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Ciência

Pesquisa afirma ter criado o 1º embrião sintético usando células-tronco; entenda

No Brasil, esse tipo de experimento é considerado ilegal e antiético

O estudo foi lançado por pesquisadores dos Estados Unidos e Reino Unido - Imagem: Freepik
O estudo foi lançado por pesquisadores dos Estados Unidos e Reino Unido - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 18/06/2023, às 09h19


Uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos e Reino Unido anunciou recentemente que criaram, pela 1ª vez na história da ciência, versões sintéticas de embriões humanos a partir de células-tronco sem o uso de óvulos ou espermatozóides.

Apesar de parecerem embriões reais em estágio inicial de desenvolvimento, os modelos não contam com todas as características de um embrião natural: não têm um coração em funcionamento nem estrutura cerebral, mas possuem células que, em gestações humanas, mais adiante levariam à formação da placenta, do saco vitelino e do próprio embrião.

Mesmo assim, ainda não se sabe se essas estruturas seriam capazes de continuar se desenvolvendo caso implantadas em um útero humano. De qualquer maneira, no Brasil, tal procedimento seria ilegal.

Os cientistas responsáveis por esse experimento afirmam que desejam entender por que gestações falham, preocupação crescente em meio à popularização de métodos de fertilização assistida. Há ainda a expectativa de que os resultados possam contribuir para o estudo de doenças genéticas.

A pesquisa é liderada por Magdalena Żernicka-Goetz, da Universidade de Cambridge e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e foi apresentado na última quarta-feira (14) em Boston (EUA) durante uma reunião da ISSCR (Sociedade Internacional para Pesquisa em Células-Tronco, na sigla em inglês).

Por enquanto, não há nenhuma previsão de uso clínico desses embriões, mas a pesquisa suscita debates de ordem ética e legal.

Os embriões naturais são fertilizados em laboratório a partir de óvulos e espermatozóides e só podem ser cultivados legalmente por até 14 dias. Enquanto isso, os embriões sintéticos do estudo não são cobertos por legislação específica e teriam sido cultivados até atingir um estágio além dessa marca: o da gastrulação, quando o embrião deixa de ser um aglomerado de células idênticas e passa a formar unidades distintas que, posteriormente, formarão estruturas básicas para o desenvolvimento de um feto.

Os pesquisadores responsáveis pelo experimentos já haviam provado antes ser possível criar um embrião de camundongo a partir de células-tronco, dotado de trato intestinal, princípio de cérebro e um coração pulsante.

Um teste feito com os roedores teria demonstrado que os embriões sintéticos seriam quase idênticos aos naturais, mas eles não sobreviveram à implantação uterina.

Em abril, cientistas chineses replicaram o experimento em macacos, mas nenhum embrião se desenvolveu por mais do que alguns dias após a implantação uterina.

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