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Terror

Natal tem fluxo paralisado e comércios semiabertos por medo de ataques; entenda

A capital e mais 27 cidades do RN vivem estado de alerta

Natal tem fluxo paralisado e comércios semiabertos por medo de ataques; entenda - Imagem: reprodução
Natal tem fluxo paralisado e comércios semiabertos por medo de ataques; entenda - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 16/03/2023, às 09h39


Desde a madrugada de terça-feira (14), Natal e mais 27 cidades do Rio Grande do Norte vivem em estado de alerta por conta de uma onda de ataques do crime organizado.

Tiroteios, depredações de prédios públicos, ônibus queimados e estabelecimentos saqueados, são alguns dos exemplos de ataques que aconteceram ao longo desses três dias.

O caos na região mudou completamente a rotina das cidades, aulas foram canceladas e o transporte público foi interrompido duas vezes. Em plena luz do dia, criminosos colocaram fogo em dois ônibus da zona leste de Natal, fato que levou a suspensão do serviço público.

Sem o transporte coletivo, as tarifas dos carros de aplicativo subiram muito, o que levou alguns passageiros a optarem por fazer os seus trajetos a pé.

Em entrevista ao TAB, a empregada doméstica Jackeline de Lima, de 45 anos, foi uma das pessoas que decidiram caminhar para conseguirem voltar para casa do trabalho. Segundo ela, "nem sabe ao certo" quanto tempo andou, mas percorreu mais de 20 quilômetros da casa da patroa em Cadelária, na zona sul de Natal, até Iguapó, na refião norte. "Foi inesperado, pegou todo mundo de surpresa. Tentei pegar o ônibus, mas não deu".

Avisos pelo zap

A população de Natal e das cidades do interior utilizam o Whatsapp como meio de comunicação. É pelo aplicativo que todos conseguem saber o que está acontecendo na cidade.

A administradora Shirley Cristiane, 36, trabalha no Centro Administrativo do Governo do Estado e diz que se assustou com o volume de mensagens circulando. "Do dia para a noite, a cidade virou um caos. Todo mundo comentando, com medo, apreensivo, sem saber o que fazer. A gente se sente muito insegura."

Shirley disse que ficou sabendo dos ataques também pelas redes sociais. "Vi nos grupos que muita gente estava compartilhando fotos e vídeos, muitas vezes falsas, mas pela quantidade de informação a gente desconfia que algo está acontecendo. Logo vi nos portais a situação e consegui me organizar para sair do trabalho e ir para casa antes que os ônibus parassem. Foi um desespero, ônibus abarrotados, gente com medo de arrastão, falando com familiares preocupados".

As redes sociais foram um fator determinante para a disseminação do medo e do terror na população, o que alterou completamente o cotidiano da cidade. O sociólogo e especialista em segurança pública Francisco Augusto Cruz explicou como as redes sociais podem ser danosas nessas situações.

"É importante salientar que nesse contexto também circulam informações não checadas, o que de certa forma cria uma sensação de pânico generalizado", disse.

E a polícia?

No último balanço, a Polícia Militar informou que 30 suspeitos - incluindo um adolescente - foram presos, três foragidos da Justiça foram recapturados, um tornozelado foi capturado com uma arma de fogo e outro tornozelado com um galão de gasolina.

A PM ainda afirmou que sete armas de fogo foram apreendidas, um sumulacro de arma de fogo 30 artefatos explosivos, oito galões de gasolina, cinco motos e dois carros, além de dinheiro, drogas e munições. Ao todo, as ocorrências foram registradas em 28 cidades.

Sem segurança nas ruas, as escolas privadas de Natal suspenderam as aulas nesta quarta-feira (15), medida que também foi adotada em faculdades públicas e privadas. Até mesmo a coleta de lixo domiciliar foi suspensa em cidades da Região Metropolitana.

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