Diário de São Paulo
Siga-nos
Eleições 2022

Bolsonaro nega escândalos de corrupção e rotatividade de ministros no MEC: "As pessoas se revelam quando chegam"

O presidente fez a declaração ao Jornal Nacional nesta segunda-feira (22), em sabatina para as eleições

Presidente Jair Bolsonaro (PL) em sabatina no Jornal Nacional, com Renata Vasconcellos e William Bonner - Imagem: reprodução/TV Globo
Presidente Jair Bolsonaro (PL) em sabatina no Jornal Nacional, com Renata Vasconcellos e William Bonner - Imagem: reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 23/08/2022, às 13h52


Durante a sabatina do Jornal Nacional (TV Globo), o presidente Jair Bolsonaro negou a ocorrência de corrupção no Ministério da Educação (MEC), setor marcado também pela série de demissões e associações com pastores evangélicos.

A entrevista foi realizada na noite de segunda-feira (22) pelos apresentadores Renata Vasconcellos e William Bonner.

Ao ser questionado sobre a elevada rotatividade de ministros da pasta ao longo de seu governo, o presidente declarou que o ideal é não haver tantas instabilidades nesta área.

No entanto, ele demonstrou que não se responsabiliza pelos nomes indicados à liderança do MEC. Para ele, só depois que o ministro é nomeado é que é possível perceber que ele “leva jeito para aquilo”.

“As pessoas se revelam quando chegam. Atualmente, eu tenho um excelente ministro da Educação. Acontece. É igual a um casamento, muitas vezes. O ideal era não ter rotatividade nenhuma, mas acontece. Outros ministros foram trocados também”, disse.

Durante o mandato de Bolsonaro, o primeiro ministro a ser demitido foi Ricardo Vélez, quando tinha pouco mais de três meses no cargo depois de uma série de desgastes.

Seu substituto foi Abraham Weintraub, demitido em junho de 2020 por ter atacado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seguida, Carlos Decotelli foi nomeado para a liderança do MEC, mas pediu demissão antes mesmo de tomar posse devido à repercussão negativa sobre o fato do seu currículo conter informações falsas.

O quarto ministro foi Milton Ribeiro, demitido em março em meio a uma investigação sobre um esquema de tráfico de influência na pasta.

O atual ministro é Victor Godoy, que atuou como secretário-executivo de Ribeiro.

William Bonner relembrou o escândalo envolvendo as denúncias de corrupção contra o ex-ministro Ribeiro, que resultou em sua renúncia. Bolsonaro rebateu, manifestando que não houve irregularidades no ministério

“Escândalo do MEC? A saída é um escândalo?”, questionou o presidente.

O presidente também afirmou não haver indícios de desvio de verbas. “Cadê o duto do dinheiro vazando? Cadê o dinheiro? Cadê o dinheiro aparecendo? Você não sabe? Está me acusando?”, perguntou.

Em abril, um mês depois do início das investigações contra Milton Ribeiro, surgiram denúncias de utilização de recursos do FNDE, vinculado ao MEC, para a construção de obras inexistentes, as chamadas “escolas fake”.

Apesar da insistência de Bonner e Renata no tema, Bolsonaro continuou defendendo o ex-ministro do MEC.

“Muitas vezes, depois que a pessoa chega, a gente vê que ela não leva jeito para aquilo. Não foi só da Educação. Ele teve uma acusação. Ele teve uma ordem de prisão. Ele foi preso, inclusive. Conseguiu habeas corpus logo em seguida. O Ministério Público do DF foi contra a prisão dele. Eu fui contra a prisão dele. Por que? Não tinha nada contra ele. Se tiver hoje em dia, é outra história. Até aquele momento não tinha nada. A questão de ter dois pastores, que estavam no gabinete dele, qual o problema?”, finalizou.

O caso

O ex-ministro Milton Ribeiro, 64, é acusado de favorecer aliados de pastores evangélicos por meio de recursos do MEC, um deles a pedido do próprio presidente Jair Bolsonaro.

Ele também é investigado pela cobrança de propina em ouro de prefeitos de municípios menores para que tivessem acesso aos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Em junho, Ribeiro foi preso preventivamente em meio às investigações, sendo solto no dia seguinte após sua defesa entrar com pedido de habeas corpus.

Na entrevista ao JN, Bolsonaroreforçou que não se trata de um caso de um escândalo de corrupção, e justificou que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) teria se posicionado contra a prisão de Ribeiro “porque não tinha nada contra ele”.

O posicionamento contrário, na verdade, partiu do Ministério Público Federal (MPF), que entendeu que, naquele caso, havia outras medidas menos restritivas para impedir que Milton Ribeiro não utilizasse da influência para obstruir a investigação.

Compartilhe  

últimas notícias