Pacientes com diabetes tipo 1 voltam a produzir insulina após transplante experimental
Sabrina Oliveira Publicado em 05/10/2024, às 09h27
Uma nova era no tratamento da diabetes tipo 1 pode estar se aproximando, graças a um procedimento pioneiro realizado por cientistas chineses. A técnica, que utiliza células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), conseguiu reverter a doença em uma paciente de 25 anos, devolvendo a ela a capacidade de produzir insulina naturalmente, sem a necessidade de injeções diárias.
O estudo foi liderado pelo professor Deng Hongkui, da Universidade de Pequim, e publicado na renomada revista científica Cell. O experimento trouxe resultados promissores, não apenas para a paciente, mas também para outros dois participantes que passaram pelo mesmo procedimento.
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, na qual o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina — o hormônio que regula os níveis de glicose no sangue. Até então, o tratamento da doença se baseava exclusivamente no uso contínuo de insulina sintética, administrada por meio de injeções ou bombas de insulina.
No entanto, o procedimento desenvolvido pela equipe de Deng utiliza células-tronco reprogramadas em laboratório para atuar como células beta, restaurando a função pancreática nos pacientes. No caso da jovem chinesa, as células foram implantadas diretamente em seus músculos abdominais, e, em menos de três meses, ela voltou a produzir insulina por conta própria.
Este avanço abre um caminho totalmente novo para o tratamento da diabetes tipo 1, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. “Se essa técnica for amplamente replicada com sucesso, podemos estar diante de uma verdadeira revolução no manejo da diabetes,” afirmou Deng em entrevista após a publicação dos resultados.
A equipe de pesquisadores já está planejando expandir o estudo para um grupo maior de pacientes, com a intenção de testar a eficácia e segurança do procedimento em até 20 pessoas até o final do ano. Os resultados obtidos até agora, segundo os cientistas, são animadores, mas eles alertam que mais testes são necessários antes de considerar a técnica como uma solução definitiva.
Outro aspecto importante é que esse tratamento foi testado apenas para a diabetes tipo 1, que representa cerca de 10% dos casos globais da doença. Para a diabetes tipo 2, que envolve tanto a resistência à insulina quanto a deficiência na produção do hormônio, ainda não há estudos que indiquem a eficácia dessa técnica.
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