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Polêmica

"Você está me estimulando a ser um ditador", dispara Bolsonaro para William Bonner em entrevista ao JN; assista

O presidente deu entrevista ao programa da Globo nesta segunda-feira (22) como candidato à reeleição este ano

Presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista para o Jornal Nacional, com William Bonner e Renata Vasconcelos - Imagem: Reprodução/TV Globo
Presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista para o Jornal Nacional, com William Bonner e Renata Vasconcelos - Imagem: Reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 23/08/2022, às 11h35


O presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, estava estimulando ele “a ser ditador” durante entrevista ao programa da TV Globo, na última segunda-feira (22). A resposta do político surpreendeu não apenas o jornalista, como também muitos eleitores.

A fala do presidente ocorreu depois que Bonner o questionou sobre sua aliança com o Centrão. Bolsonaro criticou o grupo em 2018, durante a campanha eleitoral, e afirmou que jamais “se misturaria” com os deputados e senadores da ala.

Naquele ano, o general Augusto Heleno, atualmente ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, chegou a fazer uma paródia musical criticando o centrão.

"Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão", cantou o general durante a convenção que oficializou a candidatura de Bolsonaro.

A mudança no tom do presidente gerou confusão entre seus aliados, especialmente porque nas Eleições passadas, ainda estava em vigor a Operação Lava Jato e Bolsonaro, enquanto candidato, a usava como discurso contra a corrupção e a maneira como o executivo trocava favores com membros do Congresso, para obter apoio.

Na época, ele prometeu construir o chamado governo sem “toma lá dá cá", que significa que as nomeações para cargos seriam técnicas, e não políticas.

Dessa maneira, o Planalto não seria vulnerável às pressões para se aliar a políticos em troca de apoio em questões de interesse do governo nas votações no Congresso Nacional.

Por outro lado, no início de seu mandato, Bolsonaro intensificou o relacionamento com os parlamentares que eram criticados em sua campanha, formando uma aliança especial.

“O centrão são mais ou menos 300 deputados. Se eu deixar de lado, vou governar com quem? Você está me estimulando a ser um ditador”, afirmou Bolsonaro.

“Eu candidato?”, questionou Bonner.

“São 513 deputados. 300 são de partidos de centro, pejorativamente chamado de centrão. O lado de lá, os 200 que sobram, pessoal do PT, PC do B, PSOL, Rede, não dá para conversar com eles, até não teriam número suficiente para aprovar nem sequer um projeto de lei comum. Você quer que eu não me relacione com deputados, com o Congresso?”.

E acrescentou: “Os partidos de centro fazem parte, grande parte da base do governo, para que nós possamos avançar em reformas, como temos avançado em muita coisa"

Bolsonaro justificou que se ele não se aliar ao “Centrão”, ele estará agindo contra o Congresso.

O presidente acrescentou que sem a aliança de certos deputados alguns programas jamais seriam aprovados, como por exemplo, o Auxílio Brasil.

“Como eu vou trabalhar com um parlamento sem me aliar com o Centro?”, perguntou Bolsonaro. Em seguida, Bonner voltou a responder o chefe do Executivo federal: 'Você está falando que eu estou estimulando o senhor a ser ditador?'", perguntou. "Sim, você está”, disse Bolsonaro.

“Por favor, candidato, não, longe de mim”, rebateu Bonner.

Em seguida, o apresentador do Jornal Nacional quis saber se Bolsonaro “sempre foi de Centrão”, como ele afirmou recentemente. Em resposta, o presidente disse que na sua época de parlamentar, o grupo não tinha esse nome.

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