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Manifestações nas Universidades nos Estados Unidos. Como Biden vai conciliar em ano de eleições?

Manifestações nas Universidades nos Estados Unidos - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @AFPnews
Manifestações nas Universidades nos Estados Unidos - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @AFPnews
Dennis Munhoz

por Dennis Munhoz

Publicado em 20/05/2024, às 08h49


Ainda bem que estamos em um país com ampla liberdade de manifestação e imprensa, frutos de democracia consolidada, respeito às instituições e a lei. Historicamente os Estados Unidos conviveram e vivem atualmente com manifestações sobre participações em guerras, problemas raciais, violência policial, preconceito étnico, sexual etc. Isto não é novidade e muito provavelmente acontecerá ainda por muitos anos, mesmo tratando-se da segunda maior democracia do mundo (perde para a Índia em número de eleitores) e tendo a Constituição mais antiga do mundo moderno, datada de 1787.

Analisando os últimos 60 anos, foram várias manifestações contra a participação norte-americana na guerra do Vietnã (1955-1975), guerra do Golfo (1990-1991), guerra do Iraque (2001-2003), Direitos civis dos negros, manifestações pró e contra aborto, liberdade sexual etc.

As manifestações pró Palestina e contra Israel estão crescendo nas universidades de vários Estados, até em alguns mais conservadores, gerando desgaste entre Reitores, alunos, autoridades estaduais e federais, chegando até ao Presidente. Estas manifestações têm algo diferente das anteriores, que em geral protestavam contra o envio e morte de soldados estadunidenses em outros países, preconceitos raciais e abuso de autoridades. O atual movimento nasceu nas universidades, em apoio ao povo palestino que sofre com as incursões de Israel. Até aí parece justo e coerente, mas qual a origem do problema e quem desencadeou o ataque?

O grupo terrorista Hamas provocou a morte de milhares de civis em solo israelense, sequestrou mulheres, idosos e crianças e utiliza civis inocentes como escudo para suas atividades terroristas. Infelizmente a Palestina tem sido utilizada como abrigo de inúmeros grupos terroristas como Hamas, Jihad Islâmica Palestina, Fatah Popular, OLP Organização para Libertação da Palestina) entre outros. Como estes grupos sobrevivem? Quem paga a conta? Ora, tudo isto custa muito dinheiro, mobiliza milhares de pessoas, armamentos, logística, infraestrutura e comando. Seria muita ingenuidade imaginar que um país carente e frágil como a Palestina possa pagar a conta. O próprio grupo terrorista Hamas que também é financiado pelo governo autoritário do Irã, confirmou a participação de cinco outros grupos terroristas nos eventos de outubro passado, cujo único objetivo é eliminar Israel, pouco ou nada preocupados sobre o futuro do Estado Palestino. Cabe a seguinte indagação: A total paralisação dos ataques de Israel resolveria o problema do povo palestino ou inibiria a atividade terrorista na região? Logicamente que a morte de inocentes é absurda e lamentável, todavia o Hamas usa como escudo hospitais, escolas, bairros residenciais e até pessoas inocentes que circulam pela região. Esta prática é comum entre os grupos terroristas, buscando a visibilidade negativa que ocorre na mídia mundial. Também como é comum, Israel sempre adota resposta muito mais severa que o ataque sofrido, algumas cautelas e estratégias foram desprezadas pelo governo israelense em alguns ataques e, agora parece ignorar até o apelo do aliado mais forte e tradicional para moderar as operações militares no sul da Palestina.

As manifestações pró Palestina aqui nos Estados Unidos são legítimas e devem ser respeitadas quanto à morte de inocentes que habitam na região, mas fortalecem as atividades destes grupos terroristas que dominam a região por muitas décadas. Vale lembrar que o apoio direto do Irã e indireto e velado de outros países propicia a manutenção da atividade terrorista pelo mundo, onde várias democracias já foram atacadas ocasionando a morte de milhares de inocentes. Será que o problema é só de Israel?

A popularidade do Presidente Biden está baixa e teremos eleição presidencial em menos de seis meses aqui nos Estados Unidos. Como administrar este problema? Ele tem boa aceitação entre os jovens e liberais mais voltados à esquerda, que estão muito envolvidos com estas manifestações, ou seja, qualquer medida mais radical a favor de Israel vai ocasionar perda de votos no seu eleitorado. Por outro lado, o afastamento do antigo e mais forte aliadoOriente Médio, pode desestabilizar a região e encorajar novos ataques terroristas e fortalecimento da Rússia. Isso seria muito favorável ao seu concorrente Donald Trump que está à frente nas pesquisas de opinião, inclusive em alguns Estados indecisos, onde provavelmente a eleição será decidida. O eleitorado de Trump parece imune aos processos judiciais que ele enfrenta e muito insatisfeito com a atual administração, principalmente em função da inflação e segurança na fronteira com o México. Este conflito entre Israel/ Hamas/ Faixa de Gaza já completou seis meses e as manifestações estão crescendo nas Universidades. Provavelmente em pouco mais de um mês, devido às férias escolares que ocorrem nos meses de julho e agosto, devem sair dos Campus e ganharem as ruas, ficando muito mais difícil de controlar e com desdobramentos incertos.

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