Marcus Vinicius de Freitas Publicado em 07/09/2022, às 08h00
Embora vivamos numa época de constante revisionismo histórico, existem lições do passado que podem oferecer perspectivas quanto à tomada de decisões. Dos livros da história, Hernán Cortes, o grande colonizador do México, é importante recordar. Cortés chegou ao Novo Mundo com seiscentos homens e, após haverem chegado às Américas, fez história ao destruir todas as embarcações. Cortés tinha uma missão e a mensagem enviada a seus camaradas era clara: não há retorno. Dois anos mais tarde, este nível de determinação levou-o à conquista do Império Asteca.
Ao proclamar a Independência do Brasil, com o Grito “Independência ou Morte”, Dom Pedro sabia que, à semelhança do ato de Hernan Cortés de queimar as embarcações, estava cortando, em definitivo, as conexões com o Velho Continente e criando uma nação no Novo Mundo. A partir daquele 7 de Setembro de 1822, o Brasil passava a ser independente, responsável por sua própria trajetória e caminhada. Antevendo os desafios que um regime republicano, à semelhança das experiências caudilhescas que tomavam conta da América Latina, poderia causar, Dom João VI, amante do Brasil e o maior incentivador do destino grandioso que o País poderia ter, já aconselhara Dom Pedro a não deixar os destinos da nação caírem nas mãos de aventureiros. Dom João VI não via o futuro na Europa. Era a selva tropical indomada, de gente miscigenada e enorme diversidade que o jovem Pedro deveria emancipar para atingir seu destino histórico.
Aqui e ali, sempre existem aqueles que pretendem diminuir a importante atuação histórica de Dom Pedro. Da repetida história dos jumentos que subiram a serra a um suposto desarranjo intestinal, muito se faz para desprestigiar aquele momento sagrado do nascimento desta nação brasileira. Os historiadores tendem a não compreender a magnitude da ação geopolítica do jovem príncipe num país que tinha uma enormidade de desafios à frente. Da independência à Constituição outorgada em 1824 – a mais longeva porque foi pensada para lançar as bases para que a nova nação tropical se desenvolvesse – Dom Pedro garantiu ao Brasil um processo de independência muito mais pacífico do que aquilo que se viu em outras colônias pelo mundo naquele século e até mesmo no século XX.
O processo de reconhecimento do Brasil decorreu de tratados firmados com Portugal e Inglaterra. Para evitar o derramento de sangue, Dom Pedro I optou por indenizar a Portugal, o que afetou as finanças do novo Império e o desgastaram politicamente. Além disso, com a morte de Dom João VI em 1826 e o risco de sucessão em Portugal, Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em 7 de abril de 1831, retornando a Portugal. A bordo da nau Warspite, Dom Pedro I, que deixara no Brasil seu pequeno filho de cinco anos, escreveu uma carta em que afirmava: “Deixar filhos, pátria e amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra ilibada, não pode haver maior glória. Lembre-se sempre de seu pai, ame a sua e a minha pátria, siga os conselhos que lhe derem aqueles que cuidarem na sua educação, e conte que o mundo o há de admirar, e que me hei de encher de ufania por ter um filho digno da pátria. Eu me retiro para a Europa: assim é necessário para que o Brasil sossegue, o que Deus permita, e possa para o futuro chegar àquele grau de prosperidade de que é capaz. Adeus, meu amado filho, receba a benção de seu pai que se retira saudoso e sem mais esperanças de o ver.” Este é o Dom Pedro I que muitos insistem em macular a personalidade e a história. Preocupado com a paz no Brasil, confiante no futuro glorioso do País, e esperançoso de que seu filho fosse digno da pátria que o teria como futuro imperador.
Infelizmente, o complexo “viralatesco” de muitos que insistem em não transformar este florão da América numa nação à altura de suas potencialidades condena o País a sobreviver aquém de suas inúmeras e infinitas possibilidades. O Brasil, diferentemente de seus vizinhos sul-americanos, desenvolveu uma personalidade única na região. A nossa herança lusitana nos diferencia substancialmente de nossos vizinhos. Portugal nos legou um histórico de grandes descobrimentos e um espírito aventureiro, além de uma percepção global positiva. Mas foi a miscinegação ocorrida no Brasil que criou nos trópicos um império que caminhava para tornar-se uma potência global, uma terra de diversidade ambiental insuperável.
Ao proclamar a Independência do Brasil, Dom Pedro iniciou, há duzentos anos, uma caminhada de construção de uma nacionalidade. Neste bicentenário, quando olhamos para trás, devemos alegrar-nos com a trajetória que este País construiu, apesar dos seus desafios. É claro que há muito a melhorar. Mas nenhuma nacionalidade se constrói, de modo consistente, de um dia para o outro. É fruto de séculos de história, sangue, suor e lágrimas. Para aqueles que não são otimistas quanto ao futuro, o conselho é sempre o seguinte: não confunda o país com o governo. Governos passam, países ficam. O Brasil é um país espetacular, só que, depois do Império, tem sido muito mal gerenciado. Mas uma hora o Brasil acerta.
É uma pena que neste 7 de Setembro não estejamos celebrando tanto quanto deveríamos a nacionalidade brasileira. Para mim, que tive o privilégio de conhecer muito deste vasto - e pequeno - mundo, tenho o orgulho, de reconhecer sempre que “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá.” As palavras de Olavo Bilac deveriam estar inscritas e esculpidas na mente e coração de cada indivíduo que tem a honra de ter nascido nesta terra tropical abençoada: “Criança, não verás país nenhum como este. Imita na grandeza a terra em que nasceste”. Feliz 7 de Setembro, Brasil!
Policial de 21 anos é arrebatado por facção criminosa no Guarujá
ONLYFANS - 7 famosas que entraram na rede de conteúdo adulto para ganhar dinheiro!
Após vídeos de sexo vazados, MC IG faz anúncio polêmico ao lado de Mari Ávila
João Guilherme não aguenta mais e abre o jogo sobre sua sexualidade
A experiência democrática chinesa
Henrique e Juliano estão fora de tributo a Marília Mendonça; entenda o motivo
Fortaleza x Red Bull Bragantino: confira horário e onde assistir ao jogo do Brasileirão
Mega-Sena: prêmio acumula e vai a R$ 6,5 milhões; veja como apostar
Documentário sobre Davi, campeão do BBB24, ganha data de estreia; veja quando
Britney Spears faz acordo com o pai e encerra disputa legal