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Desabafo!

Destaque da seleção brasileira, Antony tem história de vida que emociona qualquer um

O atacante desabafou sobre tudo que vem acontecendo com ele durante entrevista

"Eu nasci no Inferninho", revelou - Imagem: reprodução/Twitter @antony00
"Eu nasci no Inferninho", revelou - Imagem: reprodução/Twitter @antony00

Thais Bueno Publicado em 18/11/2022, às 18h09


Antony é um dos grandes craques da seleção brasileira que estará presente na Copa do Mundo de 2022 no Catar.

Ele conseguiu a convocação por Tite após ter feito uma boa temporada no Ajax e ter sido contratado pelo Manchester United recentemente, pelo valor altíssimo de 100 milhões de euros (R$ 504 milhões).

Seu início de temporada no clube inglês foi ótimo e, embora tenha sido criticado por alguns ídolos dos Diabos Vermelhos, o ponta nunca mudou seu estilo de jogo e seguiu impressionando não só o treinador Erik Ten Hag, mas também os torcedores.

Embora esteja vivendo um dos melhores momentos da sua vida, prestes a disputar sua primeira Copa do Mundo e vivendo uma boa fase no time da Premier League, o brasileiro teve um passado nada fácil.

Durante entrevista ao The Players Tribune, Antony falou sobre tudo que passou em sua infância em um relato que emociona qualquer um. Ele explicou como o futebol o permitiu escapar do mundo em que ele vivia e de todos os problemas com os quais convivia diariamente.

"Eu nasci no Inferninho. Isso não é uma piada. Para meus amigos europeus que não sabem, a favela onde cresci em São Paulo se chama Inferninho. Se você realmente quer entender por que eu jogo do jeito que eu jogo, então você precisa entender de onde eu sou. Minha história. Minhas raízes. Inferninho", iniciou.

"É um lugar onde a dificuldade é real. A quinze passos da porta da frente da nossa casa, sempre havia traficantes vendendo aquelas paradas erradas, passando aquelas substâncias de mão em mão. O cheiro estava sempre do lado de fora da nossa janela".

O atacante também relatou que um dia, quando estava indo para a escola na infância, se deparou com um cadáver no meio do caminho.

"Algumas das coisas que eu vi…só quem já viveu pode entender. Uma vez, na minha caminhada para a escola, quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, encontrei um homem deitado no beco. Só que ele não estava se mexendo. Quando me aproximei, percebi que ele estava morto. Na favela, você fica meio anestesiado para algumas situações. Não havia outro caminho a seguir, e eu tinha que ir para a escola. Então, eu só fechei meus olhos e pulei o cadáver".

"Não estou dizendo isso para parecer que foi difícil. Era apenas a minha realidade. Na verdade, sempre digo que tive muita sorte quando criança, porque, apesar de todas as nossas lutas, recebi um presente do céu. A bola me salvou. É meu amor desde o berço".

Ainda na entrevista, Antony aproveitou o momento para rebater às críticas feitas por Paul Scholes, ídolo do Manchester United que tem reclamado do estilo de jogo do ponta. O ex-jogador até chegou a chamar o brasileiro de 'palhaço'.

"Eu sempre digo que aonde quer que eu vá na vida, não importa o que aconteça comigo, eu represento o lugar que me ensinou tudo. Sem minha casa e meu povo, nada disso importa. Antes de cada partida, olho para um pequeno lembrete, escrito na minha chuteira: FAVELA".

"Quando eu amarro meus cadarços, eu me lembro. Eu me lembro de tudo. Esta é a minha história. Se você ainda não me entende, ou se você ainda pensa que eu sou um palhaço, vou apenas apontar para a tatuagem no meu braço…quem vem de lá sabe um pouco do que eu já passei. Essas palavras falam por mim. E por todos nós", finalizou o atleta.

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