Polêmica!

VÍDEO: assista na íntegra a reunião de Bolsonaro sobre tentativa de golpe

Alexandre de Moraes tirou o sigilo e tornou pública a íntegra da gravação, nesta sexta-feira (9)

O vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid - Imagem: reprodução YouTube

Redação Publicado em 09/02/2024, às 14h02

Nesta sexta-feira (9), Alexandre de Moraes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), tirou o sigilo e tornou pública a íntegra da gravação da reunião sobre uma "dinâmica golpista" entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ministros, encontrada no computador do tenente-coronel Mauro Cid.

O vídeo da reunião de 1 horas e 33 minutos realizada no dia 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, foi considerado mais uma prova para embasar a operação realizada na última quinta-feira (8), que mira a organização criminosa que atuou para tentar realizar um golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023.

Na reunião da alta cúpula do governo Bolsonaro, o ex-presidente acusou - sem provas - o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, atual presidente da Suprema Corte, de intervir contra a volta do voto impresso - abertamente defendido pelo político.

Em seguida, ele alegou ainda que as supostas fraudes estariam acontecendo em todo sistema eleitoral do Brasil e não apenas na votação para a Presidência da República, na qual ele estava participando à época.

Alguém tem dúvida do que vai acontecer no dia 2 de outubro? Qual é o resultado que vai estar lá às 10 da noite na televisão? Alguém tem dúvida disso? Dai vai entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal… Vai para put* que pariu, porra. Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe, ninguém quer botar tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo. Nós estamos vendo o que está acontecendo, vamos esperar o que?", diz Bolsonaro por volta do minuto 38 da reunião.

Após isso, por volta do minuto 54,  o ex-presidente volta a falar sobre um possível golpe: "A gente vê o que está acontecendo. Está na nossa cara. A guerra de papel e caneta, a gente não vai ganhar essa guerra. A gente tem que ser mais contundente, como eu vou começar a ser com os embaixadores. Por que se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou".

Em outra declaração, ainda na mesma conversa, Bolsonaro chega a afirmar que uma reação por parte de seu grupo político após o resultado do pleito geraria "um caos no Brasil". A ação, assim como defende o político, deveria ser tomada antes do fim das eleições.

Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", diz.

Em seguida, ainda atacando o sistema eleitoral brasileiro, ele continua dizendo aos ministos que é preciso "fazer algo" para impedir que o resultado das eleições fugisse do controle e agrado dele e de seus aliados.

Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto impresso e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que… eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes", reafima o então presidente.

Em outro momento mais adiante do vídeo, Bolsonaro comenta sobre uma outra reunião que teria com "metade dos embaixadores", e que, na semana seguinte falaria com "a outra metade", bem como autoridades do Judiciário, para mostrar o que, segundo ele, "estaria acontecendo".

Bolsonaro, então, cita novamente uma possível fraude eleitoral e levanta suspeitas sobre a atuação dos ministros do STF Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes:"Os caras estão preparando tudo para o Lula ganhar no primeiro turno, na fraude".

A reunião contou com a participação de vários ministros, que chegaram a ser investigados posteriormente, tais como Anderson Torres (Justiça); Augusto Heleno (chefe do Gabinete de Segurança Institucional - GSI); Paulo Sérgio Nogueira (Defesa); Mário Fernandes (chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República); e Walter Braga Netto (Ministro Chefe da Casa Civil e futuro candidato a vice-presidente da República).

Assista a íntegra da reunião:

O que diz o Supremo Tribunal Federal (STF)

De acordo com o UOL, Alexandre de Moraes afirma que a reunião "nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte". E acrescenta que todos os participantes ajudaram a espalhar mentiras no período eleitoral sobre o então candidato Lula (PT), o TSE e os ministros do STF.

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