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Saúde

Médico receita sorvete e jogo 'Free Fire' para menino com sintomas gripais em UPA

O atendimento fora do comum ocorreu em 18 de maio, em Osasco, na Grande São Paulo

A mãe da criança divulgou a receita médica estranha - Imagem: reprodução/TV Globo
A mãe da criança divulgou a receita médica estranha - Imagem: reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 30/05/2023, às 11h56


Um médico deixou uma mãe de queixo caído após receitar sorvete de chocolate e "Free Fire", um jogo de ação disponível no celular, para o filho com sintomas gripais. No documento, também foram listados remédios como amoxilina e dipirona.

O atendimento fora do comum foi realizado na UPA Jardim Conceição, em Osasco, na Grande São Paulo, na madrugada do dia 18 de maio, segundo a TV Globo.

Após chegar em casa e mostrar a receita para um parente, Priscila da Silva Ramos, mãe do menino de 9 anos que foi atendido, percebeu que o médico tinha debochado dela e da criança.

"Como meu filho vai tomar sorvete de chocolate? Ele está com a garganta inflamada", disse a mulher, em entrevista à Globo.

Ela explicou que o menino apresentava "tosse, sinais fortes de gripe, dor de garganta, tonturas e começou a vomitar" próximo ao horário em que foi levado ao hospital.

No atendimento, Priscila contou que o médico não examinou a criança, apenas perguntou o que ele estava sentindo e "começou a receitar um monte de remédio. Alguns eu conhecia, como dipirona, os outros eu não conhecia, e ele não me explicou nenhum".

Em seguida, o médico perguntou para o menino se ele queria "sorvete de chocolate ou morango". Ele optou por chocolate "e aí o médico prescreveu na receita: sorvete de chocolate duas vezes ao dia mais Free Fire diariamente".

Segundo as investigações, o médico está atualmente com o CRM ativo no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), mas não tem especialidade registrada. No carimbo da receita, ele se identifica como neurologista.

A mãe também denunciou outro problema: a UPA não tem farmácia. De onde fica localizada a UPA até uma farmácia gratuita são cerca de 15 minutos de distância a pé. Priscila conseguiu buscar remédio para medicar o filho no dia seguinte ao ocorrido.

Questionado pela imprensa, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) afirmou não ter sido notificado oficialmente sobre o caso e que "após o recebimento da denúncia, o Conselho iniciará o processo apuratório do caso em questão".

Já a Prefeitura de Osasco disse, em nota, que Gabriel chegou à unidade com quadro de nasofaringite aguda. De acordo com o exame físico descrito em prontuário pelo médico, a criança encontrava-se com quadro inflamatório agudo e sem sinal de gravidade da doença.

"O médico refere ter prescrito o sorvete para alívio da dor, já que a ingestão de gelado exerce efeito anestésico e assim a criança conseguiria se alimentar durante a fase aguda da doença."

A prefeitura acrescentou que, "devido à conduta indevida com o paciente e seus familiares e o não esclarecimento das condutas tomadas, o médico foi desligado do quadro de prestadores de serviços."

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