Por Kleber Carrilho
Redação Publicado em 09/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h57
Por Kleber Carrilho
Tem muita gente achando que o ex-presidente Lula vai voltar para o Palácio do Planalto. Eu tenho minhas dúvidas, porque tem muita coisa para acontecer, e principalmente porque o opositor dele (até agora) é o presidente Jair Bolsonaro, que tem os cargos e a caneta na mão. E todo o mundo sabe que ganhar de quem tem a máquina pública à disposição é muito difícil.
Porém, vamos fazer um exercício de antecipação do futuro e imaginar que, sim, o ex-presidente Lula vai ganhar a eleição de 2022. E que, além de ganhar nas urnas, vai tomar posse em janeiro de 2023.
Faço uma pausa aqui para conversar com quem já ficou chateado, está dizendo que eu estou torcendo para isso, que eu sou petista, que as pesquisas, que a Globo, que o Datafolha… Não precisa continuar a ler! O que estou fazendo aqui é uma análise que quem trabalha com política tem que fazer. E é provável, sim, que o ex-presidente vença.
Porém, mais do que falar do resultado, o objeto deste texto é o pós-eleição. Afinal, como seria um novo governo Lula? E mais: quais seriam as necessidades de cumprimento de acordos? Questiono isso porque precisamos pensar no que vai querer o vitorioso: garantir o seu nome na História ou levar ao poder os militantes do partido?
Acredito que as duas opções são excludentes. Se o ex-presidente Lula chegar ao poder olhando para o futuro, ou seja, para o seu papel na História, ele será o líder da negociação, do desenvolvimento de alianças, da distribuição dos cargos e das lideranças das políticas públicas para todos, mais do que fez nos mandatos anteriores, quando já tinham lugar no governo desde marxistas convictos até conservadores ligados às igrejas neopentecostais.
Se, desta vez, ele quiser ser o líder da “concertação”, o que será dos petistas de carteirinha, aqueles que estão no partido há décadas? Esperarão pelo desenvolvimento de uma sucessão caseira, depois de um ou (dificilmente) dois mandatos? Para que, com uma “nova Dilma”, haja a possibilidade de que o partido tome para si o controle e a ação central do governo?
Porém, se a vaidade de Lula for do tamanho que parece ser, ele com certeza não vai apostar novamente em uma sucessão próxima, que possa colocar em risco a memória da sua gestão. E, assim como tantos outros líderes políticos, como FHC, Angela Merkel e Barack Obama, não vai fazer nenhum esforço para que um dos seus vá para a Presidência na sequência. Veremos!
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