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COLUNA

Cadê o Luca?

Luca Angerami. - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Luca Angerami. - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Fabiana Sarmento de Sena Angerami

por Fabiana Sarmento de Sena Angerami

Publicado em 08/05/2024, às 08h04


Como já contado nesta coluna, há 25 dias o soldado da polícia militar Luca Angerami, 21, foi sequestrado por criminosos de uma facção que luta pelo controle do tráfico de drogas na Baixada Santista e, pelo que apontam as investigações, pelo simples fato de ser policial foi julgado e condenado pelo cognominado “Tribunal do Crime”.

Não é de hoje que o Governo do Estado de São Paulo vem deflagrando inúmeras operações visando o combate sistemático ao crime organizado no Estado e, em especial, em nosso Litoral. Não é de agora que nosso Governo, por meio de nossas policias, vem criando e recriando mecanismos a fim de dar segurança à população e eliminar a mácula do crime que, principalmente, por intermédio do tráfico de drogas e de armas, vem dissipando a paz, arrasando núcleos familiares e, em consequência, lacerando todo o tecido social.

Seguidamente a uma série de episódios violentos, somado ao recente desaparecimento do soldado Luca, as polícias civil e militar têm concentrado esforços e ações na região; não apenas em busca do soldado, mas no combate incansável a essa execrável chaga _ o crime organizado.

Durante as buscas de Luca, especialmente em comunidades, morros e mangues, nossos policiais encontraram nesses locais inóspitos cerca de onze corpos/ossadas (alguns sem os crânios), os quais foram encaminhadas ao IML visando futura identificação. Além disso, encontraram, também, covas mexidas (todas periciadas), de onde, provavelmente, outros corpos foram enterrados e posteriormente removidos, não se sabe como, por quem e nem para onde.

É triste pensar e constatar que nossa festejada Serra do Mar oculte em seu âmago cemitérios clandestinos (em flagrante desrespeito e indiferença ao Estado de Direito), e que a Mãe Gaia, por sua vez, carregue em seu seio a dor e as lágrimas inaudíveis de dezenas de famílias que talvez nunca consigam saber o paradeiro de seus entes mais caros.

Talvez Luca nunca seja encontrado, mas quem sabe sua estória ajude a revelar o paradeiro de alguns Pedros, Marcos, Marias e tantos outros anônimos confundidos e entrelaçados com nossas matas e mangues; de modo que possa trazer algum conforto e consolo à tantas famílias sem esperança, amedrontadas e, quiçá, esquecidas.

Que a estória do Luca desperte o debate, a indignação, de forma que faça com que as pessoas entendam que a existência de um Estado Paralelo é inaceitável, devendo ser combatida e extirpada com todo o rigor da Lei.

Que a estória do Luca faça com que todos entendam que policiais são pessoas comuns, que têm famílias, amigos, sentem dor, choram e têm sonhos, notadamente, o de lutar por uma sociedade mais justa e humana.

Que este episódio repleto de horror toque o brio de cada cidadão e que nos dê consciência e força para bradar que ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém, seja de um lado ou do outro, seja por um motivo ou por outro.

Que esta estória nos dê animo para lutar e exigir a Paz, ainda que por intermédio de um Estado Forte, capaz de manter a ordem, garantir a segurança de seus filhos e a pacificação através de mecanismos legais, rigorosos e, acima de tudo, eficazes.

Repito: Luca que seu exemplo não seja só mais um!

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