Por Renato Nalesso*
Redação Publicado em 16/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h13
Por Renato Nalesso*
Desde quando eu ainda era criança e jogava bola nos campinhos de várzea cansava de escutar gente criticando a participação dos torcedores nas arquibancadas. E não é nem em questão de violência, que aí é de fato um absurdo indiscutível. Eles se referiam a força positiva que as pessoas comuns poderiam exercer aos clubes. Para muitos deles o público brasileiro tinha mentalidade de vira-lata, ou seja, só queria pagar ingresso barato e comprar camisa falsificada. Nunca me apeguei muito aos detalhes antes de trabalhar na imprensa. E hoje vejo uma situação completamente diferente.
Temos visto sim o torcedor ajudando demais seu clube. É verdade que uma camisa original de determinado clube é cara. Se não me engano beira os R$ 350. Mas os caras compram! É verdade também que em algumas praças brasileiras o ingresso dos jogos é extremamente caro. Mas curiosamente onde é mais caro, como em partidas do Palmeiras e Corinthians, é justamente onde mais tem se lotado as arquibancadas. Ambos têm médias incríveis jogando dentro de suas arenas. Evidente que muito disso é fruto da construção desses novos estádios e dos bons programas de sócios-torcedores. Nesse sentido o Grêmio e o Inter também vão dando show no Rio Grande do Sul.
O que fica claro pra mim é que apesar do poder aquisitivo menor do torcedor brasileiro, se bem tratados, ele consegue equiparar aos torcedores europeus, que são extremamente consumistas. Óbvio que dentro de algumas limitações. O que significa dizer que você pode cobrar um pouco mais caro se você proporcionar um produto de qualidade (sem exageros, é claro!). Alguns dirigentes estão enxergando isso e começaram a correr atrás. Afinal um clube grande não pode sobreviver apenas das cotas de TV e patrocínios de camisas. Há muito o que se explorar em outros setores do mercado da bola.
Racismo no Sul?
O recém-contratado Rafael Ramos, lateral do Corinthians, foi acusado de ter chamado o meia Edenílson de ‘macaco’ no duelo do Timão contra o Inter. O jogador português foi preso em Porto Alegre e solto mediante a pagamento de fiança. Posso falar? Eu sou branco e de classe média. Não passei na pele essa situação para emitir algum parecer como muita gente faz aí. Só sei que pela reação dos colegas negros de equipe, casos do zagueiro Gil e do meia Willian, parece que existiu sim alguma ofensa racista. Independente disso, já que na Constituição o racismo é classificado como crise, que seja cumprida a lei. Uma coisa é fato: esse ato nefasto e discriminatório tem que acabar o quanto antes.
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*Renato Nalesso é profissional de mídia desde 1999. Jornalista, pós-graduado e com passagens por Bandeirantes, Globo e Record. Exerceu por três anos a função de assessor de imprensa do Guarani Futebol Clube. Desde 2013 acumula as funções de editor-chefe e diretor do programa ‘Os Donos da Bola’ da Band, apresentado pelo ex-jogador Neto.
[email protected] | @RenatoNalesso
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