Por Kleber Carrilho*
Redação Publicado em 06/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h37
Por Kleber Carrilho*
Se você assistiu aos telejornais ou leu algum portal de notícias na última semana, sabe que está acontecendo a COP 26 em Glasgow, na Escócia. E, com certeza, viu que o presidente brasileiro preferiu não aparecer por lá.
Aproveito este momento, então, para falar de inclusão. Não sobre inclusão do evento, que sabemos que não há, com um grupo de homens brancos acima dos 50 anos dando as cartas, enquanto a diversidade só acontece entre os manifestantes na porta.
Quero falar novamente sobre a dificuldade que se tem para levar a discussão sobre o clima para as vidas reais, em lugares reais. Você sabe como esse tema chega para quem vive nas periferias, onde faltam empregos, renda e comida? Ou para quem mora no semiárido, em que sempre faltaram chuvas, mas agora também volta a faltar esperança?
Tenho tido essa conversa há muitos anos, com movimentos, partidos e líderes políticos que falam sobre sustentabilidade, clima e proteção ambiental. E, infelizmente, a mesma discussão precisa ser retomada. Embora algumas poucas iniciativas consigam chegar com informações relevantes para quem não está na “turma” dos ambientalistas, a maioria dos movimentos continua falando somente com os pares.
A dona Maria, o seu José, os adolescentes da periferia, os jovens do interior, todos estão excluídos de qualquer debate, e não porque ele não esteja acessível na mídia ou nas redes, mas porque o discurso usado é extremamente excludente.
Sim, o problema começa pelo discurso, pela opção de falar de termos difíceis, de mudar definições a todo o momento, em um movimento de se proteger de possíveis “invasores”. Pense nisso: crise climática, sustentabilidade, pegada ambiental, desenvolvimento regenerativo, gases de efeito estufa, créditos de carbono e uma infinidade de outros termos. Quem tem acesso às definições disso tudo?
Então, volto a dizer: não há resposta à crise climática sem que o discurso chegue a quem vive no planeta. E, se tem quase 8 bilhões de pessoas por aqui, não são alguns milhares em Glasgow ou nos Partidos Verdes pelo mundo que vão resolver o problema sozinhos.
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