Confirmado! Biden X Trump, a revanche que muitos esperavam, bom ou ruim para a democracia?

Este resultado já era esperado há alguns meses mesmo com os tropeços de ambos candidatos na fase preliminar. No que diz respeito ao atual Presidente e candidato à reeleição pelo Partido Democrata os pontos negativos estão atrelados ao questionamento sobre a capacidade mental e física para exercer o cargo, idade avançada, processo de impeachment em andamento, negócios duvidosos do filho Hunter Biden enquanto era Vice-Presidente de Barak Obama, longo período com inflação elevada, problemas sérios com a imigração via México, atuação nos episódios da invasão da Ucrânia, Israel / Hamas e certa resistência dentro do próprio Partido Democrata.

Parece muito e realmente é.

Só que do outro lado o ex-presidente e também candidato à reeleição pelo Partido Republicano, Donald Trump, parece que não gosta de ficar para trás. Enfrentou e ainda enfrenta diversas acusações e processos em várias frentes, supostamente por abuso sexual, sonegação,retirada de documentos sigilosos e até provável envolvimento na invasão do Capitólio e resultado da eleição de 2.020. Com a recente decisão da Suprema Corte, nenhum destes processos ainda em andamento tem o poder de impedir o ex-presidente de concorrer ou tomar posse caso seja eleito. Aqui não temos a Lei da Ficha Limpa. A única condenação que seria capaz de impedir Donald Trump de concorrer ou tomar posse seria esta que a Suprema Corte já derrubou, que diz respeito à tese de insurreição contra o Estado (invasão do Capitólio).

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Os dois candidatos não são unanimidade nos partidos, o democrata de forma mais velada e o republicano de maneira mais aberta. Enquanto Biden resiste às restrições de membros de médio escalão do partido, o ex-presidente recebe golpes fortes de figuras importantes e tradicionais do Partido Republicano. Ele parece assimilar bem estas rejeições e continua sem titubear, como o inconfundível e por alguns admirado jeito Trump de ser.

Por que não surgem novas lideranças nos partidos? Todos que se colocaram contra ambos candidatos foram dragados pela máquina partidária. Alguns que inicialmente tentaram combater esta manutenção acabaram cedendo e agora até engrossam o coro favoravelmente aos candidatos.

Muito se fala a respeito do país dividido, sem opções além dos extremos. Não vejo problemas na divisão, mesmo porque o processo democrático continua preservado na sua essência. Fica nítido que a ala mais à esquerda do Partido Democrata tem receio que a candidatura Biden possa facilitar a vida de Trump, mas também não consegue apresentar alternativa melhor, que o diga o Senador Bernie Sanders que foi engolido pelo partido. Enquanto isto, a ala mais moderada do Partido Republicano não consegue emplacar outro nome. Trump se deu ao luxo de sequer participar dos debates do partido, ignorou a importância dos mesmos e dos participantes, manteve a postura de sempre e tudo leva a crer que agradou a maioria dos membros do partido e seu fiel eleitorado.

Muito se questiona a respeito do sistema eleitoral dos Estados Unidos, lembrando que aqui a eleição para Presidente é indireta, ou seja, necessariamente o candidato que obteve maior número de votos da população é eleito Presidente. Novamente os Estados pêndulos (aqueles que alternam seu posicionamento nas eleições) vão decidir que assume a Presidência. É um sistema bem complexo e questionável e, muitos o apontam como responsável pela falta de renovação nos partidos e polarização dos candidatos.

Recentes pesquisas revelam que o ex-presidente Donald Trump está à frente do atual Presidente, inclusive em alguns Estados que garantiram a vitória de Biden nas últimas eleições. O principal trabalho das equipes de campanha será voltado a estes Estados que ora votam em Democratas, ora votam em Republicanos. Nas mesmas pesquisas o percentual de eleitores desapontados com seu voto na última eleição (lembrando que eram os mesmos candidatos) é maior no Democrata e isto pode ser extremamente perigoso para o atual Presidente. O aspecto negativo para Donald Trump é a manutenção dos índices de rejeição nos próprios eleitores republicanos, que boa parte na última eleição aceitou votar em Biden. Será que vão agir da mesma forma em novembro? O desgaste do atual Presidente é grande e este “apoio” que ocorreu é pouco provável que se repita.

Tudo pode ocorrer, nada é garantido. A única certeza é que teremos a revanche inédita na história norte americana e a democracia tendo que se adaptar a esta nova tendência. Por quanto tempo ainda teremos esta tendência partidária mais radicalizada e inibidora de novas lideranças tanto da direita quanto da esquerda?