O hospital que Bolivar é sócio impediu que ela fosse transferida e dificultou a entrada de policiais na unidade
G1 Publicado em 19/07/2022, às 08h24
Bolívar Guerrero Silva, o cirurgião plásticoequatoriano preso por manter uma paciente em cárcere privado em um hospital particular, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após complicações em cirurgias estéticas feitas na mulher, responde a pelo menos 19 processos na Justiça.
Mulher detalha efeitos de suposto erro médico em cirurgia de estética em hospital de Duque de Caxias: 'Não vejo meu umbigo'
Além das ações judiciais, Bolivar também já foi preso. Em 2010, a Polícia Civildeflagrou a Operação Beleza Pura, que terminou com a prisão de oito médicos, entre eles o cirurgião equatoriano.
Na ocasião, ele foi acusado de aplicar um medicamento para preenchimento facial sem registro na Anvisa, além de outros falsificados.
Segundo as investigações, o produto pirata era fabricado em Goiás e distribuído em clínicas de estética no Rio.
Morte durante lipoescultura
No currículo de Bolivar também consta a morte de uma paciente, durante uma lipoescultura, em 2016. A família da paciente acusou o médico de imprudência.
Bastante popular na internet, Bolivar trabalha em Duque de Caxias desde 1996. Apenas em uma das redes sociais, o cirurgião conta com quase 40 mil seguidores.
Médico é preso por suspeita de manter paciente em cárcere privado no RJ — Foto: Reprodução/TV Globo
Na internet, o médico se apresenta como 'especialista em cirurgia estética e reparadora' e posta fotos e vídeos de pacientes que passaram por suas mãos.
Homenageado em Caxias
Mesmo com tantos problemas judiciais envolvendo o médico, em outubro de 2018, Bolivar foi homenageado na Câmara dos Vereadores de Duque de Caxias com o título de cidadão caxiense.
O título foi concedido pelo vereador na época, Junior Reis, irmão do atual prefeito de Duque de Caxias Washington Reis.
O hospital onde ocorreu o caso da paciente encontrada por, segundo a polícia, ter sido mantida em cárcere privado, também teve seus problemas com as autoridades. Em janeiro de 2017, a Vigilância Sanitária Estadual interditou um setor do Hospital Santa Branca. A Central de Material Esterilizado foi fechada. A Secretaria de Saúde alegou que a unidade não tinha estrutura física adequada e apresentava processos de trabalho inadequados.
Relembre o caso
Bolivar foi preso na última segunda-feira (18), quando estava dentro do centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, clínica que ele é sócio.
O cirurgião é acusado de manter Daian Chaves Cavalcanti, de 36 anos, em cárcere privado na unidade de saúde. Segundo a polícia, a mulher está em estado grave, com várias complicações após ter feito uma cirurgia plástica.
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Daian tentou ser transferida de hospital, mas o cirurgião dificultou a transferência. Ela está internada desde junho desse ano.
Além de prender o cirurgião plástico, os agentes foram à unidade de saúde para resgatar a mulher. Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e de condução coercitiva no Hospital Santa Branca.
O médico está preso temporariamente e vai responder por cárcere privado e associação criminosa. Vários funcionários da equipe médica também foram intimados a prestar depoimento.
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