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Investigação

Exército apura se armas desaparecidas estão com criminosos no RJ

Um Inquérito está sendo presidido para apurar se as armas que sumiram do arsenal de guerra foram compradas por traficantes do Rio de Janeiro

Um Inquérito está sendo presidido para apurar se as armas que sumiram do arsenal de guerra foram compradas por traficantes Rio de Janeiro - Imagem: Reprodução/Freepik
Um Inquérito está sendo presidido para apurar se as armas que sumiram do arsenal de guerra foram compradas por traficantes Rio de Janeiro - Imagem: Reprodução/Freepik

Ana Rodrigues Publicado em 19/10/2023, às 11h13


Um Inquérito Policial Militar está sendo presidido pelo Exército brasileiro, para apurar se as armas que sumiram do arsenal de guerra de Barueri, na Grande São Paulo, foram compras por traficantes de drogas no Rio de Janeiro.

Essas suspeitas aumentaram depois que os responsáveis pelo IPM tiveram acesso a um vídeo mostrando criminosos do estado fluminense olhando as armas. Segundo oUOL, foi apurado que os militares analisaram as imagens e reconheceram o armamento.

Na última terça-feira (17), o repórter Fábio Diamante, do SBT, noticiou que realmente as armas foram oferecidas para criminosos do Rio de Janeiro. A reportagem adiantou que os militares encarregados pelo IPM receberam a prova de policiais do Rio e reconheceram as armas nas imagens.

Entretanto, uma fonte da Polícia Federal, descartou a possibilidade de facções criminosas do Rio terem comprado as armas. Segundo o integrante da PF, os cariocas só adquirem armamento em bom estado.

Esse sumiço das armas foi notado no último dia 10, quando 480 militares da unidade ficaram aquartelados para prestar depoimento sobre o caso. Foram levadas 13 metralhadoras calibre .50, capazes de derrubar aeronaves e perfurar blindados, e outras oito de calibre 7,62 mm, também com alto poder de fogo.

As investigações iniciais apontam que os envolvidos no furto teriam oferecido cada metralhadora calibre .50 por R$ 180 mil para traficantes de drogas do CV (Comando Vermelho), a principal organização criminosa fluminense.

Até ontem, 50 militares do arsenal de guerra de Barueri foram ouvidos no IPM aberto para apurar o caso. Pelo menos 160 militares continuavam aquartelados.

O Exército em nota, informou que os armamentos que sumiram são inservíveis e foram recolhidos para manutenção. A nota explicou que as metralhadoras estavam na unidade técnica, aguardando o processo de desfazimento e destruição, pois a reparação das armas era inviabilizada.

Em São Paulo, as autoridades também investigam há décadas o PCC (Primeiro Comando da Capital) e dizem que as armas também podem ter sido oferecidas para integrantes da facção paulista.

Uma fonte do Ministério Público Estadual comentou que as investigações podem chegar até o PCC e que em breve haverá novidades. Ainda afirmou que ter certeza de que militares do Exército supostamente envolvidos no furto foram cooptados pelo crime organizado para desviar o armamento.

O professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipanni também acredita no envolvimento de facções criminosas, especialmente o PCC, com os responsáveis pelo sumiço das armas.

Na avaliação dele, o PCC, pelo histórico de grandes assaltos a bancos com armas potentes em várias regiões do Brasil, é um dos principais interessados nessas metralhadoras para continuar concretizando as ações criminosas do grupo. 

Já a alegação do Exército de que as armas são "inservíveis", Alcadipani argumentou, após conversar com especialistas na Itália, que torneiros mecânicos podem montar as armas e torná-las operacionais. Os especialistas explicaram ao professor da FGV que essas armas de guerra são rústicas e fáceis de reparar e que o potencial de destruição é grande, oferecendo muito perigo, principalmente nas mãos do crime organizado.

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