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Proteção às Vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil

Proteção às Vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil - Imagem: Reprodução | Freepik
Proteção às Vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil - Imagem: Reprodução | Freepik
Cristiano Medina da Rocha

por Cristiano Medina da Rocha

Publicado em 26/06/2024, às 06h00


A promulgação da Lei Complementar 207, de 16/05/24, trouxe mudanças significativas no cenário legislativo brasileiro. Esta lei estabelece o Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), substituindo o antigo DPVAT e introduzindo um sistema mais robusto e eficiente. Mas o que realmente muda para os cidadãos e, principalmente, para as vítimas de acidentes de trânsito?

Além do trauma físico e emocional, as vítimas frequentemente enfrentam despesas médicas, perda de renda e, em casos mais graves, a dor da perda de um ente querido. O SPVAT vem justamente para oferecer amparo financeiro em momentos tão difíceis, garantindo que todos os envolvidos recebam o suporte necessário.

A principal inovação do SPVAT é a sua cobertura abrangente. A nova lei garante indenizações por morte e invalidez permanente, seja total ou parcial. Além disso, cobre despesas médicas e suplementares, como fisioterapia, medicamentos, equipamentos ortopédicos, próteses, entre outros tratamentos que não estejam disponíveis pelo Sistema Único de Saúde. Isso significa que a vítima não ficará desamparada caso precise de um tratamento específico que o SUS não oferece.

Outra cobertura importante é o reembolso de despesas com serviços funerários, aliviando as famílias de mais este peso financeiro em momentos de luto. A reabilitação profissional para vítimas que sofrem invalidez parcial também é um destaque, pois promove a reintegração dessas pessoas ao mercado de trabalho, garantindo sua autonomia e dignidade.

Além disso, a lei assegura o pagamento das indenizações mesmo em casos de veículos não identificados ou inadimplentes com o seguro, mostrando um compromisso genuíno com a proteção das vítimas.

O SPVAT será gerido por um fundo mutualista, operado pela Caixa Econômica Federal. A Caixa é responsável por arrecadar os prêmios, processar os pedidos de indenização e garantir a transparência e eficiência na administração dos recursos. Isso significa que todo o processo será conduzido de forma a garantir que as vítimas recebam suas indenizações de forma rápida e segura.

Mas além dos aspectos técnicos e legais, é essencial refletir sobre o impacto real desta lei na vida das vítimas. Um acidente de trânsito pode mudar vidas para sempre. As vítimas muitas vezes enfrentam não apenas a dor física, mas também a angústia emocional e a incerteza sobre o futuro. A indenização por morte oferece um alívio financeiro para as famílias enlutadas, que já estão enfrentando uma dor imensurável. A cobertura de invalidez permanente ajuda a garantir que as vítimas possam adaptar suas vidas a novas realidades, muitas vezes marcadas por limitações físicas. O reembolso de despesas médicas e terapêuticas assegura que a recuperação seja a melhor possível, sem que a falta de recursos financeiros se torne um obstáculo.

Embora a Lei traga avanços importantes na proteção das vítimas de acidentes de trânsito, alguns pontos negativos e falhas podem ser destacados. Primeiramente, a centralização da gestão do SPVAT na Caixa Econômica Federal pode gerar gargalos burocráticos e atrasos no processamento das indenizações, dado o histórico de ineficiências em operações complexas desse tipo.

Outro ponto crítico é a falta de clareza e uniformidade na definição dos valores das indenizações, que ficam a cargo do Conselho Nacional de Seguros Privados. A ausência de um critério uniforme pode levar a inconsistências e desigualdades no pagamento das indenizações, prejudicando as vítimas.

Além disso, a lei não aborda de forma suficiente a fiscalização rigorosa para evitar fraudes, um problema recorrente em seguros obrigatórios no Brasil.

Esses pontos indicam que, apesar das melhorias, a lei ainda precisa de ajustes e aperfeiçoamentos para garantir uma proteção mais eficaz e justa às vítimas de acidentes de trânsito.

A melhor maneira de proteger vidas é prevenir os acidentes de trânsito. Respeitar as leis de trânsito, não dirigir sob efeito de álcool ou drogas, e manter a atenção nas vias são atitudes que todos devemos adotar para tornar nossas ruas e estradas mais seguras.

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