Diário de São Paulo
Siga-nos
COLUNA

Em ano eleitoral como combater inflação, taxa de juros e imigração ilegal sem perder votos?

Donald Trump. - Imagem: Reprodução / RS / Fotos Públicas
Donald Trump. - Imagem: Reprodução / RS / Fotos Públicas
Dennis Munhoz

por Dennis Munhoz

Publicado em 14/06/2024, às 06h00


Abordar e enfrentar estes temas em ano de eleições não é de arrancar suspiros de políticos que tentam a reeleição, principalmente tratando-se do Presidente dos Estados Unidos. As pesquisas de intenção de votos mostram praticamente empate técnico entre o atual Presidente, Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump. Muito provavelmente a eleição será decidida nos Estados pêndulos, que ora votam com os republicanos, ora com os democratas. Os dois candidatos têm sofrido significativo desgaste com a opinião pública e parece cada vez mais crucial a forma de administrá-los para minimizar o impacto negativo. Donald Trump enfrenta vários problemas com a Justiça, inclusive com condenação, fato este inédito na história dos Estados Unidos, nunca um ex-presidente foi condenado criminalmente, lembrando que aqui não tem a lei da “ficha limpa”, ou seja,mesmo condenado pode concorrer e assumir a presidência caso ganhe a eleição. Neste aspecto o impacto no eleitorado dele tem sido pequeno, mas como a eleição deve ser decidida por estreita margem, todo cuidado é pouco.

O atual Presidente e candidato à reeleição não arranca suspiros nem no seu próprio partido, e a oposição bate forte no que diz respeito à supostasenilidade, cochilos durante discursos, queda em escadas e bicicleta, falta de coordenação e conclusão de ideias, indecisão em assuntos importantes, além do processo de que apesar de não ter muita força, ainda tramita no Congresso. Recentemente seu filho Hunter Biden foi condenado por posse ilegal de arma, fato também inédito nos Estados Unidos tratando-se de filho de Presidente em exercício, além das acusações de supostas irregularidades fiscais e questionada relação comercial com empresas ucranianas de petróleo e gás natural quando o pai era vice-presidente de Barack Obama.

Cada qual tenta administrar da melhor forma possível estas pedras no sapato, todavia a missão de Joe Biden é mais difícil, senão vejamos.

O eleitor norte americano está extremamente preocupado com a inflação que atingiu patamares nunca vistos aqui nos últimos 45 anos. O estadunidense que tem menos de 60 anos nunca lidou com este problema que começou com a pandemia do COVID 19 e perdura até hoje. Apesar de ser fenômeno mundial, a inflação aqui chegou a superar a brasileira durante vários meses no ano de 2.022. Antes da pandemia o índice anual era inferior a 2% e no auge superou 9%. O Presidente e a equipe econômica menosprezaram este inimigo poderoso e demoraram muito para tomar providências, fato este publicamente assumido pelas autoridades. Os programas sociais do governo custaram mais de US$ 6 trilhões de dólares (quase 3 vezes o PIB brasileiro) com o aumento da dívida interna e emissão desenfreada de dinheiro. Atualmente a inflação varia entre 3,2 e 3,5% ao ano, sem demonstrar sintomas de queda, obrigando o FED, equivalente ao Banco Central no Brasil a manter a taxa de juros extremamente elevada por sete reuniões consecutivas. A taxa de juros está entre 5,25 e 5,50% ao ano, (recorde dos últimos 40 anos) sendo que antes da pandemia era entre 1,5 e 1,75% ao ano. Taxa de juros elevada durante muito tempo favorece a falta de investimento da indústria e negócios, esfriando o mercado e criando ambiente favorável para a retração da economia e aumento do desemprego. Apesar do desemprego estar muito baixo, aproximadamente 4%, os pedidos de auxílio desemprego tem aumentado, sendo o maior em 10 meses. Esta é uma mistura perigosa para Presidente que vai concorrer à reeleição em menos de 5 meses.

A imigração é outro ponto crucial para a popularidade de Biden, que não está em alta. Atendendo a apelos do próprio partido e analistas políticos da campanha, recentemente adotou uma série de normas rígidas para barrar a entrada de imigrantes na fronteira com o México, podendo até fechar a fronteira e expulsar sumariamente as pessoas que cruzarem a fronteira sem sequer receber os pedidos de asilo. Estas medidas agradaram a maioria do eleitorado principalmente em Estados mais conservadores que tendem votar nos republicanos. Muita coisa pode acontecer na política até 5 de novembro, data da eleição nos Estados Unidos, enquanto os republicanos que têm a maioria na Câmara dos Deputados pressionam o Presidente para cortar gastos, equilibrar as finanças e manter o processo de “impeachment” vivo, os democratas lutam contra a inflação e juros elevados, contando com eventuais condenações de Donald Trump e atentos aos problemas na fronteira, para os quais as dosagens são importantíssimas. A falta provoca o descontentamento do norte-americano, o excesso o repúdio de alas mais liberais e filhos de imigrante que votam nos Estados Unidos.

Compartilhe