Mulher conta que acidente ocorreu rapidamente e entrou em pânico quando viu o filho ferido no chão
Mateus Omena Publicado em 08/08/2022, às 11h54
A mãe de João Gabriel Cardim Guimarães, adolescente morto após ser atropelado na calçada da orla da Barra da Tijuca (RJ) pelo modelo Bruno Krupp, relata o momento de desespero ao socorrer o filho ferido e a dor da perda.
O incidente aconteceu na semana passada e gerou comoção nacional. Krupp estava pilotando uma moto sem habilitação e foi preso em seguida.
Em entrevista ao programa Fantástico (TV Globo), Mariana Cardim de Lima lamenta a morte de seu único filho, que tinha apenas 16 anos.
"Era a pessoa mais importante, pela qual acordava, eu ia dormir", disse a mãe.
Mariana recorda a cena do incidente, no qual ela e João Gabriel atravessavam uma avenida à beira mar, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro em direção à praia, quando foram surpreendidos por Bruno Krupp, que invadiu a calçada e atropelou o garoto. No momento do impacto, ele teve a perna amputada.
“Antes da gente atravessar, a gente olhou, e estava muito distante mesmo os carros e não tinha nenhuma projeção de nada perto da gente, mas em segundos ele, a moto estava em cima dele, e aí eu já perdi a noção do que que eu estava vendo. Eu vi a perna dele voando, eu vi o meu filho estendido no chão, me pedindo socorro. Eu comecei a gritar e pedir ajuda a todo mundo”, disse Mariana.
O episódio foi registrado pelo circuito de câmeras de segurança no local. A mulher que aparece correndo nas imagens em direção a mãe e filho e que se abaixa ao lado deles é a médica mineira Priscila Rocha, que passava por acaso no local do atropelamento.
Procurada pelo programa, a médica explica a gravidade dos ferimentos de João Gabriel e o momento de pânico sofrido pela mãe.
“Iniciei as massagens cardíacas. Em pouco tempo, ele abriu os olhos e comentou que estava doendo um pouco o tórax. E aí eu perguntei o nome dele, vi que ele estava consciente. Tentei acalmá-lo, acalmar a mãe também”, contou Priscila.
Mãe e filho tinham acabado de sair de uma confraternização familiar. Eles decidiram atravessar a avenida para passar na praia antes de ir pra casa. “A gente ia por no pé na areia, pegar a energia do mar, a gente sempre agradece, eu sempre ensinei a ele a agradecer, agradecer por tudo”, afirmou Mariana.
João Gabriel foi levado para o hospital, passou por uma cirurgia e não resistiu.
Durante as investigações, a polícia divulgou recentemente que Bruno Krupp tinha sido parado em uma blitz da lei seca três dias antes do atropelamento, com a mesma moto sem placa, e se recusou a fazer o teste do bafômetro.
As autoridades informaram também que o modelo é investigado por estelionato - e que em julho, uma mulher registrou um boletim de ocorrência contra ele por violência sexual. Uma jovem de 21 anos foi até a delegacia acompanhada do pai e contou que foi estuprada pelo modelo.
Em seguida, uma mulher de 28 anos, cuja identidade é mantida sob sigilo, ao saber da denúncia deste caso pelos jornais, postou na sua rede social que passou pela mesma situação seis anos atrás. Ela conta que teve vergonha de denunciar na época, mas foi até a delegacia esta semana e fez um boletim de ocorrência.
Depois que ela postou seu relato nas redes sociais, mais de 40 mulheres enviaram mensagens afirmando que também foram estupradas porKrupp - e que também tiveram vergonha e medo de denunciar. Uma outra mulher, de 28 anos, chegou a fotografar as marcas da violência que o modelo deixou.
As acusações de estupro estão sendo investigadas. A investigação do atropelamento também está em andamento. O modelo responde por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.
Bruno Krupp foi levado no último sábado (6) para a unidade de pronto-atendimento do Complexo de Gericinó, em Bangu (RJ). Ele estava em um hospital desde o dia do atropelamento, já com prisão preventiva decretada.
O modelo foi enviado para o presídio depois que a polícia encontrou contradições entre o laudo do hospital, que o liberava para receber alta - o que permitiria que ele fosse levado para unidade prisional -, e o laudo de um médico contratado pela própria família do modelo, que solicitava que ele fosse transferido para uma UTI. Para a polícia, foi uma tentativa de obstrução das investigações.
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