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Fiocruz lança guia para mitigar impacto da covid em grupos vulneráveis

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou hoje (19), com apoio da Embaixada do Reino Unido, um guia com recomendações para mitigar os efeitos da pandemia da

Fiocruz lança guia para mitigar impacto da covid em grupos vulneráveis
Fiocruz lança guia para mitigar impacto da covid em grupos vulneráveis

Redação Publicado em 20/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h03


Guia foi elaborado por pesquisadores do Observatório Covid-19

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou hoje (19), com apoio da Embaixada do Reino Unido, um guia com recomendações para mitigar os efeitos da pandemia da covid-19 na população indígena, nas favelas e na desigualdade de gênero.Fiocruz lança guia para mitigar impacto da covid em grupos vulneráveisFiocruz lança guia para mitigar impacto da covid em grupos vulneráveis

O guia foi elaborado por pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fiocruz, que ressaltam  que “a pandemia tem mostrado de forma clara as grandes desigualdades que atingem a população brasileira em todos os níveis”.

Denominado “Ações e políticas públicas para conter a Covid-19 e seus impactos sociais”, o material é apresentado como “um guia para gestores públicos sobre melhores práticas e iniciativas baseadas em evidências para enfrentar a doença e seus efeitos nocivos sobre populações marginalizadas durante e após a pandemia”. As orientações podem ser acessadas na página da Fiocruz.

Povos indígenas

O lançamento foi realizado na data em que é comemorado o Dia do Índio, e alerta que a pandemia chegou aos povos indígenas em um momento “de fragilização da política de saúde indígena”.

“Agora há dois invasores contra os quais os indígenas precisam lutar: os de sempre, que querem tomar seus territórios e, muitas vezes, se apropriar de sua mão de obra, e o vírus”, diz o texto, que aponta subnotificação dos registros de mortes de indígenas por covid-19, já que, entre outros problemas, secretarias estaduais e municipais nem sempre informam a variável cor ou raça nos atendimentos e notificações.

A análise referente aos povos indígenas no guia é resultado de um trabalho desenvolvido pelas pesquisadoras Ana Lúcia Pontes e Daniela Alarcon, ambas da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).  Segundo dados do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena, até a sexta-feira (16), a covid-19 fez 1.038 vítimas nos povos indígenas, nos quais foram registrados mais de 52 mil casos.

Entre os motivos que aumentam a vulnerabilidade dessa população à covid-19 está o racismo, a invisibilidade e a elevada prevalência de desnutrição, anemia e doenças infecciosas como malária, tuberculose e hepatite B. Também têm sido mais frequentes nessa população doenças crônicas como hipertensão, diabetes e doenças renais. A falta de acesso a saneamento básico e o compartilhamento de objetos de uso pessoal agravam a situação, já que dificultam a adoção de medidas de prevenção nas aldeias.

Além dos óbitos, o guia destaca que os riscos impostos à população idosa faz com que boa parte das vítimas nas comunidades seja de anciãos, que têm um papel central na transmissão da cultura das tribos. “Nesse sentido, é como se a pandemia estivesse enterrando o passado desses povos junto com seus mortos, suas bibliotecas vivas. Suas mortes vão muito além da tragédia local e familiar”.

O guia traz 13 recomendações para reduzir a vulnerabilidade dos povos indígenas à pandemia. Entre elas estão melhorar a qualidade da vigilância da pandemia e a testagem; conter as invasões e proteger os povos isolados e de recente contato; e fortalecer a atenção primária nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).

O guia também pede que as autoridades ouçam os povos indígenas e suas lideranças. “Os conhecimentos locais são essenciais para identificar dificuldades e promover ações coordenadas que sejam eficientes localmente. Por isso, as comunidades, famílias e lideranças precisam participar  em todas as etapas do processo de formulação e implementação de qualquer ação de enfrentamento da doença”.

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Agência Brasil

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