O sindicato mundial de jogadores diz estar chocado e enojado com a decisão
Vitória Tedeschi Publicado em 14/12/2022, às 14h46
O jogador de futebol iraniano Amir Nasr-Azadani, de 26 anos, foi condenado à morte pelo governo do país por participar dos protestos pelos direitos das mulheres no Irã. Ele está preso desde novembro e deve ser enforcado, mas não há data para execução.
Amir foi acusado de "traição à República Islâmica do Irã" após participar, junto com outras nove pessoas, dos protestos que tomaram as ruas do Irã desde a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em setembro. Familiares dizem que ela foi morta por policiais depois de ser presa porque não estava com os cabelos totalmente cobertos.
Além disso, segundo a mídia local, ele também foi acusado de traição e de ser um dos responsáveis pela morte de três agentes de segurança durante um protesto em 16 de novembro. O jogador também foi acusado pelo governo de participar de um "grupo armado e organizado" que teria como objetivo "atacar a República Islâmica do Irã".
Com o crescimento dos protestos a favor dos direitos das mulheres, artistas famosos do Irã e jogadores de futebol se juntaram às manifestações. Inclusive, a seleção de futebol do Irã recentemente se recusou a cantar o hino nacional durante um jogo contra a Inglaterra na Copa do Mundo do Qatar.
Por outro lado, o governo iraniano tem condenado à prisão e até à morte algumas pessoas que participaram dos protestos. Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 21 pessoas foram sentenciadas com pena de morte no Irã na esteira dos protestos.
A entidade também afirma que essas sentenças são "julgamentos falsos destinados a intimidar os participantes do levante popular que abalou o Irã". Segundo a ONG Human Rights Watch, mais de 450 pessoas morreram nas manifestações e 14 mil estão presas.
A condenação do jogador movimentou os bastidores do futebol. O sindicato mundial de jogadores diz estar chocado e enojado com a decisão do governo iraniano. "Nos solidarizamos com Amir e pedimos a remoção imediata de sua punição", diz em nota. O jogador colombiano Falcão disse que a situação é inaceitável.
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