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Free Fire: ex-gandula e catador constrói casa para mãe graças ao jogo

Diversas histórias no Free Fire são contadas pela mudança drástica na vida dos jogadores e criadores de conteúdo. A história de Fábio "Baiano" também teve um

FREE FIRE
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Redação Publicado em 16/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h56


Streamer Baiano trabalhou como gandula, catador de lata e garçom até se consolidar no Free Fire

Diversas histórias no Free Fire são contadas pela mudança drástica na vida dos jogadores e criadores de conteúdo. A história de Fábio “Baiano” também teve um reviravolta, e esse conto começa no interior do Ceará, a quase 500 da capital Fortaleza. O streamer de 25 anos passou fome, dormiu em colchão sem espuma, trabalhou como catador de lata, gandula e garçom até estourar no Free Fire. Atualmente, é contratado da FURIA e está realizando o sonho da família: construir uma casa.

O começo

O streamer nasceu em Juazeiro, na Bahia, e atualmente mora com a mãe Francisca em Juazeiro do Norte, no Ceará. Dona Francisca viveu desde 2011 com a pensão que o falecido marido deixou. Por um acúmulo de dívidas no cartão feito por uma pessoa próxima, Dona Francisca foi catar latinhas com o filho em 2018, emprego que rendia R$ 15 semanais e durou até 2020.

Fabio "Baiano" mostra casa em que morava até 2020

Fabio “Baiano” mostra casa em que morava até 2020

– Nossa vida nunca foi fácil, passamos muita fome, pois uma pessoa da minha familia fez dividas no cartão de minha mãe e acabamos perdendo mais da metade do que ganhava por mês. Minha mãe dormia na rede, o colchão da minha cama não tinha mais espuma e eu dormia praticamente na madeira. Nosso sofá era a mesma coisa. Nossa renda mensal era de R$ 200, com isso tivemos que sair para arrumar dinheiro para nos alimentar. Já trabalhei catando latinhas, bolinhas de tênis, conseguia algumas coisas pelo bairro e tentava vender – relembrou.

Entre as coisas que encontrava pela rua, estavam armários, ferros, e qualquer coisa que desse para vender. Com o que recebeu nesse “comércio” comprou uma estante usada para apoiar a TV tubo de 24 polegadas, que ficou com a família até o ano passado. Por um tempo, Baiano e dona Fátima também tiveram dificuldade em botar comida na mesa. A alimentação era restrita na casa da família.

– Em casa eu almoçava pão com arroz na maioria das vezes, pois era muito difícil ter carne em casa – relatou Baiano.

A virada

Aos 20 anos de Baiano, dona Fátima presenteou o filho com o primeiro celular, fruto de muita economia. Durante três anos, o aparelho foi a principal ferramenta de trabalho de Baiano. Não dava retorno financeiro, porém aproximava mais o rapaz do sonho de ser streamer e viver disso.

– Quando era menor eu corria bastante, eu era do atletismo. Corri até meus 15 anos e depois parei pra trabalhar, ajudar em casa e também por causa da escola, mas o que eu tinha em mente mesmo era trabalhar com vídeo game, ser streamer…viver disso. A realidade era muito longe pra mim por que o celular que eu tinha era quebrado com tela trocada três vezes. Minha segunda opção era ser professor de educação física – contou.

Mesmo com o celular quebrado, Baiano focou na carreira de streamer, gravava vídeos e postava na internet. Em 2019, o conteúdo começou a ficar popular pelo teor “humorístico”. O público acabava se divertido com a raiva que rapaz passava com o celular durante uma partida. Foi em 2020 que os vídeos começaram a ser monetizardos e a vida financeira da família começou a tomar novos rumos.

Baiano e a mãe Dona Fátima — Foto: Arquivo Pessoal

Baiano e a mãe Dona Fátima — Foto: Arquivo Pessoal

A concretização do sonho

A mudança veio quando Felipe Nascimento, amigo e atual empresário de Baiano, se ofereceu para configurar seus vídeos. As adaptações ajudaram a impulsionar o conteúdo. Depois veio Fulvio Sirotto, amigo de Felype, que também acreditou no streamer e investiu cerca de R$ 30 mil em equipamentos.

– No começo da pandemia eu estava conseguindo de 50 a 70 milhões de visualizações mensais no Facebook, consegui meu primeiro computador e todos equipamentos necessários para lives através do Felype e do Fulvio. Em junho do ano passado fiz minha primeira live que atingiu a marca de 16 mil pessoas ao vivo no Facebook. Rapidamente, consegui contrato com o time da FURIA que me acolheu muito bem e também com a plataforma da Twitch, onde faço minhas lives – contou.

O contrato com a FURIA, eleita a melhor organização de 2020 no Prêmio Esports Brasil, veio em setembro após chamar a atenção dos caçadores de talentos dos Panteras.

– Conheci o Baiano por indicação da Jojo (streamer da FURIA), nossos streamers estão sempre de olho em talentos que combinam com a FURIA e nossos objetivos. Ela comentou de um youtuber de Free Fire que estava crescendo muito sua página no Facebook, eles tinham jogado juntos e tinha sido muito divertido. Achei ele um criador de conteúdo muito genuíno e que se conectava muito com o público de Free Fire – comentou Martin Kothe, stream manager da FURIA, sobre a contratação.

Também em setembro, depois de muita luta, Baiano saiu da casa em que vivia e foi morar de aluguel em um espaço melhor. Em julho de 2021, mais uma oportunidade surgiu: a de construir uma casa, sonho antigo da dona Fátima. A casa é três vezes o tamanho da antiga morada. A previsão é que fique pronta até o começo de dezembro.

– Nossa primeira casinha, do nosso jeitinho, com muito suor, depois de muitas dificuldades estou conseguindo realizar o sonho da minha mãe, e dar tudo o que ela quer, pois o que ela passou na vida eu não desejo para ninguém. Ela merece o dobro de tudo isso. Atualmente ela não precisa mais fazer nada, eu faço tudo para ela, tudo que ela precisa ela tem, ela vai para a igreja, cabelereiro, manicure e shopping. Aqui em casa, a feira sou eu quem faço. Ela só cuida da casa e cozinha, de tudo que ela passou, agora ela vai descansar e ter o melhor para a vida dela – celebrou Baiano.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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