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Até quando o contribuinte norte-americano vai pagar a conta de guerras e conflitos militares?

Exército americano. - Imagem: Reprodução | Andrew Craft/AFP
Exército americano. - Imagem: Reprodução | Andrew Craft/AFP
Dennis Munhoz

por Dennis Munhoz

Publicado em 12/12/2023, às 08h59


A guerra custa caro e a conta já está aborrecendo o cidadão, principalmente porque a guerra não é aqui, e o suado dinheiro do contribuinte que poderia ser utilizado no seu país acaba nas mãos de outros governos sem muito controle.

Desde o atentado terrorista envolvendo o World Trade Center e Pentágono, em setembro de 2.001 onde quase 3 mil pessoas morreram em solo norte-americano, os Estados Unidos já gastaram mais de US$ 8 trilhões de dólares (aproximadamente R$ 40,5 trilhões de reais). É muito dinheiro. Vamos estabelecer alguns comparativos. Esse montante equivale a mais de quatro vezes e P.I.B. (Produto Interno Bruto) do Brasil, seria o suficiente para acabar com a fome no mundo e resolver quase todos os problemas que causam o aquecimento global, maior que os P.I.Bs somados da Alemanha e Japão, respectivamente a terceira e quarta economias do mundo e superior ao gasto total do governo norte-americano em 2.022.Aqui procuramos falar apenas dos aspectos financeiros diretos ocasionados, mas sempre lamentando a morte de milhares de pessoas, além do enorme número de casos de invalidez, problemas mentais, suicídios, pensões e terapias que impossibilitam a volta ao trabalho. Os custos com essas consequências não estão computados neste valor.

No ano de 2.022 os Estados Unidos gastaram US$ 887 bilhões de dólares com a estrutura militar, representando praticamente 40% do total mundial nesta área. O segundo colocado é a China, segunda maior economia do mundo, que gastou menos de um terço deste valor (US$ 292 bilhões de dólares).

Apenas com a ajuda à Ucrânia os norte-americanos já gastaram US$ 101 bilhões de dólares (mais de R$ 500 bilhões de reais) e o Congresso rejeitou recentemente pedido adicional de US$ 100 bilhões de dólares. Pesquisa realizada pelo Financial Times apontou que quase metade dos eleitores norte-americanos acha estes gastos exagerados. Os Estados Unidos mantêm 625 bases militares em território estrangeiro a custo elevado e podem encerrar o ano em três frentes diferentes, a saber: Ucrânia, Israel /Hamas e Guiana.

Logicamente que a maioria destes gastos são necessário para preservar e defender interesses legítimos dos Estados Unidos, prevenir ataques terroristas e manter a democracia e liberdade. Ninguém gastaria tanto dinheiro assim se não houvesse o real receio de danos à população e economia, todavia dois pontos merecem destaque.

O primeiro diz respeito ao valor envolvido. Seria realmente necessário todo este dinheiro para gastos militares e ajuda a outros países? O segundo relaciona-se aos investimentos internos em um país que começa a ter problemas com infraestrutura, programas sociais, saúde e serviços para a população. A prioridade do Governo Joe Biden, que vai completar 3 anos era o investimento em infraestrutura, que previa investimento anual de mais de US$ 500 bilhões de dólares ( R$ 2,5 trilhões de reais). Isto não ocorreu e a dívida interna do país aumentou significativamente. As autoridades estavam cientes da necessidade de investimento pesado em infraestrutura, muitos as comparando às adotadas pelo presidente Franklin Roosevelt na década de 30 (New Deal). O ex presidente Donald Trump já alertava sobre o assunto quando assumiu a presidência em 2.017 e pouco foi feito. O governo precisa investir pesado em modernização de portos e aeroportos, recuperação de pontes e estradas, energia, tecnologia, serviços sociais e incentivo à produção. O último investimento de grande porte foi realizado há mais de 60 anos, e a maior economia do mundo corre o risco de ver a estrutura sucatear. A fonte é uma só: impostos. A hora de estabelecer prioridades está batendo à porta dos governantes. O contribuinte norte-americano começa a demonstrar sinais de descontentamento e aqui a cobrança é bem mais forte que o normal. Muitos estão indignados que não há dinheiro para melhorar a vigilância na fronteira, propiciando a entrada de imigrantes ilegais, mas enviam bilhões de dólares para a Ucrânia. Muitos norte-americanos não têm acesso a medicamentos e tratamentos porque o Estado não arca com as despesas, mas remetem centenas de milhões de dólares para ajuda militar a outros países. O raciocínio parece bem simples e lógico. Dinheiro não aceita desaforo. Mesmo na maior economia do mundo é necessário estabelecer prioridades, a dívida interna cresce e os investimentos vão definhando. Enquanto o eleitor não vinha sofrendo as consequências da falta de retorno dos impostos em benefícios sociais e infraestrutura, o aumento da dívida interna e manutenção dos gastos militares podiam caminhar juntos, todavia a estrada conduz à bifurcação. Não dá para bater o escanteio e cabecear. Mais um problema para a já não popular administração Biden.

Desejo a todos um abençoado Natal e Ano novo.

Revisão : Moacyr Minerbo

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