Dia 2 de outubro é só em outubro

Dia 2 de outubro é só em outubro

Dizem por aí que o famoso filósofo Sêneca falou (e escreveu) esta frase: “Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças”. E, realmente, tentar antecipar o futuro é  um problema no qual a humanidade sempre se enroscou. Principalmente agora, em pleno século XXI, com todas as ideias de planejamento estratégico, de propósito de vida e de uma vontade insana de contar histórias que ainda não aconteceram.

Em tempos eleitorais, no Brasil, essa vontade de fazer o tempo passar mais rápido é maior ainda. Tem gente querendo ganhar logo, outros já sabendo que vão perder e não querem esperar até lá, mas uma coisa é certa: dia 2 de outubro ocorrerá exatamente após o dia 1° de outubro. Nem um dia antes, nem um dia depois. E muito menos em maio.

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Porque, nas conversas com candidatos, estrategistas de campanhas e torcedores de todos os #times, fica clara a ansiedade de conquistar públicos, fazer adversários desistirem, conseguir apoios, em uma ideia ensandecida de que tudo tem que estar pronto para amanhã.

E, de verdade, a gente sabe que não é assim. Grande parte dos eleitores nem se tocaram que tem eleição. Ou, se realmente já se tocaram, não têm a mínima ideia em quem vão votar. Talvez até já tenham uma intenção ou outra quanto ao voto para presidente, mas só vão decidir os outros cargos lá na frente.

Isso não quer dizer que quem trabalha com política (e principalmente com comunicação) não tenha que desenvolver muita coisa agora. Porém, tem que haver uma tranquilidade de entender que agora é hora do conhecimento, do contato e da aproximação. Não adianta achar que as redes sociais de candidatos a qualquer coisa têm que mostrar todos os argumentos de voto, nem que precisa ter conteúdos diários invadindo a timeline e até mesmo os aplicativos de mensagens de possíveis eleitores.

Entre os torcedores dos candidatos à Presidência, tem gente querendo que Ciro desista, que transfira os votos para Lula, que as pesquisas fiquem repetindo até lá os dados que mostram agora. Mas a gente também sabe que não é desta forma que as coisas ocorrem. E nada melhor para os que torcem pelo #timeLula que Ciro continue existindo nas pesquisas, levando um pouco menos de 10% das intenções, para que lá na frente, duas ou três semanas antes da eleição, os votos sejam transferidos e antecipem o segundo turno para o primeiro.

E isso aconteceu com a desistência de Dória. Sem ele, os torcedores do #timeBolsonaro podem ficar muito preocupados, porque o teto do presidente fica evidente, já que pouca coisa de Ciro iria para Bolsonaro.

De qualquer forma, tudo a seu tempo. Porque, no final das contas, só vamos saber sobre 2 de outubro em 2 de outubro.

Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social

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