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Pesquisa mostra que 72% dos brasileiros se automedicam

A expansão do alcance da internet no Brasil tem produzido uma espécie de efeito colateral perigoso. Cresce, junto, a mania nacional de tomar remédio sem

Pesquisa mostra que 72% dos brasileiros se automedicam
Pesquisa mostra que 72% dos brasileiros se automedicam

Redação Publicado em 15/10/2016, às 00h00 - Atualizado às 09h29


Belém do Pará é onde as pessoas mais tomam remédio por conta própria.
E desses que se automedicam, 40% pesquisam remédios na internet.

A expansão do alcance da internet no Brasil tem produzido uma espécie de efeito colateral perigoso. Cresce, junto, a mania nacional de tomar remédio sem consultar médico nenhum.

Uns dizem: depende!

“Se é um remédio que é permitido por lei que você tome, sim”.

Outros dizem: de jeito nenhum!

“Não. Só com receita”.

E tem gente que assume: toma remédio sem receita, sim!

“Eu mesmo sugiro para as pessoas”.

No ranking nacional da automedicação, a primeira colocada é a capital do Pará, com números impressionantes: 94% das pessoas ouvidas em Belém se automedicam.
Os motivos?

“Até ir no médico, ainda mais do SUS, espera lá, aquele negócio todo”.

“Uma pilulazinha, acho que não faz mal, né”?

Um remedinho para dor de cabeça. Um comprimido para a febre. Uma cartelinha para dor de estomago.

Nesse tipo de receituário sem critério, qualquer um pode assinar: um amigo, um vizinho, um colega. Até a internet.

Quando os primeiros sintomas aparecem, 40% dos brasileiros que se automedicam vão buscar conselhos online.

O Anderson estava trabalhando outro dia no salão quando começou a sentir tonturas. Largou a tesoura e entrou na internet. Foi pesquisar.

“Todo mundo falando que era labirintite. Fui atrás de um remédio, pesquisei, vi qual era o remédio mais usado, comprei”, diz o cabeleireiro Anderson Andrade.

Repórter: Não foi ao médico?
Anderson : Não.
Repórter: Se uma cliente sua falasse que ia cortar o cabelo em casa sozinha, que não precisa mais de cabeleireiro, o que você falaria pra ela?
Anderson: Ah não! Não faça isso! Não faça isso!

“Eu acho que a primeira coisa que o Anderson tem que fazer é procurar uma avaliação médica. Você acha que o seu problema vai ser tratado com remédio X e na verdade é para ser tratado com remédio Y. Então você vai se submeter aos efeitos colaterais, às toxicidades de um remédio que ainda por cima não vai nem resolver o seu problema”, explica o clínico Sérgio Ribeiro Filho.

“Remédio é droga, né? Eu sei lá. Não entendo, sou leiga, sei lá o que vai ter. Efeito colateral, não dá, né? A essa altura eu já aprendi que não devo”, afirma a aposentada Cristina Dutra.

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