Em 7 de setembro de 1822, há 199 anos, o príncipe Pedro aceitou a ideia de tornar o Brasil independente. Mas ele não fez isso sozinho. Foi influenciado e
Redação Publicado em 04/09/2021, às 00h00 - Atualizado em 17/09/2021, às 10h33
Em 7 de setembro de 1822, há 199 anos, o príncipe Pedro aceitou a ideia de tornar o Brasil independente. Mas ele não fez isso sozinho. Foi influenciado e pressionado por gente muito estratégica, como a esposa austríaca Leopoldina e o político e cientista santista José Bonifácio de Andrada e Silva.
O motivo para a decisão era simples. Era melhor tentar manter o território íntegro sob seu comando do que insistir na manutenção do país como colônia, o que ameaçaria a unidade e resultaria em diversos países, como aconteceu com a América espanhola. Além disso, ser imperador de um novo país era algo muito sedutor.
Com idas e vindas, revoltas sufocadas e negociações políticas complexas, o território se manteve unido. Quase 200 anos depois, a gente consegue enxergar que, se o objetivo era fazer o país gigante existir, Pedro acertou, mesmo quando teve que abandonar o trono para o filho ainda criança, pois a sua presença poderia colocar a unidade em risco.
E aí veio muita gente: os preceptores de Pedro II, ele mesmo durante o longo reinado, os militares republicanos, os líderes oligárquicos da Primeira República, Getúlio, os democratas do período 1946-1964, os generais-presidentes posteriores e os artífices da redemocratização. Todos foram fiéis sempre a uma ideia: a união territorial nacional, mesmo com inúmeros problemas sociais.
Porém, um ano antes do segundo centenário da decisão pela Independência, estamos vivendo um grande desafio, com a cadeira da chefia de Estado entregue a um néscio, que não tem a mínima ideia dos sacrifícios políticos (e sociais) que existiram para a manutenção da unidade nacional. Por isso, ele a coloca em risco, por capricho pessoal, por um projeto que não projeta nada e só visa o caos.
Motociatas, erros intencionais na condução do país na pandemia, devaneios pelas redes sociais e na imprensa fazem com que tenhamos, talvez pela primeira vez na história, o comando na mão de quem aposta na divisão.
Não dá para saber o que vai acontecer, porque não dá para prever qual será o próximo devaneio.
Que todos sobrevivamos ao 7 de Setembro. Principalmente o Brasil.
Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social
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