Diário de São Paulo
Siga-nos
Bastidores do Poder

Passagem da família Bolsonaro pelo Alvorada foi marcada por brigas, ameaças, assédio e suspeitas; saiba tudo

Um pastor chamado de "capeta", primeira-dama temperamental, presidente arrombando adega e confusões típicas de folhetim. Este era o clima na residência oficial do presidente Jair Bolsonaro

Michelle e Bolsonaro protagonizaram os principais "barracos" no Palácio Alvorada - Imagem: reprodução/Facebook
Michelle e Bolsonaro protagonizaram os principais "barracos" no Palácio Alvorada - Imagem: reprodução/Facebook

Jair Viana Publicado em 04/02/2023, às 17h05


Os bastidores do Palácio Alvorada, residência oficial do presidentente da República, na gestão de Jair Bolsonaro (PL) mostram um convívio difícil, nao só entre o casal de inquilinos, mas uma situação grave que se estendia até o relacionamento com cerca de duzentos funcionários que cuidam daquela casa que tem mais de sete mil quadrados de construção.

O que chama atenção na relação com funcionários é o poder dado a um pastor, amigo do casal presidencial e que fazia o que bem entendia na governaça do Palácio. Grosserias com trabalhadores, ameaças e intimidações eram comuns, segundo relatos obtidos pelo portal Metrópoles.

Os gritos e ameças de agressão entre a ex-primeira dama, Mihelle Bolsonaro e seus enteados, especialmente Carlos e Jair Renan são coisas da "Uma Grande Família".

De acordo com a reportagem, há relatos que apontam que Jair Renan levava para sua casa alimentos do palácio comprados com dinheiro público. Tanto Renan quanto Carlos Bolsonaro tiveram momentos em que só não agrediram Michelle porque seguranças evitaram.

A situação na caso do então presidente era tão embaraçosa, que nem ele mesmo mandava. Michelle chegou a proibir Bolsonaro de entrar na adega. Ela mandou trancar o local. Bolsonaro, diante de um convidado a quem queria dar um vinho, literalmente enfiou o pé na porta, arrombando, entrando e dando o mimo ao visitante.

A casa era mesmo bagunçada, segundo dizem os funcionários. Uma funcionária, por exemplo, só soube da morte de um parente ao final do dia, quando terminou seu expediente. Eles eram proibidos de usar o celular durante o turno de trabalho.

Os "barracos" ganharam tanta notoriedade entre funcionários, que, segundo revela o Metrópoles, são mais espantosos que os já conhecidos estragos físicos do Palácio Alvorada, deixados para trás, nos quatro anos em que esteve à disposição de Jair e Michelle Bolsonaro.

O portal revela que o prédio projetado por Oscar Niemeyer para ser a principal residência da Presidência da República do Brasil foi lugar de confusões barulhentas, assédio moral a funcionários e de transações financeiras pouco usuais que vão ao encontro das suspeitas de caixa 2 reveladas há duas semanas pela coluna e que, neste momento, estão sob investigação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Há na reportagem relatos de quem viveu o cotidiano do palácio nos últimos anos. Revela ainda documentos e outros registros inéditos, como gravações e mensagens de WhatsApp, com segredos do período em que a residência oficial foi ocupada pelos Bolsonaro e escancaram a diferença entre postura pública do ex-casal presidencial e o comportamento adotado longe dos holofotes, por detrás das vidraças do Alvorada.

Foram entrevistados vários funcionários do palácio, incluindo militares. Alguns deles aceitaram gravar depoimentos, desde que não tivessem suas identidades reveladas. Outros concordaram apenas em contar o que viram, sob absoluto anonimato.

Do mais alto escalão, que compreende o restrito staff que servia à família até, literalmente, os funcionários que cuidam dos gramados onde passeiam as emas, era possível ouvir histórias de um lado do poder que destoa por completo daquele que o público estava acostumado a ver.

O caso do pastor evangélico, Francisco de Assis Castelo Branco, o Chico, amigo de Michelle, presenteado com o cargo de administrador do palácio que esculhambava os subordinados e ameaçava até suspender o lanche de quem ousasse questioná-lo, segundo ele mesmo disse em uma reunião gravada às escondidas, tudo tinha o consentimento da então primeira-dama.

Michelle, segundo a reportagem, com alguma frequência, protagonizava brigas colossais com Carlos e Jair Renan, os filhos 02 e 04 de Jair Bolsonaro. "Numa dessas confusões, na frente dos empregados, o 04 precisou ser contido pelo pescoço por um segurança", diz o texto.

Já nos derradeiros dias do governo, funcionários (somente do alto escalão) da confiança de Bolsonaro e de Michelle levaram embora caixas e mais caixas de picanha, camarão e bacalhau comprados com dinheiro público que estavam na câmara frigorífica do palácio.

O poder do pastor Chico era tamanho, que nos últimos dias de 2022, moedas jogadas por turistas no espelho d’água que enfeita a entrada do Alvorada foram “pescadas” e carregadas pelo “síndico” do palácio, também com autorização de Michelle – supostamente para serem doadas a uma igreja.

Ocorreram episódios quase pitorescos. Outros muito graves e até gravíssimos. Alguns funcionários contam como era o fluxo de dinheiro vivo entre o Palácio do Planalto e o Alvorada para cobrir as despesas privadas da primeira-dama e de seus familiares.

A circulação de dinheiro tinha certa regularidade, sendo que várias vezes no mesmo mês, a equipe que assessorava Michelle recebia ordem para passar no Planalto e pegar os recursos, sempre em espécie, das mãos do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, que era o ajudante de ordens de Bolsonaro.

Cid, foi o pivô da queda do comandante do Exército, e hoje é investigado, sob acusação de gerenciar o caixa 2 do palácio com verbas que tinham como origem, inclusive, saques feitos na boca do caixa com cartões corporativos do governo. O dinheiro era destinado para fins particulares de Michelle.

Segundo a reportgem do Metrópoles, "mensagens obtidas com exclusividade pela coluna mostram que bastava um pedido de Michelle para que Cid autorizasse os assessores da primeira-dama a retirarem o dinheiro, no Planalto, com algum dos militares que integravam seu time na ajudância de ordens do então presidente da República. Também era ele quem providenciava depósitos, igualmente em dinheiro vivo, na conta pessoal da mulher de Jair Bolsonaro".

Outro detalhe que envolve dinheiro: Michelle, então primeira-dama do Brasil, recebia envelopes de dinheiro enviados por Rosimary Cardoso Cordeiro, sua amiga íntima, que teve seu salário, de assessora no gabinete de um senador governista, quase triplicado, já em 2019, primeiro ano do governo de Bolsonaro.

A movimentação dessa dinheirama é vista como indícios que serão investigados no inquértito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), apontando para mais uma “rachadinha” no ex-clã presidencial.

A reportagem reúne áudios e outros registros que comprovam que assessores de Michelle no Palácio da Alvorada tinham a tarefa de pegar com Rosi, fosse no prédio dela, no Riacho Fundo, região administrativa do DF, ou em um ponto de encontro entre o Planalto e o Congresso Nacional, os envelopes sempre bem recheados de notas de Real.

Diante do público externo, a ex-primeira-dama mostrava sempre simpática e sorridente. Quem convivia com ela na intimidade do Alvorada relata uma rotina bem diferente, cheia de surpresas.

Para se ter uma ideia da diferença da Michelle em público e a primeira-dama no Palácio, funconários descrevem uma mulher temperamental, de humores que mudavam de repente.

Michelle costumava destratar a equipe de funcionários escalada para auxiliá-la. Há relatos de assessoras que chegaram a pedir para deixar o trabalho, com queixa sobre a maneira como eram tratadas pela mulher do então presidente.

Segundo esses ralatos, uma das assessoras cogitou processar a então primeira-dama por assédio. Desistiu por entender que não teria força para levar adiante uma briga judicial contra alguém com o poder de Michelle.

O trato difícil de Michelle, não se resumia ao seu staff mais próximo. A coisa se estendia à relação de trabalho dentro do Palácio, envovendo aquelas pessoas mais simples, como jardineiros e funcionários da limpeza. O clima era tenso, segundo eles.

O Palácio Alvorada está em terreno que equivale a cerca de 50 campos de futebol, à beira do Lago Paranoá. De área construída, o edifício tem 7 mil metros quadrados, distribuídos em três pavimentos.

Para atender a demanda da residência oficial do mandatário, a equipe é formada por uma tropa de 200 de empregados, civis e militares. São equipes que se dividem nas tarefas. Há os que cuidam do atendimento mais direto ao casal presidencial, como maître, garçons, cozinheiros, camareiros, motoristas e os que se ocupam dos serviços de manutenção do prédio e dos jardins.

Foi a partir de fevereiro de 2021, que a governança do Palácio passou para as mãos do pastor Francisco de Assis Castelo Branco, tratado entre servidores como "Pastor Capeta".

Muito próximo da família Bolsonaro, desde os tempos em que Michelle e o presidente moravam no Rio, Chico, como era chamado na intimidade, é marido de Elizângela Castelo Branco, intérprete de Libras que é amiga íntima da ex-primeira-dama.

Logo após vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018, Chico e Elizângela se mudaram para Brasília e ele foi empregado no governo. Francisco, nomeado logo de cara para um um cargo no Planalto e recebia um salário de R$ 5,6 mil.

Tansferido para o Alvorada, Chico passou a ganhar quase o dobro. Como coordenador do Palácio, ganhou dos empregados o apelido de “pastor-capeta”. O codinome se devia ao rigor e deselegância com que tratava os empregados. A fama de mau, contam os funcionários, surgiu pela maneira como tratava com empregados e às recorrentes demissões que provocou.

Houve o caso de gente que foi demitida por ele porque levou para casa algumas mangas do pomar do palácio. “Ele assediava as pessoas e ameaçava de demissão o tempo todo. E dizia que a primeira-dama tinha conhecimento de tudo e autorizava essa postura”, disse um dos funcionários que aceitaram dar entrevista ao Metrópoles.

No ano passado, um episódio envolvendo o tal pastor casou indignação de todos os funcionários. Chico convocou uma reunião com os empregados da empreiteira contratada para cuidar da jardinagem do Alvorada. Ele queria chamar a atenção de funcionários que haviam se queixado, porque estavam sendo obrigados a limpar um banheiro de serviço. Por serem contratados para cuidar do jardim, eles alegavam que estavam em desvio de função. Sobrou para todos.

BAIXOU NÍVEL

Durante 25 minutos de fala, o pastor Francisco teria dito com todas a letras e palavras: “Quem não pode limpar o banheiro não pode nem cagar. Caga no mato, então, caga em casa. Entendeu? Usa aquela bolsa. Porque é sacanagem isso”, reclamou.

Chico ainda ameaçou a cortar o lanche que era oferecido diariamente ao grupo. "O pastor ainda explicou, do seu modo, sem papas na língua, por que empregados da Novacap, a companhia urbanizadora de Brasília, haviam sido cortados do Alvorada: além de “velhos”, disse, eram “preguiçosos”, diz trecho da reportagem.

A reclamação sobre a forma de tratamento do pastor com funcionários, não se restringe aos do segundo escalão. “Ele destratava os empregados, especialmente os mais humildes”, diz um militar que lidava com frequência com o pastor. Chico não era bem visto entre os funcionários.

Turistas que visitam o Palácio Alvorada jogam moedas no espelho d’água que decora a frente do palácio presidencial. É uma tradição, segundo a qual, quem faz o gesto, traz sorte para si. Alguns dias antes dos Bolsonaro deixarem o Palácio, os funcionários receberam uma ordem para esvaziar a fonte e juntar moedas que eram jogadas ali. O pastor Francisco tomou a frente. Disse que o pedido havia sido feito por Michelle Bolsonaro.

A “pescaria” rendeu um balde cheio – ninguém sabe quanto havia. Funcionários dizem que Francisco levou as moedas embora, dizendo que seriam doadas para uma igreja.

“Se ele doou ou não, não sei, mas ele falou que era a mando da Michelle”, relata um empregado do Palácio. O pastor Chico tentou permanecer na administração do Palácio com Lula e Janja. Não conseguiu. Foi exonerado no último dia 5 de janeiro.

MEDO

Apesar da fama de durão, Bolsonaro não era temido entre dos funcionários do Palácio. Eles tinham medo da então primeira-dama. Muitas vezes, dentro da residência, aquele personagem autoritário e machista, que era conhecido do público, assumia outra versão. Era um marido obediente, sujeito às ordens da esposa. Era até resignado. Era quase sempre assim. Mas havia exceções, e o capitão bravo, às vezes ressurgia.

BARRADO 

O filho de Bolsonaro, Carlos, chegou ao Palácio acompanhado de sua escolta e foi impedido de entrar. Ordens de Michelle. A ordem causou um barulhento bate-boca entre ele e o pastor Francisco Castelo Branco, encarregado pela então primeira-dama de fazer valer a proibição. Carlos ainda tentou insistir, mas não houve jeito. Chorando e gritando pelo estacionamento do Palácio, ele foi obrigado a deixar o local.

Bolsonaro, que durante a briga de Carlos com Chico estava se preparando para o debate com Lula, o último na TV Globo, foi avisado da confusão. Mesmo bravo com a situação, o presidente não conseguiu resolver nada. Não afrontou a ordem da esposa. Dizem que naquele dia ele foi muito nervoso para o debate.

Bolsonaro, segundo dizem os funcionários entrevistados, por vezes se queixava do tratamento que a esposa Michelle dava a Carlos e Jair Renan.

Ele se abria com funcionários, com os quais tomava café com frequência. Segundo esses funcipnários, o então presidente dizia que seus filhos eram proibidos de ir ao Palácio, mas a família de Michelle usava o Alvorada como extensão da própria casa.

“Ele reclamava dizendo que, principalmente nos finais de semana, a Ceilândia estava em peso lá. E isso era verdade”, diz um funcionário. “A Ceilândia” era a maneira como Bolsonaro se referia aos parentes de Michelle que moram na região administrativa do DF.

CESTA RENAN

Jair Renan, filho 04 de Bolsonaro, também usufruia da mordomia da despensa do Palácio. Enquanto morou no apartamento que o pai mantém no Sudoeste, bairro nobre da capital, ele, além de passar com frequência no depósito de alimentos do Alvorada para pegar itens e abastecer a própria despensa, também era servido, diariamente, com comida fresca preparada na cozinha do palácio que os motoristas da Presidência entregavam, usando carros oficiais.

A coisa complicou quando funcionários "envenenaram" a então primeira-dama, dizendo que o pupilo de Bolsonaro estava levando comida para sua mãe, Ana Cristina Valle, sua inimiga mortal. Este fato foi o pivô de uma briga entre Michelle e Renan

RACHADINHA

A reportagem mostra que Michelle Bolsonaro usava um cartão de crédito adicional de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de mais de 15 anos que conheceu quando ambas trabalhavam em gabinetes da Câmara dos Deputados.

A Polícia Federal investiga, sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o fato de as faturas do cartão corporativo de Rosimary serem pagas com dinheiro em espécie administrado pelo tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ajudante de ordens do presidente.

Os policiais querem saber: por que a primeira-dama usava um cartão de uma terceira pessoa? E por que os boletos eram pagos sempre em espécie pelo militar suspeito de administrar uma espécie de caixa 2 dentro da Presidência em que se misturavam recursos públicos e privados, inclusive de saques de cartões corporativos oficiais?

Uma das pistas que levam os agentes federais a suspeitar de algo errado está ligado ao aumento do rendimento mensal de Rosi. Ela ganhava próximo de R$ 6 mil e em pouco tempo seu salário chegou a R$ 17 mil.

Esse aumento de salário da amiga da então primeira-dama coincide com a movimentação suspeita de dinheiro vivo para pagar contas particulares de Michelle Bolsonaro.

CID NA MIRA

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, home de sua confiança, Tenente-coronel Cid é a bola da vez na Polícia Federal. As investigações ligam suas transações financeiras com dinheiro em espécie no gabinete de Jair Bolsonaro à Michelle, tida como uma espécie de cliente vip dos serviços do militar.

Mensagens e outros documentos mostram que quando Michelle precisava de dinheiro, mandava que seus auxiliares fossem ao Planalto para buscar dinheiro com Cid. As operações eram quase sempre com recursos em espécie. Dinheiro vivo.

Havia uma equipe da extrema confiança do tenente-coronel, formada por outros três oficiais. Eles estavam sempre de prontidão e em condições de atender, seja para fazer depósitos solicitados por Michelle, seja para entregar valores que eram usados pelos próprios auxiliares da então primeira-dama para pagar boletos e outras despesas de ordem particular, dela ou de familiares.

Uma das despesas regulares pagas dessa forma era a mensalidade do curso de arquitetura de uma meia-irmã da primeira-dama, Geovanna Kathleen.

Michelle costumava pedir para Cid entregar a seus auxiliares recursos que iam parar nas mãos de seus parentes. Tudo isso era conversado, na maioria das vezes, por meio de mensagens do aplicativo WhatsApp, o que vem facilitando o trabalho dos investigadores a serviço de Alexandre de Moraes.

Na nuvem de dados de Cid há um muitas mensagens que vão ajudar a PF. Uma dessas mensagens é de um assessor de Michelle que diz ao militar que “dona Michelle” havia pedido para “fazer um saque” para pagar um boleto R$ 584,60. A resposta de Cid imediata “Só peça o dinheiro a mando dela!!!”. “Eu estou indo pra rua agora qualquer coisa eu passo no Planalto e pego”, escreve na sequência o assessor de Michelle.

Segundo o que se apurou até agora, algumas vezes os valores pedidos eram maiores. No dia 11 de janeiro de 2021, um assessor do Alvorada diz a Cid que Michelle pediu para transferir R$ 3 mil para a conta dela.

OUTRO LADO

O Diário de S. Paulo tentou contato com os envolvidos, mas até o fechamento desta reportagem não havia retorno. Em caso de manifestação, o texto será atualizado.

Resposta de Michelle Bolsonaro

A ex-primeira dama respondeu a acusação de suposto caixa 2 e uso de cartão corporativo de uma amiga. Michelle usou uma rede social para dizer que tem arquivados todos comprovantes de compras pessoais que fez durante os quatro anos do governo de seu marido, Jair Bolsonaro (PL).

Na mensagem, ela observa que só não tem recibo "...da troca de silicone porque meu médico não cobrou", diz.

Compartilhe