviram como base para a ampliação das investigações.
As mensagens extraídas dos celulares não deixam dúvidas sobre o foco dos empresários: manter suas atividades, muitas vezes irregulares, e garantir licenças, mesmo em áreas protegidas e sem os devidos estudos de impacto ambiental. Conversas como as citadas acima mostram que havia um claro entendimento entre os envolvidos sobre a importância de garantir apoio político local, e a candidatura de Rosana Valle aparece como peça-chave nos planos dos empresários.
A investigação continua, com o Ministério Público e a Polícia Civil aprofundando a análise dos materiais obtidos e da possível relação entre o chefe de gabinete do deputado Tenente Coimbra, Gustavo Renor Domingos, a campanha de Rosana Valle e os interesses empresariais que orbitam a PGV e seus parceiros. As autoridades ainda avaliam as ligações políticas envolvendo o nome de Gustavo.
Outro Lado
A equipe do Diário de S. Paulo entrou em contato com a assessoria da deputada federal Rosana Valle e o deputado estadual Tenente Coimbra que optaram por não se manifestarem sobre o assunto. No entanto, a reportagem permanece à disposição para acrescentar as versões dos fatos. O Diário também não conseguiu contato com as empresas envolvidas.
Fonte: Jovem Pan e Folha de S. Paulo
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