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Mais de 130 pessoas com Covid-19 morreram à espera de leito de UTI em SP; menino de 3 anos e jovem de 25 estão entre as vítimas

Ao menos 135 pessoas com Covid-19 ou suspeita da doença não resistiram à espera por um leito de UTI e morreram até esta sexta-feira (19) no estado de São

São Paulo
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Redação Publicado em 20/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h49


Franco da Rocha e Taboão da Serra, na Grande São Paulo, registram maiores números de mortos, com 15 cada uma. A demanda de transferências para casos de Covid-19 registradas na Cross cresceu 117% em comparação ao primeiro pico da pandemia, em junho do ano passado.

Ao menos 135 pessoas com Covid-19 ou suspeita da doença não resistiram à espera por um leito de UTI e morreram até esta sexta-feira (19) no estado de São Paulo. O levantamento é do G1, da TV Globo e da GloboNews.

Entre as vítimas, há um menino de três anos e uma jovem de 25, sem doenças prévias, no interior do estado. As cidades com maior registro de mortes na fila estão na Grande São Paulo, Taboão da Serra e Franco da Rocha, com 15 cada uma.

Os pacientes estavam cadastrados no sistema de regulação de transferências do estado, mas não resistiram até chegar a vaga, de acordo com a Secretaria da Saúde.

A ocupação geral de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas redes pública e privada está em 91,4% no estado e em 91,6% na Grande São Paulo nesta sexta. O número total de pacientes internados no estado é de 27.527, sendo 11.738 em UTIs e 15.789 em enfermaria. Esse valor é 77% maior que o total de pacientes internados no dia 27 de fevereiro, quando o estado bateu o recorde de pacientes internados pela primeira vez.

Em nota, a pasta afirmou que a rede de saúde está impactada com o aumento de casos e internações.

“O governo de SP tem investido na ampliação de leitos e somente neste mês anunciou a abertura de mais de 1 mil leitos e 12 hospitais de campanha. Até abril, o estado terá mais de 9,2 mil leitos de UTI, contra 3,5 mil antes da pandemia. Ainda assim, é importante que a população respeite a Fase Emergencial do Plano São Paulo, use máscaras, respeite o distanciamento social e fique em casa”, diz a nota.

Veja abaixo as cidades que tiveram mortes de pacientes na fila por vagas na UTI:

  • Araçatuba: 4
  • Campo Limpo Paulista: 1
  • Alumínio: 1
  • Cerqueira César: 3
  • São Miguel Arcanjo: 1
  • Franco da Rocha: 15 mortes
  • Taboão da Serra: 15 mortes
  • Ribeirão Pires: 10 mortes
  • Bauru: 7 mortes
  • Buri: 7 mortes
  • Mauá: 3 mortes
  • Nova Granada: 5 mortes
  • Dracena: 4 mortes
  • Sumaré: 3 mortes
  • Urânia: 3 mortes
  • Fernandópolis: 3 mortes
  • Francisco Morato: 7 mortes
  • Diadema: 2 mortes
  • Rio Grande da Serra: 3
  • São Carlos: 2 mortes
  • Tabapuã: 1 morte
  • Irapuã: 1 morte
  • Ribeirão Bonito: 1 morte
  • General Salgado: 1 morte
  • Itapetininga: 2 mortes
  • Angatuba: 1 morte
  • Itaberá: 1 morte
  • Capital: 1 morte
  • Vargem Grande Paulista: 1
  • Nhandera: 1 morte
  • Cabreúva: 1 morte
  • Itajobi: 1 morte
  • Joanópolis: 1 morte
  • Santa Adélia: 3 mortes
  • Guareí: 1
  • Ibaté: 1
  • Alto Tietê: 1
  • Caieiras: 9
  • Jandira: 4
  • Poá: 2
  • Itapecerica da Serra: 1

A demanda de transferências para casos de Covid-19 registradas na Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) cresceu 117% em comparação ao primeiro pico da pandemia: atualmente, são 1,5 mil pedidos por dia, contra 690 em junho de 2020, quando foi o auge da primeira onda. Já houve mais de 180,3 mil regulações desde março do ano passado.

A regulação depende da disponibilidade de leitos e de condição clínica adequada para que o paciente seja deslocado com segurança até o hospital de destino.

Nem sempre é possível fazer a transferência de um paciente para um leito, de acordo com o gerente médico da Cross, Domingos Guilherme Napoli.

“O sistema é uma possibilidade de conseguir o recurso. A Cross só faz essa intermediação entre onde está o recurso e onde podemos por o paciente conforme a viabilidade, a necessidade e a possibilidade de transporte”, afirmou.

Na capital paulista, um paciente morreu à espera de leitos. Renan Andrade, de 22 anos, morreu de Covid-19 na Zona Leste da capital no sábado (13). Ele foi atendido na UPA de São Matheus e precisava de um leito de UTI, mas não conseguiu uma maca para transferência específica para obesos e teve de ficar em uma cadeira de rodas.

Ele chegou no pronto-atendimento na quinta-feira (11) com falta de ar e teste positivo para Covid-19. Na sexta-feira (12), Renan entrou para a lista de espera por um leito, como o SP1 apurou. No sábado (13), teve uma piora do quadro respiratório e a UPA pediu urgência na remoção no sistema de regulação do estado.

Enquanto isso, a unidade de saúde conseguiu um ventilador mecânico disponível em outra unidade. Renan foi entubado, mas não resistiu a uma parada cardiorrespiratória e morreu às 17h19 de sábado (13). Dezenove minutos depois, surgiu uma vaga no Hospital Barradas.

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou na terça-feira (16) que ao menos 15 hospitais da rede privada solicitaram 30 leitos ao estado porque estão sem vagas e há uma fila de pacientes com Covid-19 aguardando leitos.

Renan Ribeiro Cardoso morreu de Covid, aos 22 anos, esperando por leito de UTI em SP — Foto: Arquivo Pessoal

Renan Ribeiro Cardoso morreu de Covid, aos 22 anos, esperando por leito de UTI em SP — Foto: Arquivo Pessoal

Homem de 60 anos morre na fila de UTI

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Paciente com Covid fez peregrinação por hospitais municipais da capital para conseguir internação

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Fonte: G1 – Globo.

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