Especialistas informam como prevenir a doença e outros cuidados necessários
Mateus Omena Publicado em 23/02/2023, às 12h45
Uma menina de apenas 7 anos deixou os médicos espantados ao ser diagnosticada com câncer de mama, um caso raro para sua idade.
O episódio aconteceu em janeiro, em Quillota, no Chile. A criança, identificada como Maura, foi encaminhada ao hospital após sentir os típicos sintomas da doença em mulheres adultas, contou a mãe, Patrícia Muñoz, ao programa chileno “24 Horas”.
“Um dia eu estava dando banho nela e, depois de secar e passar creme, notei que ela tinha um [caroço semelhante a um] ‘feijãozinho’ embaixo do mamilo”.
Preocupada, a mulher decidiu buscar a ajuda de um especialista para confirar suas suspeitas.
“Aí o médico me afirmou que o que a Maura tinha não era normal, que se eu esperasse muito iria crescer, mas ele nunca me disse que poderia chegar a isso. Isso foi em agosto e em setembro descobrimos que Maura tinha câncer [de mama]”, contou Patrícia.
De acordo com o relato da família, a pequena Maura foi submetida a uma cirurgia de retirada da mama com o objetivo de evitar o espalhamento da doença para outras partes do organismo.
Depois da operação, os pais aguardam o resultado dos exames que avaliaram a possibilidade de metástase.
Mesmo assim, o raro diagnóstico na criança ganhou ampla repercussão em muitos países, preocupando tanto especialistas, quanto pessoas comuns.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).
As crianças e adolescentes também podem desenvolver neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).
No Brasil, o câncer já configura a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, segundo um estudo do instituto.
Em entrevista à CNN, o médico mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital do Câncer III do Inca, confirmou que o desenvolvimento de câncer de mama é bastante raro em crianças e adolescentes.
“O surgimento do câncer de mama na infância é raríssimo, algo em torno de 0,0001% da incidência total da doença em mulheres, entretanto é importante salientar que para as crianças que foram tratados com radiação na região do tórax para a outras doenças como o linfoma de Hodgkin na infância, o risco de desenvolver um câncer de mama pode chegar a 1,5% em um intervalo de tempo que pode variar entre 2 a 17 anos após a radiação sendo que, em geral, esse período de tempo é superior a 10 anos”.
E acrescentou: “Câncer de mama é algo muito raro em crianças. Mesmo em adolescentes, época em que há grandes alterações hormonais, a incidência é extremamente baixa”, complementa a médica oncologista Andrea Shimada, do Hospital Sírio-Libanês. “Não há indicação de exames de acompanhamento e rastreio nesta idade. Esse caso específico foi algo extremamente raro. É importante sim conhecer a anatomia e o corpo e entender que, qualquer alteração nova e mantida, deve ser avaliada por um médico e caberá a este, definir melhor método de investigação”.
Segundo o especialista, o sintoma mais comum do câncer de mama é o surgimento de caroço (chamado de nódulo) no seio, que pode ser acompanhado ou não de dor. Ele está presente em mais de 90% dos casos da doença.
“Aos 7 anos de idade a mama ainda é infantil com quantidade de tecido mamário ainda é muito pequena, sendo que o broto mamário normalmente começa a se desenvolver a partir dos 8 anos. Os sinais mais comuns seriam os nódulos ou espessamentos na mama na região central – atrás do mamilo ou ao redor deste, que pode ser doloroso ou não.
De acordo com o levantamento do Inca, somente alguns caroços estão associados a um quadro de câncer de mama. Mesmo assim, todo paciente que tiver suspeitas deve consultar um profissional de saúde para análise.
“A enorme maioria destes casos são de tumores benignos. Porém, ao se perceber alguma alteração deve-se procurar avaliação medica e exames de imagem como a ultrassonografia devem ser realizados. Em face de uma lesão suspeita, uma biópsia deve ser realizada para confirmar ou afastar a malignidade da lesão”.
Em mulheres mais jovens, qualquer caroço que persista por mais de um ciclo menstrual deve ser investigado por um profissional.
No caso das mulheres com mais de 50 anos, todo caroço na mama deve ser investigado.
A mamografia de rastreamento é indicada para mulheres de 50 a 69 anos de idade, uma vez a cada dois anos, recomenda o Ministério da Saúde.
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